Cinco pessoas são condenadas por tráfico internacional de drogas na maior apreensão de cocaína registrada no litoral brasileiro

Barco com 3,62 toneladas da droga foi apreendido em setembro do ano passado pela Polícia Federal e pela Marinha em Pernambuco. Fotos:  Agência Marinha de Notícias e Agência Brasil

Acolhendo denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal em Pernambuco condenou cinco homens por tráfico internacional de drogas no caso que ficou conhecido como a maior apreensão de cocaína já registrada na costa brasileira. Os cinco foram presos em flagrante em setembro do ano passado com 3,62 toneladas da droga num barco à deriva na costa de estado. O destino do produto, segundo ficou comprovado pela investigação, era a Libéria, na África, a partir de onde seria distribuído a outros pontos do globo, como Oriente Médio, Portugal, Inglaterra e Estados Unidos. As penas aplicadas pela Justiça Federal vão de 14 a 17 anos de reclusão, além do pagamento de multa.

De acordo com a investigação, quatro dos cinco homens partiram com a droga de Navegantes (SC) no barco Palmares I, fazendo paradas programadas para abastecimento em Búzios (RJ) e em Salvador (BA), quando o quinto tripulante embarcou. A intenção dos traficantes era navegar pela costa brasileira até Natal (RN) e, de lá, cruzar o oceano Atlântico para o continente africano, conforme atestam os registros encontrados nos dois aparelhos de GPS do barco. A Libéria foi escolhida como destino pela sua posição geográfica, que facilita tanto o escoamento da droga pela África quanto o acesso a países europeus, pela parte sul.

As informações reunidas no processo mostram que a Palmares I faria o deslocamento até o continente africano, no entanto, apresentou problemas na costa de Pernambuco e foi apreendida pela Marinha e pela Polícia Federal depois de ficar quatro dias à deriva. Quando os tripulantes perceberam a aproximação das autoridades, jogaram fora telefones via satélite, computadores e outros equipamentos eletrônicos. A Palmares I também estava com registros de motor adulterados e número de inscrição oculto por tarjas, para dificultar a identificação à distância.

De acordo com a sentença, os cinco homens não são apenas “mulas”, pessoas cooptadas pelo tráfico apenas para manuseio e transporte da droga. “Com efeito, o que se apresenta no contexto subjacente é um atuar com maior sofisticação, na medida em que a divisão estabelecida de tarefas, o aparato e estrutura utilizados (navegação de cabotagem e intercontinental, equipamentos de geoposicionamento e entrepostos preestabelecidos, indicativos de distribuição planetária) denotam renitência à empreitada criminosa”, registra a decisão.

Os cinco foram condenados por tráfico internacional de drogas (art. 33, caput, e art. 40, inciso I, da Lei nº 11.343/2006). O líder do grupo foi sentenciado a 17 anos e seis meses de prisão, enquanto os demais integrantes da tripulação deverão cumprir penas de 14 anos de prisão, além de multa.

Após o trânsito em julgado da sentença, a embarcação e seus equipamentos – avaliados em R$ 2,5 milhões – deverão ficar sob a posse da Marinha.

Apreensão

A Marinha do Brasil e a Polícia Federal (PF) apreenderam 3,62 toneladas de cocaína no dia 19 de setembro de 2023, no litoral de Pernambuco. Foi a maior apreensão da droga realizada no mar brasileiro, segundo a Marinha. A ação fez parte da Operação “Ágata Nordeste”, que combate os crimes transfronteiriços e ambientais.

De acordo com a Marinha, o navio-patrulha de 500 toneladas abordou a embarcação PALMARES 1, onde a droga foi encontrada, e que tinha como destino a África. Havia cinco tripulantes a bordo, que foram presos em flagrante por tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico. As penas pelos crimes podem chegar a 35 anos de reclusão, conforme a Polícia Federal.

A embarcação foi rebocada pelo navio-patrulha para o Porto do Recife. A ação ocorreu a 18 milhas náuticas de Recife, aproximadamente 33 quilômetros. Com informações da Agência Brasil.

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