Prefeitura de São Sebastião recupera relicário furtado em 1994 do Convento Nossa Senhora do Amparo

O prefeito de São Sebastião, Felpe Augusto, informou nesta terça-feira (6), através das suas redes sociais que foi recuperado um dos quatro relicários do século XVII, furtados em 1994, do convento Nossa Senhora do Amparo, no bairro de São Francisco.

 

Segundo a historiadora e pedagoga municipal, Fernanda Palumbo, a peça devolvida à comunidade de São Sebastião é um busto relicário de barro cozido e policromado do século XVII. O autor é o Mestre de Angra dos Reis, provavelmente um frei franciscano que atuou fazendo imagens para os conventos do Rio de Janeiro e de São Paulo até 1661. O busto tem um relicário no peito, onde era guardado alguma relíquia do santo, como pedaço do osso, cabelo ou roupa.

 

Ainda de acordo com a historiadora, trata-se de um santo doutor, ou evangelista, registrado pelo fotógrafo alemão, Germano Graeser do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1940, e as imagens de barro são raras, feitas para as comunidades pobres, que não tinham recursos para comprar peças de Portugal a época. A imagem ficava na sacristia do Convento Nossa Senhora do Amparo, construção de 1658, de onde foi roubada, com outros três bustos, em fevereiro de 1994.

 

“Em 2013 surgiram notícias de que as peças estariam em uma coleção particular, na cidade de São Paulo, por isso comecei a divulgar o roubo, entre pesquisadores de arte sacra, resultando na devolução. Estamos em contato frequente com a Igreja Católica para salvaguardar esse importante patrimônio do bairro São Francisco e pretendemos continuar as pesquisas para recuperar outras peças religiosas, com apoio da comunidade sebastianense, igreja e do prefeito Felipe Augusto que entende a importância desse patrimônio histórico e cultural sebastianense”, afirmou Fernanda Palumbo.

 

A arte sacra foi recuperada em São Paulo, nesta terça-feira (06) e está no gabinete municipal para projeto de restauro e proteção, em acordo com a igreja. O prefeito disse que a prefeitura continua seus esforços no sentido de recuperar os outros três relicários furtados para recompor o importante acervo do convento.

 

Na época do furto, em 1994, ladrões teriam adentrado o convento durante a noite e furtaram os quatro relicários. O diretor do convento, na época, o frei Luiz Fernando de Mendonça, registrou boletim de ocorrência. A polícia civil iniciou investigações na tentativa de recuperar as peças.

Convento

 

O Convento de Nossa Senhora do Amparo, construído originalmente em 1637, era ponto de parada dos jesuítas em suas viagens pelo litoral. Em 1934, por ter sido abandonado durante 60 anos, foi reconstruído por encontrar-se em péssimo estado de conservação. Do convento fazem parte igreja, sacristia e claustro. As paredes medem 1 m de espessura, os batentes são de pedra e a torre possui cobertura abobadada. Em 1976, uma reforma descaracterizou ainda mais a igreja, com a introdução de lajotas do tipo colonial no piso e azulejos nas paredes.

 

O convento foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) em 1972. Em 2013, foi criada uma comissão para a realização do projeto de restauro do convento. Na época, foi constituída uma equipe composta por uma técnica do Condephaat, a arquiteta Marta Sacarellos; uma técnica do Iphan, a arquiteta Carolina Pádua; a arquiteta da Prefeitura de São Sebastião, Lúcia Siqueira Santas; e Frei Róger Brunorio, coordenador do Departamento de Bens Culturais da Província da Imaculada, além de uma equipe de técnicos e historiadores da empresa Formarte, que desenvolveu o projeto.

 

O restauro tem como objetivo preservar a memória cultural e o patrimônio construído. O convento, edificação mais antiga do município de São Sebastião, é testemunha e impulsionador do desenvolvimento do bairro São Francisco desde o século XVII. Constitui-se como importante marco arquitetônico, religioso e social na região, sendo peça chave de sua identidade cultural. Em 2019, o convento passou a ser administrado pela Diocese de Caraguatatuba.

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