Representantes de organizações não governamentais ligados à causa animal promovem manifestação em apoio a iniciativa do parlamentar
O presidente da Câmara Municipal de São Sebastião, Marcos Fully(DEM), protocola nesta terça-feira, dia 6, um projeto de lei de sua autoria que pretende barrar a exportação de cargas vivas através do porto da cidade. O projeto deverá ser votado no dia 6 de maio.
O projeto atende uma reivindicação das entidades não governamentais do município e de todo o país que cobram o fim das exportações de animais vivos nos portos brasileiros, principalmente, devido à crueldade sofrida pelos animais. No caso de São Sebastião, argumenta-se ainda que a exportação não traz benefícios, apenas danos ao município.
Várias entidades preparam manifestação contra o embarque de cargas vivas pelo porto de São Sebastião nesta terça-feira(6). Os manifestantes também pretendem comparecer à Câmara para prestigiar o ato do presidente da Câmara, Marcos Fully.
No ano passado foram exportados por São Sebastião mais de 200 mil animais vivos. Em janeiro deste ano, cerca de 9.800 animais já foram exportados. O porto sebastianense é um dos poucos no país a realizar a exportação de animais vivos para o exterior. Além do porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, as exportações de animais vivos também são feitas pelos portos de Rio Grande (RS), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA).
“O presidente Marcos Fuly foi sensível ao anseio de grande parte da população que se sente assediada com o mau cheiro e a crueldade escancarada nos caminhões boiadeiros que circulam pela cidade, bem como, se preocupa com os riscos ao nosso meio ambiente oferecidos pelos navios sucata que transportam estes animais”, afirma João Carlos Pereira Júnior, membro do movimento social que reivindica o fim de exportação de cargas vivas pelo porto de São Sebastião.
Segundo ele, as entidades não governamentais que reivindicam o fim das exportações de animais vivos por São Sebastião já coletaram mais de 5000 assinaturas favoráveis ao projeto que será protocolado hoje por Marcos Fully. “Pretendemos dobrar o número de assinaturas até maio, quando o projeto deve entrar em votação na Câmara sebastianense”, afirmou João Carlos.
Exportação
O porto de São Sebastião é um dos poucos portos brasileiros que vem operando a exportação de animais vivos no Brasil. Os animais embarcados no porto sebastianense tem como destino à Turquia, que posteriormente, distribui os animais para outros países como Egito, Iraque, Palestina, Argélia, Emirados Árabes, Jordânia, Líbano, Irã e Marrocos.
As entidades ambientalistas contrárias ao embarque de cargas vivas consideram a atividade cruel e estressante para os animais. A viagem de navio entre São Sebastião e a Turquia pode durar de 18 a 20 dias. Vale ressaltar que o navio Queensland, que zarpou do porto de São Sebastião no dia 9 de janeiro com 5.800 bois, ainda não chegou ao seu destino. O navio ainda cruza o Canal de Suez, próximo a região do conflito entre Israel e Palestina.
Ana Paula Vasconcelos, diretora jurídica do Fórum Animal, explica que o transporte de gado vivo é realizado de forma cruel, por longas distâncias, que pode durar semanas até o destino final. João Carlos argumenta que além da crueldade, a cidade de São Sebastião não é beneficiada pela exportação de animais vivos.
“A cidade não lucrou um centavo, mas as empresas faturam 7 mil euros por cada animal exportado pelo porto, conforme comentou o representante da Minerva, uma das empresas que exportam animais por São Sebastião”, contou João. A Minerva é uma multinacional brasileira responsável pelo embarque de 60% dos animais vivos para o exterior.