O Movimento social contra embarques de animais vivos pelo porto de São Sebastião ocupará a tribuna da Câmara Municipal de São Sebastião nesta terça-feira, dia 5, às 18h30, para tentar sensibilizar os vereadores para a aprovação de um projeto de lei que proíba o embarque de cargas vivas pelo porto local.
Ontem, segunda-feira, dia 4, o movimento entregou um esboço de projeto de lei à assessora do presidente da casa, vereador Marcos Fuly. Falta apenas, os vereadores conhecerem o projeto e colocar em votação.
“Será um pronunciamento forte”, alertou João Carlos Pereira Júnior, membro do movimento, que conta com apoio de entidades nacionais e internacionais, para “barrar” a exportação de animais vivos pelo porto sebastianense.
“Vou mostrar e explicar dez itens importantes para que seja proibida a exportação de animais vivos por São Sebastião. Entre eles, vou comentar sobre a crueldade para com esses animais; sobre os danos sanitários e ambientais e que este tipo de exportação não gera recursos para a cidade, beneficiando apenas seis empresas particulares”, antecipou.
Segundo João Carlos, apenas este ano foram exportados cerca de 200 mil animais vivos pelo porto sebastianense. “A cidade não lucra um centavo, mas as empresas faturam 7 mil euros por cada animal exportado pelo porto, conforme comentou o representante da Minerva, uma das empresas que exportam animais por São Sebastião”, contou. A Minerva é uma multinacional brasileira responsável pelo embarque de 60% dos animais vivos para o exterior.
O porto sebastianense é um dos poucos no país a realizar a exportação de animais vivos para o exterior. Além do porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, as exportações de animais vivos também são feitas pelos portos de Rio Grande (RS), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA).
Até o mês de outubro, tinha sido exportados por São Sebastião cerca de 150 mil animais com destino à Turquia, que posteriormente, distribui os animais para outros países como Egito, Iraque, Palestina, Argélia, Emirados Árabes, Jordânia, Líbano, Irã e Marrocos.
As entidades ambientalistas contrárias ao embarque de cargas vivas consideram a atividade cruel e estressante para os animais. A viagem de navio entre São Sebastião e a Turquia pode durar de 18 a 20 dias. Ana Paula Vasconcelos, diretora jurídica do Fórum Animal, explica que o transporte de gado vivo é realizado de forma cruel, por longas distâncias, que pode durar semanas até o destino final.
“Esses animais são submetidos a vários tipos de maus tratos, tais como: Elevadas temperaturas, ambientes insalubres, falta de alimentação e água, lesões físicas como fraturas, contusões e hematomas, tudo isso sem que recebam qualquer atendimento veterinário. Além dos danos aos indivíduos, temos também um grave impacto ambiental, pois, por onde passa, o navio vai lançando ao mar dejetos de milhares de animais, além dos cadáveres dos animais que também são descartados ao mar”, contou.
Seminário
A Câmara de São Sebastião promoveu em outubro o Seminário “O Bem Estar Animal e o Transporte de Cargas Vivas (bois) no Porto de São Sebastião. Participaram do evento autoridades políticas e ambientalistas que defendem o fim desse tipo de operação portuária no município. Em outra oportunidade, o presidente da Câmara, Marcos Fuly, ouviu os que defendem a operação.
O Movimento contra o embarque de cargas vivas pelo porto de São Sebastião fez uma petição pública cobrando a proibição do embarque por São Sebastião que já conta com mais de 1.500 assinaturas. O Movimento irá transmitir o pronunciamento de João Carlos pelo Instagram. A Câmara irá transmitir a sessão pelo Yotube.