Condephaat decide o futuro do navio Prof. W. Besnard utilizado durante 40 anos nas pesquisas oceanográficas brasileiras

Navio foi “aposentado” em 2018 e doado para a prefeitura de Ilhabela que por sua vez repassou a embarcação para o Instituto do Mar; Condephaat avalia o tombamento da embarcação. Foto Capa: Santos Port Authority

 

O Condephaat(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) deve se pronunciar nos próximos dias sobre o futuro do navio Professor Wladimir Besnard que foi utilizado durante 40 anos em pesquisas oceanográficas no Brasil e exterior.

O navio que pertencia a Universidade de São Paulo(USP) foi “aposentado” em 2008 e doado para a Prefeitura de Ilhabela que pretendia afundá-lo em suas águas para transformá-lo em recife artificial e atrativo de turístico (mergulho de observação).

Em 2019, a prefeitura de Ilhabela decidiu doar o navio para o Instituto do Mar que pretende transformar a embarcação em um museu flutuante ou num navio-escola. O tombamento do navio está em análise pelo Condephaat.

O prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci(PL), que esteve na reunião do Condephaat, explica que o ideal seria o afundamento do navio. Segundo ele, a prefeitura teria encontrado muitas dificuldades para obter as licenças para realizar o afundamento antes de doar o navio para o Instituto do Mar.

Colucci entende que a embarcação poderia ser afundada no polígono de afundamento que deve ser aprovado, em parceria com o Estado, entre as ilhas de Búzios e Vitória, em Ilhabela. Segundo ele, o afundamento criaria um local de interesse turístico (mergulho de observação) e seria importante para a vida marinha.

Não conseguimos contato com o Instituto do Mar. O Condephaat informou que um técnico entraria em contato com o portal, para detalhar o processo de nº 81.676, de 2018, que analisa o tombamento do navio Prof. Wladimir Besnard, mas isso não ocorreu. O órgão adiantou que a ata da reunião do da 16 deverá ser publicada no Diário Oficial entre os dias 30 e 31 deste mês.

Caso está na Justiça

Segundo o site www.migalhas.com.br o caso do navio Prof. Wladimir Besnard foi judicializado. Em 2020, ação que tramitou junto à 1ª Vara da Comarca de Ilhabela, a prefeitura de Ilhabela teve sua responsabilidade reconhecida, por ser legítima proprietária da embarcação e, sobretudo, por ter sido comprovado que o navio já não deveria mais estar no cais do Porto de Santos.

A prefeitura de Ilhabela foi condenada a retirar a embarcação do local, em condições ambientais adequadas, além de: 1. adotar medidas que assegurassem a flutuabilidade do navio, a fim de evitar o adernamento; 2. retirar resíduos oleosos e cessar todas as ligações clandestinas de energia elétrica no local; 3. promover a retirada de eventuais moradores do local. A prefeitura recorreu da decisão, mas o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou provimento e confirmou a sentença proferida em primeira instância.

Segundo o site www.migalhas.com.br , em recente impugnação apresentada pelo Município de Ilhabela, nos autos do processo de execução, novos argumentos foram ventilados para o não cumprimento da ordem judicial de retirada do navio do cais santista.

Segundo o prefeito de Ilhabela, Antonio Colucci, a remoção da embarcação não seria algo simples, mas sim um procedimento delicado, que requer prévio estudo da destinação da carcaça do navio, além de completa limpeza de motores, portas e móveis apodrecidos. O custo estimado pelo município para afundar o navio seria de cerca de 2 milhões de reais, enquanto os custos para a total recuperação deste poderiam atingir até 50 milhões de reais.

O início do processo de análise do possível tombamento do navio Professor Wladimir Besnard junto ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico – CONDEPHAAT suspendeu por enquanto o cumprimento da ordem judicial e, também, qual será o futuro do navio: a possibilidade de desmantelamento da embarcação, a preservação do patrimônio cultural ou seu afundamento em águas do litoral paulista.

O navio segue atracado no cais do Porto de Santos, em situação precária de conservação. Um relatório elaborado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP, em conjunto com técnicos do IBAMA, em 2018, constatou que o navio estava com sua navegabilidade prejudicada e que eventual naufrágio da embarcação poderia afetar diretamente o tráfego aquaviário do porto de Santos, além de causar graves danos ambientais.

Histórico

O navio Prof W. Besnard, que pertencia ao Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, foi comprado do estaleiro norueguês A/S Mjellen&Kerisen. Onavio foi lançado ao mar em 18 de agosto de 1966.

O navio, hoje, desativado, homenageia Wladimir Besnard, nascido em em São Petesburgo, na Rússia  em 1890, falecido em São Paulo, em 1960, que é considerado um dos cientistas mais importantes para a pesquisa oceanográfica brasileira.

Besnard era licenciado em Ciências Naturais, tendo especialização em Anatomia Comparada e Biologia Geral pelo Instituto de Anatomia Comparada de Moscou. Estudou nos Centros Universitários de Kiev e de Moscou.

Por ocasião da 1ª guerra mundial ele foi impedido de assumir suas funções como professor assistente na Estação Biológica de Villefranche Sur Mer,  na França e foi em 1923 que ele se consolidou como mestre e professor, sendo diretor do Departamento de Biologia Colégio Universitário Americano, em Constantinopla, onde permaneceu até 1927. Na França começou a se dedicar às pesquisas oceanográficas.

Em 1946, os professores Paulo Duarte, Paul Rivet e Louis Fage, apontaram seu nome para organizar e coordenar o Instituto Paulista de Oceanografia, hoje o Instituto Ocenaográfico da USP. Ele foi o responsável pela instalação da base oceanográfica em Cananéia, dirigiu uma expedição à Ilha de Trindade, além de ter divulgado e expandido o conhecimento oceanográfico e hidrológico pelo país e por instituições internacionais.

Besnard foi o primeiro diretor do Instituto Oceanográfico e as instalações precárias iniciais não impediram numerosas pesquisas lideradas por ele, tanto na área costeira quando em mar aberto.

 

Informações técnicas do navio

 

Navio – Prof. W. Besnard
Construção – 1967 (Vaagen)
Imo – 6715607
Call Sign –
Bandeira – Brasil
Registro – Santos
Gross – 548
Dwt –
Comprimento – 49,28

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