Aldeia guarani do Rio Silveira, em São Sebastião, promove nova vivência de medicina tradicional indígena

A aldeia do Rio Silveira, na divisa de São Sebastião com Bertioga, promove uma nova vivência de medicina tradicional indígena desta vez no próximo sábado, dia 21, das 10às 16 horas.

 

O curso será dado pelo pajé Sérgio Maceno, Karaí Tataendy, de 60 anos. As inscrições podem ser feitas até a manhã desta quinta-feira, dia 19, através de pagamento via PIX: 169.652.188-27 ou através do telefone 12- 98882-0419 ou na própria aldeia do Rio Silveira no sábado(21). O preço de R$ 150,00 inclui a vivência e um almoço com comida tradicional indígena.

 

 

Pajé Karaí, líder espiritual da aldeia do Rio Silveira, em São Sebastião

 

Sérgio Karaí, nascido na Aldeia Rio-Silveira, na divisa de Bertioga e São Sebastião, estudou por mais de 30 anos para ser pajé. Ao longo de todo esse tempo também apreendeu a usar a medicina tradicional indígena.

 

“É a primeira vez que faço o curso. Vamos ter uma palestra sobre a medicina tradicional indígena e, em seguida, vamos percorrer as trilhas da aldeia para que os participantes do curso possam identificar e colher as plantas da mata atlântica que utilizarão para produzir os medicamentos”, explicou o pajé Karaí.

 

O líder espiritual da aldeia do Rio Silveira, conta que todas as plantas e raízes utilizadas na medicina tradicional indígena são oriundas da mata atlântica, por isso, a importância de sua preservação.

 

A aldeia do Rio Silveira está localizada na Avenida Tupi Guarani, no bairro Boraceia, Costa Sul do município, onde ocupa 8.500 hectares, abrigando cerca de 960 indígenas de 150 famílias, sob o comando do cacique Adolfo Timóteo e do vice-cacique Mauro Samuel.

 

 

Medicina

 

Segundo o livro Resistência Guarani elaborado por alunos e pelo professor Jorge Machado, do Curso de Artes, Ciências e Humanidades da USP(Universidade de São Paulo), a  medicina tradicional indígena é composta pelo xamanismo que é um termo genericamente usado em referência a práticas etnomédicas, mágicas, religiosas e também pelo uso plantas medicinais.

 

A medicina indígena é formada na construção sociocultural, os indígenas utilizam o sistemas médicos xamânicos imersos em contextos cosmológicos particulares. Sendo assim, não existem limitem claramente definidos entre os diferentes subsistemas que formam um determinado universo sociocultural. O conjunto de saberes e práticas que promovem saúde, previnem e curam doenças está associado à religião, à política, a economia, a arte etc.

 

A Aldeia Guarani Rio Silveira, como observado, tem forte influência tupi, o que configura numa autenticidade cultural para aquele povo e, portanto, em características próprias de sua medicina tradicional.

 

Segundo o livro, a maior parte do conhecimento sobre as ervas fica restrita apenas ao Pajé, que é quem cuida da saúde espiritual e física de todos os índios da aldeia, os quais por ele têm muito respeito. Os Guaranis acreditam que os conhecimentos sobre as plantas medicinais são presentes dados por Nhaderú, o Deus desses povos.

 

Sendo assim, as plantas são mais do que medicinais, são divinas, tal como o conhecimento que lhes foi concedido. A mata é sempre respeitada por eles, já que Nhaderú se expressa em cada folha presente ali. Logo, são eles os responsáveis pela produção de remédios totalmente naturais e que possuem o magnífico poder da cura.

 

Algumas planta “ervas” são muito importantes para construção histórica dos indígenas, como a planta nhimbogwé wá regwá (Marcelinha) que é usada antigamente para dor de barriga, Capí’í Kyra (Capim Gordura) que é utilizada para fortalecer a raiz do cabelo e para tratar os rins,Atsy wa regwa (Baleeiro) utilizada para tratar dores no corpo, Tsapé (Sapé) utilizada para tratar de inflamação da bexiga urina presa e rins e também para fortalecer a raiz do cabelo, evitar queda do cabelo e combater a caspa, entre outras plantas.

 

Ainda, segundo o livro, os índios da aldeia Rio Silveira utilizam muito o tabaco, que também pode ser considerada uma planta medicinal pois serve tanto para o fumo quanto para fazer rapé, o qual tem a função de limpeza física e espiritual. O fumo de corda também é usado, porém principalmente para purificar ambientes como a casa de reza por meio de seus cachimbos fabricados artesanalmente por eles.

 

A ayahuasca vem sendo gradualmente trazida para a cultura desses indígenas. A medicina tradicional tem suma importância nas histórias dos povos indígenas, tem ligação direta com a cosmologia e com a religiosidade. Tendo em vista esta sua importância, as leis que foram criadas trouxeram benefícios para os povos indígenas fazendo com que a medicina indígena fosse legalmente reconhecida e respeitada

 

 

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