O Governo de São Paulo nomeou o Cacique Cristiano AWA Kiririndju de Lima Silva, para a recém-criada Coordenadoria de Políticas para Povos Indígenas (CPPI), da Secretaria da Justiça e Cidadania.
A criação da CPPI, por meio do decreto 67.859/2023, do governador do Estado, Tarcísio de Freitas, atende a uma reivindicação do CEPISP – Conselho Estadual dos Povos Indígenas de São Paulo, e objetiva aprofundar as ações e ampliar a participação social das etnias localizadas no território paulista.
A partir de terça-feira (19/9), São Paulo passou a ter representante oficial dos povos indígenas paulistas em função executiva no Poder Público: o Cacique Cristiano AWA-Kiririndju, 38 anos, da etnia tupi-guarani, da Aldeia Renascer, no município de Ubatuba.
Para o Secretário de Justiça e Cidadania, Fábio Prieto, a criação de órgão executivo é uma grande conquista para as comunidades indígenas. “Como magistrado federal, trabalhei 30 anos com a questão indígena. Propus ao Governador Tarcísio a criação do órgão, para dar efetivo protagonismo às comunidades indígenas. Ele não só se sensibilizou, como deu concretude ao projeto”, disse Prieto.
Desde o ano passado, Cristiano presidia o CEPISP, escolhido pelas cinco etnias espalhadas em 37 territórios no Estado, além das que vivem em contexto urbano, na Grande São Paulo. Esse conselho existe há 18 anos e é um dos órgãos de representação da sociedade civil abrigados no organograma de atuação da Secretaria da Justiça e Cidadania.
Formado em pedagogia pela USP, coordenador pedagógico da Secretaria de Estado da Educação, o Cacique Cristiano Kiririndju amplia a articulação pela SJC, junto a todos os outros órgãos do governo estadual, para responder aos anseios e necessidades dos povos indígenas paulistas.
Cacique Cristiano Kiririndju, da Aldeia Renascer
Encravada no litoral norte de São Paulo, dentro do Núcleo Picinguaba, em Ubatuba (um dos dez mais importantes do Parque Estadual da Serra do Mar), a Aldeia Renascer, tupi-guarani, é símbolo da luta dos povos indígenas por seus direitos e autonomia, e berço do Cacique Cristiano.
Hoje com 23 famílias, 105 pessoas e 63 crianças vivendo da agricultura familiar e do cultivo do palmito pupunha, além da pesca no açude local, a Renascer é uma das comunidades indígenas mais organizadas de São Paulo, entre as dezenas de etnias presentes no estado, coabitado por Tupis-Guaranis, Guaranis, Terena, Kaingang e Krenak, dentre outras.
A Aldeia possui uma escola indígena multilíngue, uma casa de reza e várias residências tradicionais para as famílias. Recentemente, por iniciativa do CEPISP, a Fundação Florestal de São Paulo autorizou o credenciamento dos membros da aldeia para atuarem como “guardiões da Mata Atlântica”, com treinamento e apoio de drones e câmeras modernas.
A Aldeia Renascer conseguiu recursos, por meio de emenda parlamentar, para a construção de um Centro Cultural e de Convenções Indígenas em seu território, com direito a alojamento especial para turistas e estudantes.