Quilombo da Caçandoca, em Ubatuba, promove “arraiá” de sexta (22) até domingo (24)

O 1º Arraiá do Quilombo da Caçandoca, realizado pela Associação da Comunidade dos Remanescentes Quilombo da Caçandoca, começa amanhã, dia 22 de julho, e segue até domingo, dia 24. O evento contará com comidas típicas de festa julina e das comunidades quilombolas, além de música ao vivo.

O presidente da Associação da Comunidade dos Remanescentes do Quilombo da Caçandoca, Neimar Lourenço, que também é coordenador nacional das Comunidades Quilombolas pelo estado de São Paulo, ressaltou que a ideia do arraiá é ser voltado principalmente para a divulgação da comunidade. “Com a baixa temporada, e se recuperando em meio a uma pandemia, a comunidade precisou se organizar para retomar a economia interna do território, então tivemos a ideia de fazer o arraiá, atendendo também à demanda da falta de entretenimentos culturais na região Sul”.

Lourenço destacou que antigamente a região tinha diversas quermesses e shows. “Resolvemos então fazer essa festa pra trazer entretenimento para dentro da comunidade e dar visibilidade através disso. Isso também visibiliza o território em meio à sociedade e o empoderamento do mesmo”.

O arraiá auxilia os moradores a apresentarem os trabalhos realizados pela comunidade. “A gente pode mostrar um pouco do que a gente produz aqui, da culinária, artesanatos, manifestações culturais, capoeira, roda de jongo, maracatu, quadrilha comunitária e outras atrações para que todos se divirtam com muito forró rolando no território Quilombola”, completou Lourenço.

Ele informou também que pretendem realizar este evento nos próximos anos. “No começo era até algo mais para gente mesmo, mas resolvemos expandir e devemos fortalecer ao longo dos anos. Toda a comunidade está empenhada neste evento”. Lourenço concluiu salientando que parte do dinheiro arrecadado na festa e com os bingos será revertido para melhorias da escola da comunidade.

Programação: Bingo, atrações musicais e culturais, brincadeiras, comidas e bebidas típicas

Dias: 22 e 23 a partir das 18h, e dia 24 às 15h

Local: Estacionamento Praia da Caçandoca

Para chegar na Caçandoca deve-se pegar uma via secundária, na altura do km 77 da BR-101 e seguir por 6 km até chegar na praia.

Quilombo

 

 

Ubatuba tem quatro quilombos: Quilombo da Caçandoca, Quilombo do Camburi, Quilombo Fazenda Picinguaba e Quilombo Sertão do Itamambuca. O quilombo da Caçandoca é o primeiro do país reconhecido em terras da Marinha. Ocupa uma área de 890 hectares.

 

A comunidade quilombola da Caçandoca é formada por cerca de 50 famílias que vivem no local. Muitas outras famílias quilombolas, no entanto, saíram de suas terras e aguardam a regularização do território para retornar.

Os quilombolas têm fortes relações históricas com seu território, e um modo de vida sustentável que garante a preservação das praias e de grande parte da Mata Atlântica.

O quilombo da Caçandoca foi a primeira comunidade quilombola no país a conseguir um decreto de desapropriação do governo federal por interesse social após 2003, ano em que foi publicado o Decreto Federal 4887 que normatiza o processo de titulação das terras de quilombo.

A área decretada corresponde a cerca de metade do território reivindicado pela comunidade. Vivem em terras ocupadas há quase dois séculos por seus antepassados escravizados, trabalhadores das fazendas da região. Seu território é bastante cobiçado. Se estende por 890 hectares de áreas de praia e de sertão, onde antes estava a antiga “Fazenda Caçandoca”. Inclui áreas das praias Caçandoca, Caçandoquinha, Bairro Alto, Saco da Raposa, São Lourenço, Saco do Morcego, Saco da Banana e Praia do Simão.

A região da Praia do Pulso, onde hoje há um condomínio de luxo no qual alguns quilombolas trabalham, não foi reivindicada na proposta de titulação, mas também fazia parte de suas terras tradicionais. Ao longo da década de 1970, muitas famílias da Caçandoca foram vítimas de atos de violência e de comprovada má-fé, que as levaram a perder a terra que lhes pertencia. Alguns tentaram recuperá-la por meio de recursos judiciais de reintegração de posse, mas não obtiveram sucesso. Fonte: Incra.

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