O líder guarani Cristiano Awa Kiririndju, da aldeia Renascer, em Ubatuba, está reivindicando da prefeitura de Ubatuba, captação de água e saneamento básico na aldeia. Ele também cobrou da prefeitura, um melhor escoamento da produção agrícola local (cultivo em roças e sistema de agrofloresta) e obtenção de certificação de produção agroecológica/orgânica, bem como a da agricultura familiar, que vai viabilizar a comercialização do que é produzido na aldeia.
As reivindicações foram feitas na última terça-feira(10), quando representantes da prefeitura estiveram visitando a aldeia. Estiveram na aldeia, os secretários municipais de Agricultura, Pesca e Abastecimento, Luiz Chaves e o secretário de Meio Ambiente, Sylvio Bohn, acompanhados de assessores.
Essa foi a primeira ida das pastas ao local, que fica no bairro do Corcovado – região Sul do município, para uma conversa inicial sobre as demandas da aldeia. Eles foram recebidos pela liderança da comunidade, Cristiano Awa Kiririndju, que indicou as prioridades necessárias para melhorias nos setores em questão.
Com relação à Secretaria de Agricultura, foram discutidas questões como escoamento da produção agrícola local (cultivo em roças e sistema de agrofloresta) e obtenção de certificação de produção agroecológica/orgânica, bem como a da agricultura familiar, que vai viabilizar a comercialização dessa produção.
“A Secretaria pretende auxiliá-los com essa documentação, oferecendo o suporte necessário para que obtenham as certificações que vão garantir benefícios, como o fornecimento para a alimentação escolar, por exemplo”, explicou Chaves.
Já com relação ao Meio Ambiente, os temas principais foram, basicamente, captação de água e saneamento básico. As conversas serão aprofundadas e serão feitos mais encontros para a elaboração do levantamento mais detalhado das demandas e da busca conjunta de soluções.
Aldeia
Na Aldeia Renascer, localizada próximo ao Pico do Corcovado, vivem 19 famílias de etnia Tupi-Guarani e Guarani, que totalizam aproximadamente 90 moradores. A área ocupada pelos indígenas é particular, tem 2.500 hectares – o equivalente a três mil campos de futebol.
A Escola Estadual Indígena Renascer (EEI “Penha Mitãngwe Nimboea”), que funciona desde 2016, foi uma das conquistas da comunidade, que passou a ter acesso à educação infantil, fundamental I e II e EJA Fundamental II dentro da aldeia, com professores indígenas e ensino bilíngue. Os índios também contam com atendimento de saúde e carro para eventuais deslocamentos.
Diariamente fazem seus rituais na casa de reza. Cultivam palmito pupunha, mandioca, batata doce, café e frutas. Também fazem artesanato tradicional, como cesta, arco e flecha, machadinho, zarabatana, peneira, rede e outras peças.
O palmito pupunha é vendido no Mercado de Peixe e o artesanato é comercializado ao lado da feira da Av. Iperoig, próxima ao Cruzeiro, e na Praia Grande, próximo às barraquinhas de lanche.
A aldeia foi utilizada como cenário para gravações do filme “Hans Staden” na década de 90, quando foram construídas ocas cenográficas no estilo Tupinambá. A aldeia Renascer ainda aguarda o reconhecimento de sua área pela União.