Governo de SP fará corredores ecológicos e vai recuperar mais de 2.500 kms de ferrovias inativas

Conservadorismo verde

por João Otaviano Machado Neto

 

Uma das bases do pensamento conservador não está nos livros de ciência política, mas sim na própria palavra que o denomina: conservador é aquele que conserva, aquele que defende sempre a conservação do que há de bom e já está aí. E como todo e qualquer militante da ESG (sigla em inglês que pode ser traduzida como política de boa governança que preza o ambiental e o social), o Governo de SP defende a conservação do planeta, o desenvolvimento econômico e sustentável de todos os brasileiros que vivem no Estado e já é exemplo para outras unidades da federação.

 

Especificamente na área ambiental, desde o primeiro dia de nova gestão, em janeiro de 2019, só na Secretaria de Logística e Transportes/Artesp, várias ações já foram realizadas. O Estado de SP terá nos próximos anos dois grandes corredores ecológicos: um deles localizado entre as estradas da sigla PiPa (denominação para Piracicaba-Panorama) e o outro, a Linha Verde, a nova ligação bimodal (rodoviária e ferroviária) entre a Grande SP e o Porto de Santos.

 

Para além da expressão politicamente correta tão propagada nos últimos anos, não se trata apenas de rodovias carbono zero – as primeiras do Brasil –, pois São Paulo é o primeiro Estado a assumir, por decreto, o compromisso com as campanhas da ONU Race to Zero e Race to Resilience. As ações visam o engajamento de governos, empresas, investidores, acadêmicos e lideranças da sociedade civil para zerar as emissões até 2050.

 

Modais verdes e inteligentes

Este Governo de SP não pensa em carbono zero – net zero, em inglês – apenas porque se trata de “assunto da moda”. Tanto que a SLT criou dois importantes GTs (grupos de trabalho): o de Rodovias Inteligentes e o Net Zero.

 

Deste último nasceu um embrião cuja licitação está em andamento e terá investimento do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) de R$ 24,7 milhões, o programa do Carbono Zero nas Rodovias Paulistas.

 

O consórcio vencedor vai ajudar a SLT e o DER a planejarem e executarem um programa de controle a emissão de gases nos 22 mil quilômetros de rodovias do Estado. Um exemplo prático desta ação é desenvolver métodos para aferição destas emissões em caminhões e ônibus.

 

Além disto, a SLT trabalha exaustivamente em projetos que possam ampliar a nova matriz logística paulista, que consiste em valorizar os modais verdes do transporte de cargas, a saber o hidroviário – através dos 800 kms paulistas do Tietê – e o ferroviário.

 

‘Keynesianismo verde’

No caso do ramal sobre trilhos, o Governo de SP prepara o PEF/SP (Plano Estratégico Ferroviário), que pretende de cara acabar com uma cena terrível das cidades interioranas e do litoral: as “cicatrizes urbanas” de trilhos abandonados. No Estado, 54% dos 5,7 mil quilômetros de ferrovias estão inoperantes ou semi-utilizados. Para isto, aguarda aval da Assembleia Legislativa do projeto de lei 148/22.

 

O economista John Maynard Keynes (1883-1943) não pensava ainda em ESG em suas teorias, mas sua colega da Universidade de Cambridge Stephany Griffith-Jones advoga com uma certa urgência atual de um “keynesianismo verde”. Afinal, não há crescimento econômico sem responsabilidade ambiental e social.

 

 

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João Octaviano Machado Neto é engenheiro e secretário estadual de Logística e Transportes de SP

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