Litoral Norte Paulista se prepara para mais uma temporada de avistamento de baleias

Apenas em São Sebastião mais de 600 baleias foram avistadas em 2024; prefeituras das duas cidades investem cada vez mais no turismo de avistamento de baleia e golfinhos

 

As cidades de São Sebastião e Ilhabela se preparam para mais uma temporada de avistamento das baleias-jubarte, que tradicionalmente ocorre a partir de maio e vai até agosto, período em que, as jubartes cruzam a região do Litoral Norte Paulista com destino as águas mais quentes no sul da Bahia para acasalar e dar à luz aos seus filhotes.

A passagem das baleias por São Sebastião e Ilhabela vem atraindo cada vez mais turistas e pesquisadores para a região durante o período de avistamento das jubartes. A observação de baleias, graças ao trabalho inicialmente desenvolvido pelos integrantes do Projeto Baleia à Vista  tem movimentado hotéis e empresas que alugam embarcações nos dois municípios do litoral norte paulista.

São Sebastião

A temporada de avistamento das gigantes do mar em São Sebastião ocorre de maio a agosto, mas em anos anteriores as primeiras baleias foram avistadas já em abril. De acordo com Júlio Cardoso, fundador do projeto Baleia à Vista, o pico da temporada ocorre nos meses de junho e julho.

“No ano passado, registramos quase 600 baleias na região de São Sebastião. Algumas delas permaneceram na região por períodos longos, foram identificadas e batizadas, como a Melina que ficou cerca de 90 dias, e a Jojo que permaneceu por 48 dias, tornando o turismo de avistamento ainda mais especial”, explica.

“Em 2024, mais de 12 mil pessoas participaram de passeios de observação na região, número que dobrou em relação a 2023, quando cerca de 6 mil turistas tiveram a oportunidade de ver as baleias na nossa região de São Sebastião.”, ressalta Júlio.

A atividade, além de impulsionar o crescimento econômico local durante o período de baixa temporada no Litoral Norte, desempenha um papel essencial na pesquisa e conservação da espécie. Com um ticket médio de R$ 350, os passeios geraram uma receita superior a R$ 4 milhões apenas para as operadoras, sem contar o impacto positivo para restaurantes, hotéis e outros setores do turismo local.

Outro aspecto importante do turismo de observação é a contribuição para a fotoidentificação das baleias. Atualmente, o Projeto Baleia à Vista tem 682 jubartes identificadas na região, no catálogo internacional Happywhale. Destas, aproximadamente 100 foram reavistadas, e 30 retornaram para nossa área, reforçando a importância desse monitoramento.

Esta informação só foi possível devido ao trabalho de pesquisadores e ao engajamento do público que participa das expedições de avistamento. “Esperamos que as baleias que já conhecemos e identificamos retornem este ano. Continuaremos nosso trabalho de fotoidentificação e educação ambiental, incentivando a conscientização sobre a importância da preservação desses animais”, destaca Júlio Cardoso.

Com uma estrutura cada vez mais preparada para receber turistas e pesquisadores, São Sebastião se consolida como um dos principais destinos de turismo de avistamento de baleias no Brasil.

“A expectativa para este ano é grande. Estamos falando de um espetáculo da natureza que encanta e emociona a todos que têm a oportunidade de presenciar. Esse segmento do turismo vem ganhando cada vez mais destaque e seguimos firmes no propósito de promover um turismo sustentável, que respeita o meio ambiente e fortalece nossa identidade como um destino de referência.” destaca o secretário de turismo de São Sebastião, Leandro Pereira.

O Turismo de Avistamento Responsável de Baleias em São Sebastião promove a conservação marinha e o turismo sustentável, com práticas responsáveis, educação ambiental e parcerias, reduzindo impactos ambientais. É uma iniciativa que protege a biodiversidade, cultiva cultura de conservação e fortalece a economia.

Vale ressaltar que a Prefeitura de São Sebastião, por meio da Secretaria de Turismo (Setur), realiza campanhas para promoção do turismo responsável de avistagem de baleias no município, como ações no mar, juntamente com a Defesa Civil e o Projeto Baleia Jubarte, considerado o mais importante instituto de preservação e conservação de cetáceos do Brasil reconhecido internacionalmente, além da parceria com o Projeto Baleia à Vista e o Instituto Argonauta, promovendo abordagens e entregando folhetos com as normas de avistagem.

São oferecidas Oficinas de Boas Práticas para Observação de Baleias Jubarte e Outros Cetáceos, com o objetivo de capacitar, gratuitamente, agências, operadores de turismo e marinas que atuam no segmento náutico da região, visando a conservação e proteção dos cetáceos por meio da educação e sensibilização dos participantes. A Setur já iniciou as tratativas com o Instituto Baleia Jubarte para a realização das oficinas sobre o tema, prevista para ocorrer em junho.

No município, há também o Espaço Vida Marinha, uma iniciativa em parceria entre a Prefeitura de São Sebastião e diversas entidades de conservação, como o Instituto Baleia Jubarte, o Projeto Baleia à Vista, o Instituto Argonauta e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio – Alcatrazes). O local promove a educação ambiental, oferecendo informações sobre passeios de observação de cetáceos no Canal de São Sebastião e no Arquipélago de Alcatrazes. Além disso, conta com exposições fotográficas, ossadas de golfinhos e vértebras de baleias-jubarte, proporcionando uma experiência imersiva sobre a vida marinha da região.

O município de São Sebastião foi vencedor da 11ª edição do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2023/24, da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, com a iniciativa ‘Avistamento de Baleias em São Sebastião’.

O Prêmio Braztoa de Sustentabilidade é o principal reconhecimento em turismo sustentável no Brasil – tendo como objetivo incentivar, reconhecer e dar visibilidade às iniciativas que se destaquem como as melhores práticas de sustentabilidade em toda a cadeia do turismo nacional, contribuindo com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil.

Para mais informações sobre passeios voltados à avistagem de cetáceos, os interessados podem contatar o Centro de Informações Turísticas (CIT): (12) 3892-2206 ou acessar o site www.turismosaosebastiao.com.br/o-que-fazer/observacao-de-baleias.

Ilhabela

Segundo o Projeto Baleia à Vista, o arquipélago de Ilhabela abriga 12 espécies de baleias e golfinhos que frequentam a região ao longo do ano. A que mais se destaca é a baleia jubarte, com seu comportamento acrobático elas dão um show no mar. As jubartes são migratórias, todos os anos viajam cerca de 5.000 km desde a região subantártica das Ilhas Geórgia do Sul e Ilhas Sandwich do Sul, onde se alimentam, até a região de Abrolhos na Bahia, buscando águas mais quentes para a reprodução.

Em Ilhabela elas estão de passagem e costumam ser mais vistas entre os meses de junho e agosto. A presença destes grandes mamíferos tem chamado à atenção dos turistas. Por conta disso, Ilhabela realiza um trabalho contínuo há quatro anos focado na qualificação do trade turístico, educação ambiental e promoção, para estruturar este segmento e garantir que o turismo seja sustentável, impulsionando a economia.

A prefeitura local, assim como a de São Sebastião, vem trabalhando este a observação de baleias e golfinhos com parceiros como o Viva – Instituto Verde e Azul, o Projeto Baleia à Vista e o Instituto Baleia Jubarte., nas feiras de turismo internacionais.

Ilhabela também produziu um guia turístico específico para a observação de baleias e golfinhos, desenvolveu um vídeo com regras para avistagem segura e tem feito um trabalho bacana nas marinas e nas redes sociais. Além disso, centenas de guias de turismo e agências de receptivo vem sendo capacitados, desde 2021, através de palestras sobre os cetáceos.

A ilha criou um ponto instagramável com a réplica da baleia ‘pipoca’ na Praia do Perequê, e firmou uma parceria com o Instituto Baleia Jubarte, que tem um espaço interpretativo ao lado do Píer do Perequê. Segundo a prefeitura, além de ser uma experiência totalmente alinhada com o posicionamento da cidade como destino de natureza, a observação de baleias e golfinhos também é uma atividade com alto valor agregado, o ticket médio pode variar entre 57% e 130% acima do valor de um passeio de barco tradicional para o Bonete, por exemplo. Essa variação ocorre em função dos roteiros e experiências oferecidas pelas agências. A expectativa do público é alta, e o que a prefeitura tem percebido é a satisfação das pessoas aos postarem fotos e comentar o que vivenciaram.

‌As normas de avistagem também estão disponíveis no site www.projetobaleiaavista.com.br/.

 

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