Lei do presidente Dutra em 1947 impediu Caraguatatuba de sediar o primeiro cassino do Litoral Norte Paulista. Conheça essa história:


Na década de 40, a cidade de Caraguatatuba iria sediar o primeiro cassino do Litoral Norte Paulista; o projeto estava pronto, mas uma lei  do então presidente Eurico Gaspar Dutra, em abril de 1946, proibiu Jogos de Azar no país, inviabilizando o projeto do cassino

 

Por Salim Burihan

 

Na década de 40, Caraguatatuba estava pronta para sediar o primeiro cassino do Litoral Paulista. A ideia era transformar o cassino num dos principais atrativos da cidade. Tudo estava bem encaminhado. O cassino seria construído no alto do Morro do Camaroeiro, com esplendorosa vista para a baia de Caraguatatuba.

 

O projeto estava sendo viabilizado pelo então deputado Diógenes Ribeiro de Lima, que frequentava a cidade, onde mantinha casa de veraneio e dominava a política local. A ideia de Diógenes era incentivar o turismo na cidade e com o assino, gerar emprego e renda.

 

Diógenes achava que o cassino seria importante para transformar a cidade, pois deveria atrair turistas de várias partes do país. Naquela época, existiam setenta cassinos no Brasil, que geravam empregos para mais de 40 mil pessoas. A implantação de cassinos tinha levado muito desenvolvimento a cidades como Petrópolis, Poços de Caldas, entre outras.

 

O projeto tinha sido discutido como os interventores do estado (pessoas nomeadas pelo governo federal para governar o estado), Fernando de Souza Costa e posteriormente, José Carlos de Macedo Soares. Diógenes também vinha discutindo o projeto com o então prefeito da cidade, Joaquim Evilásio do Amaral, que teria ficado encantado com a ideia. Caraguatatuba era uma cidade sem grande movimentação turística e sua economia dependia da venda do peixe e da Fazenda dos Ingleses.

 

Consta que, por causa da possível implantação do cassino, Diógenes teria obtido recursos do estado para construir as muretas ao longo da praia do centro e iniciado o decreto lei, que transformaria em 1947, Caraguatatuba em estância balneária, para que com isso, a cidade pudesse receber os recursos do estado e também, poder sediar o cassino, que na época só era permitido em cidade turística. O projeto do cassino, no alto do Camaroeiro, entusiasmou o então deputado.

 

 

Tudo ia muito bem. Acontece que, um decreto do então presidente Eurico Gaspar Dutra, em abril de 1946, proibiu os jogos de azar no país, segundo consta, por pressão de sua mulher e, da igreja católica, que era contra os jogos de azar. O projeto do cassino foi por água abaixo. hoje, onde iria ser construído o cassino está o Complexo Turístico do Camaroeiro

 

Mirante

No local onde estava projeto o cassino, foi construído em 2020 pela prefeitura o Complexo Turístico do Camaroeiro, um mirante e um teatro de arena. O local permite uma bela vista da região central de Caraguatatuba.

 

No final do ano passado, em 27 de dezembro, a prefeitura inaugurou o Centro Administrativo do Complexo Turístico do Camaroeiro “Mirian de Arruda Paiva Silva”, que incluiu a segunda fase do empreendimento, com a entrega de banheiros públicos, camarins para artistas, uma sala administrativa, um centro de exposições, um centro de informações, calçadas e infraestrutura elétrica e hidráulica.

 

A prefeitura investiu na segunda fase aproximadamente R$ 3,8 milhões, com recursos do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos (DADETUR), ligado ao Governo do Estado de São Paulo.

 

Diógenes Ribeiro de Lima

 

Diógenes Ribeiro de Lima (Foto) foi professor e um dos políticos mais envolvidos com Caraguatatuba. Como deputado, ajudou muito Caraguatatuba. Não é à toa que seu nome foi concedido a uma das principais praças da cidade, a praça onde ficava a sede da Secretaria Municipal de Turismo, em frente à praia central.

 

Diógenes nasceu em São Paulo, em 12 de abril de 1896. Formou-se professor pela Escola Normal Caetano de Campos, em 1916. Em 1920, pegou um barco, em Santos, para vir até Caraguatatuba, na época, não havia acesso por terra até a cidade Foi dar aulas nas Escolas Reunidas de Caraguatatuba (onde hoje funciona o Museu Adaly Coelho Passos). Em nossa cidade, namorou a professora Alice Leite. Casou com ela, tendo como padrinhos Teôtino Tibiriça Pimenta e Luiz Passos Júnior. Foi proprietário de uma casa na avenida Arthur Costa Filho, que foi demolida e, atualmente, serve como estacionamento do Hotel Atlântico Sul.

 

Como professor trabalhou também nas cidades de Monte Azul e Bariri. Formou-se advogado em 1924 pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP). Publicou vários trabalhos jurídicos. Atuou ainda, como suplente de juiz federal em São Paulo (1925), juiz de Paz e delegado de polícia (1924 e 1925) e como membro do Congresso do Ministério Público.

 

Diógenes foi vereador em São Paulo por dois mandatos, de 1926 a 1930. Participou da Revolução de 1932, como subcomandante do Batalhão Bahia. Elegeu-se deputado estadual em 1935, quando participou da Constituição de 1935. Como deputado ele transformou a cidade, de fato, em uma estância balneária, através do decreto-lei nº 38, de 30 de dezembro de 1947.

 

Ele foi presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, entre março de 1951 e março de 1952. Ele faleceu em 1º de outubro de 1954, em plena campanha eleitoral, mesmo assim, o povo da região foi fiel a ele: mesmo morto foi o deputado mais votado em Caraguatatuba e cidades da região.

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