Carga de café será transportada em veleiro de São Sebastião até o porto de Le Havre, na França

Veleiro Artemis de 81 metros de cumprimento transportará café brasileiro para a França. Foto: Prefeitura de São Sebastião

 

O porto de São Sebastião recebe a primeira atracação de um veleiro de cargas neste domingo, dia 10. O veleiro Artemis receberá 700 toneladas de café paletizado (9.800 sacas de café verde), carga destinada à exportação, que terá como destino o porto de Le Havre, na França. O prazo de viagem é estimado em 20 dias e a embarcação segue com uma tripulação de pelo menos oito pessoas. O café que será exportado é produzido na Fazenda Ambiental Fortaleza na cidade de Mococa, no interior paulista.

 

O veleiro Artemis, de 81 metros de cumprimento, foi lançado ao mar no dia 20 de agosto deste ano, na cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã, de onde fez a sua primeira travessia no Oceano Índico, carregando produtos como chá, café e equipamentos tecnológicos. A embarcação levou mais de dois anos para ser construída no estaleiro Piriou, no Vietnã.  O veleiro, apesar de construído no Vietnã, mantém um terço dos componentes franceses, refletindo a colaboração internacional no seu desenvolvimento.

 

A indústria de transporte de cargas marítimas está aos poucos aderindo ao uso dos antigos veleiros de madeira para as suas atividades. Diversas empresas decidiram migrar dos navios tradicionais de cargas, mais caros e dependentes dos combustíveis, para embarcações a vela, que além de mais baratas garantem a preservação ambiental.

 

Uma das pioneiras no transporte de café foi a Café William, uma torrefação canadense, que transportou uma carga de café da Colômbia para a América do Norte em um barco a vela. A empresa está usando um navio de madeira de 1909 para transportar café da Colômbia para Nova Jersey(EUA).

 

O transporte de café por veleiro é uma alternativa para reduzir as emissões de gases poluentes e garantir a preservação ambiental. Empresas que transportam azeites e vinhos também estão aderindo ao uso de veleiros para o transporte de suas cargas.

 

Em 2022, um levantamento feito pela S&P Global Platts Analytics revelou que o transporte marítimo é responsável por 3% das emissões mundiais de CO2, ou seja, a mudança do uso do navios de cargas pelos veleiros também é uma excelente notícia para o meio ambiente.

 

São Sebastião

 

A SeaForte Operações Portuárias, uma empresa do grupo FTSpar, que atua no Porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, é a responsável pela operação do veleiro que fará o transporte das sacas de café para a França. A empresa realiza operações de importação, exportação e cabotagem.

 

A SeaForte fez a primeira operação de café no porto de São Sebastião em setembro de 2024(Foto acima), com uma carga de mais de 8 mil toneladas destinada à Alemanha. Este tipo de operação, com café, não era realizado no porto sebastianense há 60 anos. Agora, a SeaForte, será responsável pela primeira exportação de café em um veleiro pelo porto de São Sebastião.

 

Um veleiro francês chega neste sábado, dia 9, em São Sebastião e atraca no porto sebastianense, no dia 11, para receber 9.800 sacas de café verde que terá como destino o porto de Le Havre, na França. O veleiro também fará o transporte de pallets com sementes de cacau.  O veleiro deve deixar o porto sebastianense no dia 13.

 

O café verde que será exportado é produzido pela família Croce, na Fazenda Ambiental Fortaleza (FAF) e Exportadora FAFCoffees, em Mococa, no interior paulista. A FAF é conhecida por seu modelo de produção orgânica e sustentável, que incentiva pequenos produtores de café de montanha e reforça a importância da sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.

 

A Fazenda Ambiental Fortaleza, administrada pelo casal Silvia e Marcos e o filho Felipe Croce, tornou-se referência por sua produção de café de alta qualidade, que atrai a atenção de compradores estrangeiros, especialmente pelo compromisso com a redução de carbono em sua logística.

 

O proprietário da FAFCoffees, Marcos Croce, comenta que esse embarque é emblemático porque começa desde o plantio de café que segue toda uma pegada ambiental e segue para sua exportação e distribuição na França, que também tem essa preocupação com o meio ambiente.

 

‘Nossos produtores plantam o café de montanha nos Estados do Espírito Santo, Minas Gerais e  São Paulo, tendo toda essa preocupação com a qualidade sensorial, solo orgânico do princípio ao fim do processo”.

 

Por isso, a escolha de uma embarcação totalmente com essa pegada ambiental e o embarque pelo Porto de São Sebastião, localizada na região que o empresário considera a mais bonita do país e sem perder para outros lugares no mundo.

 

“Quando iniciamos o processo de exportação, a empresa logo entendeu a importância de utilizar uma embarcação que segue tudo aquilo que acreditamos, pois cada um é importante para que a mudança ambiental ocorra e 10 anos, como se prevê, passa rápido”, frisou Croce.

 

Ilhabela

 

A  família Croce frequenta Ilhabela há muitos anos e promoverá na Fazenda Engenho D’Água, no dia 13 de novembro,  um evento especial para os produtores e exportadores de café, marcando a primeira exportação de 400 toneladas de café com destino à França em um dos maiores navios cargueiros a vela do mundo, o Artemis.

 

Café produzido na Fazenda Ambiental Fortaleza (FAF) da família Croce na cidade de Mococa

 

O evento, com início previsto para às 16h, contará com a presença de Sílvia Barretto e Marcos Croce, produtores e exportadores de café e proprietários da Fazenda Ambiental Fortaleza (FAF) e Exportadora FAFCoffees, em Mococa.

Durante o encontro, em Ilhabela, a secretária de Meio Ambiente de Ilhabela, Kátia Freire, fará a abertura e dará as boas-vindas aos presentes, destacando o compromisso da cidade com a sustentabilidade. Em seguida, o diretor de operações da empresa TOWT (Trans Oceanic Wind Transport), Stephen Nedelec, proprietário do Veleiro Artemis, falará sobre os desafios e a importância do transporte movido a energia eólica para reduzir o impacto ambiental.

Na sequência, Felipe Croce, apresentará o processo de produção agroflorestal do café na Fazenda Ambiental Fortaleza, ressaltando as práticas de cultivo orgânico e sustentável. Será abordado ainda, durante o encontro, o interesse crescente na Europa por produtos de baixo impacto ambiental, além de informações sobre a demanda por produtos sustentáveis no mercado internacional.

O evento reunirá autoridades locais, representantes da imprensa, gestores do Parque Estadual, produtores orgânicos locais e a equipe do Viveiro Municipal.

Por Salim Burihan

 

 

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