Pinguins começam a chegar nas praias do litoral paulista

Voluntário do Instituto Biopesca recolhe pinguim-de-Magalhães em praia de Peruíbe no litoral paulista. Aves aparecem tradicionalmente de julho a agosto nas praias da região. Foto: Instituto Biopesca

 

Começam a aparecer nas praias do Litoral Paulista os primeiros pinguins da espécie pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus), procedentes das Ilhas Malvinas, da Argentina e do Chile que anualmente migram para a costa brasileira, em temporada que vai de julho a agosto.

 

Os pinguins aparecem nas praias do litoral paulista durante todo o inverno, período em que essas aves fazem longas viagens migratórias, deixando a Patagônia Argentina em busca de comida no Atlântico Sul e cansados ou debilitados acabam chegando as praias do litoral paulista.

 

Institutos que atuam no Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos(PMP-BS) como Argonauta e Biopesca, entre outros, recolhem os animais para reabilita-los e posteriormente devolve-los ao mar.  Segundo previsão do Argonauta, em média de 100 a 150 aves aparecem apenas nas praias do litoral norte paulista, entre os meses de julho e agosto.

 

Os institutos, além de cuidarem do resgate das aves debilitadas que aparecem nas praias paulista, também, orientam como as pessoas devem lidar com pinguins que encontrarem as aves nas praias da região. (leia texto abaixo).

Pinguim em reabilitação no Instituto Argonauta

 

O Instituto Argonauta para Conservação Costeira e Marinha alerta para o início da temporada de pinguins, atendidos pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), no litoral Norte de São Paulo. Segundo o Argonauta, as aves começaram a chegar em maio deste ano. No total, 43 pinguins-de-magalhães juvenis foram encontrados nas praias da região paulista, dos quais, 24 foram resgatados vivos e 19 foram encontrados mortos. Destes, 11 animais seguem em processo de reabilitação, na Unidade de Estabilização de São Sebastião e no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Ubatuba.

 

As ocorrências dos pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) em nosso litoral são comuns nessa época do ano, uma vez que anualmente, durante o outono e inverno eles migram das águas da Patagônia Argentina em direção ao sudeste brasileiro em busca de alimentos e águas mais quentes. Durante essa longa jornada, alguns pinguins, principalmente os jovens, acabam se perdendo da corrente marítima e chegam nas praias.

 

“Entre junho e setembro, consideramos a temporada de pinguins-de-magalhães no Litoral norte de São Paulo, porém essa chegada nem sempre é tranquila, durante todos esses anos de atuação do Instituto Argonauta, constatamos que os pinguins que chegam aqui, em sua grande maioria, são animais jovens e por serem a primeira migração, eles se perdem do grupo. Muitos chegam debilitados, exaustos, desnutridos e com algumas doenças adquiridas no percurso”, explica o oceanólogo Hugo Gallo Neto, Diretor do Aquário de Ubatuba e Presidente do Instituto Argonauta. “Somando aos desafios ainda temos os impactos causados pelo ser humano, como as mudanças climáticas, a diminuição de alimentos disponíveis na natureza. Além disso, enfrentam também riscos como a poluição marinha e ingestão de lixo, contribuindo para a mortalidade de alguns desses animais, mesmo após o resgate”, completa Gallo.

 

A bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora regional do PMP-BS trecho 10, no litoral norte de SP, pelo Instituto Argonauta, conta que “no mesmo período no ano passada foram 23 animais, mas com um total de 426 ocorrências no ano, o que nos mostra que a temporada está só começando”. Mesmo não conseguindo ter um número exato de quantos animais são esperados, Carla complementa: “o número varia bastante ao longo dos anos, mas a importância da colaboração da população para o sucesso e o rápido atendimento aos animais, é fundamental”.

 

Peruíbe

 

Um pinguins foi resgatado na sexta-feira, dia 5, pelo Instituto Biopesca em uma praia de Peruíbe.  Tratava-se de um Pinguim-de-Magalhães, que estava bastante exausto e, supostamente, debilitado. O pinguim foi encontrado pelo filho de uma banhista que acionou o Biopesca.

 

O Biopesca informou que a banhista agiu corretamente após encontrar o ave: evitou que as pessoas se aproximassem enquanto se aguardava a chegada dos voluntários do instituto que recolheram o pinguim e o encaminharam para a reabilitação.

 

Para quem encontrar um pinguim pela praia, Hugo Gallo, que preside o Instituto Argonauta, aconselha a “mantê-lo seco em caixa de papelão envolto em uma toalha ou jornal e esperar o resgate especializado chegar”. Ao contrário do que muitos imaginam, a espécie Pinguim-de-Magalhães não é polar e não está adaptada à temperaturas mais baixas, portanto, “é extremamente importante o acondicionamento correto do animal, devendo-se banir a hipótese de colocá-lo em gelo”, orienta Hugo.

 

Confira outras orientações:

Caso alguém encontre  um pinguim na praia a recomendação é para evitar contato com a ave e evitar tocar nela. que no animal. Mantenha distância para evitar estresse ou ferimentos adicionais, e não manuseie carcaças.  Entre em contato imediatamente com o PMP-BS/Instituto Argonauta ou Biopesca.

Se encontrar um pinguim, tartarugas e aves marinhas, vivos, debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800-642-3341 ou diretamente para o (13) Instituto Biopesca ou Instituto Argonauta: (12) 3833-4863 ou 3833-5789(12) 3834-1382 (Aquário de Ubatuba) e (12) 99785.3615 – WhatsApp.

 

Os pinguins-de-Magalhães são aves marinhas que chegam a até 65 centímetros de altura com o corpo adaptado para viverem na água, mas não voam e têm suas asas modificadas em nadadeiras. Eles se alimentam principalmente de peixes, polvos e lulas, além de pequenos crustáceos.

 

Eles são predadores habilidosos na água e usam suas nadadeiras e bicos para capturar suas presas. Segundo o Argonauta, os pinguins-de-Magalhães não são polares e, por isso, não estão adaptados a baixas temperaturas.

 

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