Imprensa mundial repercutiu o fedor insuportável e o sofrimento dos 19 mil bois brasileiros que estavam sendo transportados pelo navio com destino ao Iraque; embarcação recebe 15 mil bois para exportação. Foto: Reprodução Repórter Brasil(Bahnfrend/ Wikimedia Commons)
O navio Al Kuwait, de bandeira do Kuwait, que em fevereiro causou um “fedor inimaginável” na cidade do Cabo na África do Sul, quando transportava 19 mil bois vivos oriundos do Brasil, está em São Sebastião. A embarcação recebe 15 mil animais para exportação neste fim semana.
No domingo, dia 14, outro navio, o Queensland, de bandeira Liberiana, receberá outras 6 mil cabeças de gado para exportação com destino à Turquia. É a segunda exportação feita pelo Queensland em 2024. Em janeiro, a embarcação levou 5 mil cabeças de gado também para a Turquia. Na ocasião, o Movimento Contra Exportação de Animais Vivos protestou contra a presença do navio no porto de São Sebastião(Foto abaixo).
Nesta sexta-feira, dia 12, às 18 horas, a Câmara de Sã Sebastião promove uma audiência pública para discutir a exportação de animais vivos pelo porto local. No dia 6 de maio, um projeto de lei propondo o fim do embarque de cargas vivas pelo porto local será discutido pela Câmara de Vereadores da cidade.
A embarcação havia deixado o Brasil no dia 10 de fevereiro, atracou na África do Sul no dia 18, para abastecimento de combustível, água, alimentação e ração animal antes de seguir rumo ao Iraque onde o navio atracou no dia 5 de março.
O “incidente” causado pelo navio na cidade do Cabo, cidade turística, teve repercussão internacional. O mau cheiro provocado pelo acúmulo de fezes e urina dos animais fez com que o Conselho Nacional da Sociedade para Prevenção da Crueldade contra Animais da África do Sul (NSPCA) vistoriasse a embarcação.
O Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais (NSPCA), conseguiu autorização para entrar no navio, e em relatório revelou um cenário assustador que violam os princípios básicos de bem-estar animal.
“As cenas na embarcação eram repugnantes, com extremo acúmulo de fezes e urina, e os animais não tinham outra opção a não ser descansar em baias com seus próprios excrementos.” Foram encontrados animais comprometidos, incluindo animais mortos, doentes e feridos”, declarou a NSPCA.
A Mercy For Animals(MFA) obteve e divulgou o relatório feito pelos integrantes do Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais (NSPCA) durante vistoria feita no navio Al Kuwait. A entidade também teve acesso às fotos feitas pela NSPCA que comprovaram a triste situação dos animais no interior do navio.
A NSPCA constatou várias situações irregulares: 1- Os 19 mil bovinos confinados, devido a limitação de espaço dentro da embarcação e à impossibilidade de limpeza, convivia com com seus próprios dejetos(fezes e urina); 2- Água e alimentos estavam impróprios para consumo. A NSPCA documentou água e alimentos contaminados com excrementos. 3- Animais feridos e doentes. A situação era extremamente estressante e prejudicial para a saúde e o bem-estar dos animais. A NSPCA precisou eutanasiar oito animais a bordo; 4- Animais sem vida, Alguns animais não sobreviveram nem à primeira parte do longo trajeto até o destino final, tampouco às condições adversas enfrentadas na embarcação.
Após a fiscalização e abastecimento, o navio deixou no dia 21 de fevereiro o porto da Cidade do Cabo numa viagem de ainda mais 13 dias de duração com destino até o porto de Umm Qasr, no Iraque, de onde os animais foram encaminhados para o abate.