Morro deslizou em fevereiro de 2023 durante as fortes chuvas que atingiram a região; deslizamento ameaça a “casa de reza” dos guaranis
Um mutirão está sendo realizado para contenção e recuperação de um morro no interior das terras da aldeia indígena do Rio Silveira, que fica entre os municípios de São Sebastião e Bertioga, no litoral norte paulista.
O serviço teve início nesta sexta-feira, dia 16, mas será finalizado no sábado(17) e domingo(18) com a chegada de 12 pessoas que vão colaborar voluntariamente na recuperação do morro onde fica a Casa de Reza dos guaranis.
O mutirão está sendo realizado graças à articulação entre representantes das lideranças indígenas, da Escola Viva, do Coletivo Caiçara, da suplente de vereadora de São Sebastião, Paulete Araújo e do Instituto de Capoeira Lobo Guará, que administrou uma verba doada pela Casa Natura para a recuperação do morro.
A concepção e orientação dos trabalhos está a cargo de Diego Rizzo, da Coexistir Soluções Sustentáveis. Diego é gestor ambiental e permacultor. Rizzo é quem vai orientar todas as pessoas que participarão do mutirão, a maioria delas, sem nenhuma noção ou conhecimento deste tipo de serviço.
Ele explicou que, após o deslizamento do morro, foi procurado pelas lideranças indígenas para recuperar o local. Rizzo desenvolveu um projeto para contenção e recuperação da área mesclando técnicas bioconstrutivas da permacultura como hiperadobe e ferro-cimento, utilizando a terra local combinada com materiais da construção e engenharia civil como cimento, cal, telas, tubos e vergalhões.
Segundo ele, além da “concretagem” da encosta, também, está sendo executada a recomposição arbórea do morro com árvores nativas próprias. No sábado e domingo, segundo ele, será feita a contenção da parte mais vertical do morro, para evitar novos escorregamentos.
“Acreditamos que a Permacultura e o design de soluções baseadas na natureza (SBN) possui técnicas construtivas apropriadas para a preservação e restauração ambiental em ambientes urbanos, inclusive considerando o cenário de emergência climática que se impõe a todos”, destacou.
Ele disse acreditar que as populações podem ser protagonistas na aplicação e manutenção destas técnicas construtivas apropriadas, engajando as pessoas nas soluções efetivas tanto diante de adversidades como também de adaptações necessárias à harmonização dos sistemas construtivos com a dimensão ambiental das diferentes regiões.
Rizzo agradeceu as parcerias que resultaram no mutirão. Segundo ele, se chover, os trabalhos serão suspensos. A aldeia do Rio Silveira está localizada na Avenida Tupi Guarani, no bairro Boraceia, na costa sul de São Sebastião, onde ocupa 8.500 hectares, abrigando cerca de 960 indígenas de 150 famílias, sob o comando do cacique Adolfo Timóteo e do vice-cacique Mauro Samuel.