Primeiro relatório sobre espécies que fazem deslocamento constante revela que um quinto delas estão ameaçadas de extinção; na vida marítima, cerca de 97% dos peixes na lista estão em risco; levantamento aponta causa na atividade humana, que inclui a superexploração e a perda de habitat.
O primeiro relatório sobre o Estado das Espécies Migratórias do Mundo, lançado na última segunda-feira, dia 12, revela um declínio populacional em 44% das espécies migratórias listadas. Mais um quinto estão ameaçadas de extinção, sendo a vida marítima a mais afetada, com 97% dos peixes na lista em risco.
O levantamento aponta que o risco de extinção está aumentando para as espécies migratórias em todo o mundo, incluindo aquelas não listadas pela Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres.
Efeito da atividade humana
Segundo o estudo, metade das principais áreas de biodiversidade identificadas como importantes para os animais migratórios listados na convenção não tem status de proteção. Além disso, 58% dos locais monitorados reconhecidos como importantes para as espécies estão sofrendo níveis insustentáveis de pressão causada pelos humanos.
O relatório aponta para as duas principais ameaças que pairam sobre as espécies listadas, bem como sobre todas as outras espécies em movimento: a superexploração e a perda de habitat devido à intervenção humana.
Conforme revelado no documento, três em cada quatro espécies listadas sofrem com os impactos diretos da perda, degradação e fragmentação de seus habitats naturais. Além disso, sete em cada 10 dessas espécies também enfrentam os efeitos nocivos da superexploração, que incluem tanto a captura intencional como a acidental.
Mudança climática
Além dessas ameaças tradicionais, mudanças climáticas, poluição e presença de espécies invasoras estão emergindo como fatores adicionais que aumentam as dificuldades enfrentadas pelas espécies migratórias.
Um dado destacado no relatório é que 399 espécies migratórias em situação de ameaça ou quase ameaça de extinção ainda não foram incluídas na lista da convenção. Esta lacuna na proteção representa um risco significativo para a biodiversidade global.
Até o momento, uma avaliação abrangente sobre as espécies migratórias ainda não foi realizada. No entanto, o relatório recentemente divulgado oferece uma visão geral global do estado de conservação e das tendências populacionais desses animais em movimento. Além disso, destaca as principais ameaças que enfrentam e as ações bem-sucedidas implementadas para preservá-las.
Ação urgente
A diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen, enfatizou a necessidade urgente de ação em resposta às revelações do relatório.
Ela declarou que as descobertas ressaltam claramente a ameaça que as atividades humanas insustentáveis representam para o futuro das espécies migratórias e explica que além de serem “barômetros da mudança ambiental”, elas também são componentes vitais para manter o intrincado equilíbrio e a resiliência dos ecossistemas do nosso planeta.
O relatório esclarece a escala das jornadas migratórias empreendidas por bilhões de animais anualmente, atravessando diversos campos, como terra, mar e ar, muitas vezes abrangendo continentes e cruzando fronteiras internacionais.
Ao destacar o papel indispensável das espécies migratórias na manutenção do ecossistema, o relatório ressalta suas contribuições vitais, incluindo a polinização de plantas, o transporte de nutrientes, o controle de pragas e o sequestro de carbono.
Evento
O evento sobre conservação da vida selvagem, , que foi encerrado ontem, sábado, dia 17, em Samarkand, Uzbequistão, marcou o primeiro encontro sobre um tratado ambiental global na Ásia Central.
Com a participação de governos, organizações de vida selvagem e cientistas, o encontro discutiu ações para promover a implementação de recomendações, destacando a importância da proteção das espécies migratórias da região, como o antílope Saiga e o leopardo-das-neves.
*Artigo publicado pela ONU News