“Eterno em meu coração e agora para sempre comigo!”, comentou Evelyn Soraia, após tatuar em sua perna direita a imagem do seu cavalo “Calibre”, um manga larga marchador, que foi morto por um policial militar durante uma abordagem em Caraguatatuba, no litoral norte paulista, no dia 14 de janeiro.
Evelyn contou que a tatuagem durou cerca de quatro horas para ser concluída e doeu muito, mas o sofrimento teria valido a pena. “ Ficou perfeita. Ficou muito parecida com ele. Toda vez que vejo bate uma saudade. Ele sempre estará comigo e agora, onde eu for”, afirmou.
A tatuagem foi feita no Elvio Tatoo Studio, que fica no bairro do Morro do Algodão, região sul de Caraguatatuba. Evelyn que já tinha três tatuagens não informou quanto pagou pela imagem de Calibre que tatuou em sua perna direita.
“Calibre” era um manga-larga marchador e tinha cinco anos e três meses quando foi morto por um policial militar durante uma abordagem em Caraguatatuba. O animal estava com eles há três anos e era o xodó dos filhos Felipe, de 10 anos, Enzo, de 7, Eloise, de 3 e Eloá, de três meses. Calibre deixou um filho, Nino, de 9 meses, que está com a família. O casal havia pago R$ 30 mil pelo animal.
Evelyn participou de várias cavalgadas e romarias com Calibre, inclusive, para a cidade de Aparecida. O cavalo também era muito querido pelos filhos delas, principalmente, Elise, de três anos, que ficou abalada com a perda do animal.
O casal ainda conversa com seus advogados para saber quais providências legais devem adotar pela morte do animal no dia 14 de janeiro. Para Evelyn, seu animal foi morto injustamente durante a abordagem policial.
Calibre
O cavalo Calibre foi morto durante uma abordagem policial ocorrida na noite do dia 14 de janeiro na avenida Jundiaí, região central de Caraguatatuba. Quatro cavaleiros cavalgavam pela avenida quando por volta das 23 horas foram abordados pela polícia militar que chegou em duas viaturas.
A PM alega que teria recebido uma denúncia de que um dos quatro cavaleiros estaria armado. Mais tarde, na delegacia de polícia, a PM alegou que, durante a abordagem, um dos cavaleiros tentou fugir e jogou o animal (Calibre) sobre os policiais, momento em que a policial militar teria atirado no animal.
Douglas Souza, de 22 anos, que montava Calibre e os outros três cavaleiros negam a versão dada pela Polícia Militar. Douglas contou que ninguém estava armado e que eles estavam indo até um estabelecimento comer uma pizza, quando, no caminho, foram abordados pela PM.
Segundo Douglas, Calibre teria se assustado com as viaturas, se inquietou e ele procurou acalmar o animal, quando a policial militar P.C.P., de 33 anos, disparou um tiro que acabou acertando o animal, que após disparar por um quarteirão, acabou morrendo. Para Douglas, teria havido despreparo da policial na abordagem.
O cavalo recebeu homenagens da Associação de Cavaleiros de Caraguatatuba no domingo, dia 21, durante uma cavalgada e benção aos cavaleiros e seus animais, que, após percorrer as principais avenidas da cidade, terminou na sede da Diocese de Caraguatatuba, com as palavras e bênçãos concedidas pelo padre Vladimir Ferreira Coelho.