Fotos: Entidades protestam contra embarque de 3,6 mil animais pelo porto de São Sebastião

Ongs reivindicam o fim das exportações de cargas vivas pelo porto de São Sebastião; novos protestos devem ocorrer nesta sexta-feira, dia 2

 

Organizações não governamentais ligadas à defesa da causa animal promoveram manifestações de protesto nesta quinta-feira(1º), em São Sebastião, no litoral norte paulista, contra o embarque de cargas vivas pelo porto local. 

 

 

O protesto ocorreu nas ruas centrais da cidade e os manifestantes aproveitaram para coletar assinaturas para um abaixo assinado junto aos moradores reivindicando apoio a ação que cobra o fim das exportações de cargas vivas pelo porto de São Sebastião. Novas manifestações devem ocorrer nesta sexta-feira(2). 

 

 

O porto sebastianense é um dos poucos no país a realizar a exportação de animais vivos para o exterior. Além do porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, as exportações de animais vivos também são feitas pelos portos de Rio Grande (RS), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA).

 

O navio WMF Express, com bandeira da Guiné Bissau, está atracado no canal de São Sebastião. O navio está fundeado aguardando o início do embarque de 3,6 mil cabeças de gado que serão exportadas para a Arábia Saudita. 

Entidades querem o fim das exportações de animais vivos por São Sebastião

 

Este será o segundo embarque de carga viva pelo porto local. No dia 8 de janeiro foram embarcados 5.800 bois. No ano passado, foram exportados cerca de 200 mil animais vivos pelo porto sebastianense com destino à Turquia, que posteriormente, distribui os animais para outros países como Egito, Iraque, Palestina, Argélia, Emirados Árabes, Jordânia, Líbano, Irã e Marrocos.

 

As entidades ambientalistas contrárias ao embarque de cargas vivas consideram a atividade cruel e estressante para os animais. A viagem de navio entre São Sebastião e a Turquia pode durar de 18 a 20 dias. Ana Paula Vasconcelos, diretora jurídica do Fórum Animal, explica que o transporte de gado vivo é realizado de forma cruel, por longas distâncias, que pode durar semanas até o destino final. João Carlos argumenta que além da crueldade, a cidade de São Sebastião não é beneficiada pela exportação de animais vivos.   

 

 “A cidade não lucrou um centavo, mas as empresas faturam 7 mil euros por cada animal exportado pelo porto, conforme comentou o representante da Minerva, uma das empresas que exportam animais por São Sebastião”, contou João. A Minerva é uma multinacional brasileira responsável pelo embarque de 60% dos animais vivos para o exterior. 

 

João Carlos Pereira Júnior, membro do movimento social que reivindica o fim de exportação de cargas vivas pelo porto de São Sebastião, disse que o navio está aguardando as carretas que transportamos animais, que até às 21 horas desta quinta-feira(1) ainda não haviam chegado à cidade. 

 

Ele disse acreditar que o embarque deveria ocorrer entre às 19 horas desta quinta(1º) e as 6 horas da manhã de sexta(dia 2), mas que isso não estaria ocorrendo. “Se deixarem para embarcar os animais na sexta-feira será um caos. A Rio-Santos está em obras e o movimento de veículos  em direção às cidades da região para o fim de semana será dos maiores”, alertou.  

 

“Acreditamos que serão utilizadas 60 carretas para transportar os animais. Inicialmente, seriam exportadas 5 mil cabeças de gado, mas houve uma redução para 3.60 animais. Não sabemos o que estaria ocorrendo. O navio pode estar com algum problema”, argumentou João Carlos.

 

Segundo João Carlos, o navio WMF Express, atracado em São Sebastião, foi responsável pelo maior derramamento de óleo em duas décadas, em 2020, em Ceuta, na Espanha. Na época, com o nome de Holstein Express, o administrador do Porto de Ceuta multou a embarcação em US$ 410 mil, cerca de R$ 2 milhões, por ter derramado cinco toneladas de combustível durante o abastecimento. Não conseguimos contato com a agência Wilson Sons que cuida dos interesses do navio em São Sebastião.

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