“O cavalo salvou a minha vida”, diz jovem, que montava animal morto durante abordagem policial em Caraguatatuba(SP)

“O cavalo salvou a minha vida”,  contou Douglas Souza, de 22 anos, jovem que montava o cavalo “Calibre” na noite do domingo, dia 14 de janeiro, quando durante uma abordagem, em Caraguatatuba, uma policial militar, P.C.P., de 33 anos, disparou um tiro no animal que acabou morrendo.  Douglas disse acreditar que a policial teria feito o disparo em sua direção, mas o cavalo empinou, acabou levando o tiro e morrendo.  

Douglas, no domingo passado, dia 21, participou das homenagens que a Associação de Cavaleiros de Caraguatatuba prestou ao cavalo “Calibre”. O jovem participou da cavalgada e da benção aos cavaleiros e seus animais feita pelo padre Vladimir Ferreira Coelho, da Diocese de Caraguatatuba.

Douglas, durante as homenagens, prestou sua eterna gratidão ao animal morreu salvando a sua vida. O jovem que trabalha como motoboy, nas horas de folga ajudava a tratar e a cuidar do cavalo que pertencia aos seus amigos Tiago Oliveira e Evelyn.   Douglas em suas horas de folga usava Calibre para cavalgar com amigos, como ocorreu no dia 14 de janeiro. 

“Calibre” tinha cinco anos e três meses e era da raça Maga-larga marchador e pertencia ao casal Tiago Oliveira e Evelyn Soraya, moradores do Ponta Santamarina, na região sul de Caraguatatuba. O cavalo tinha sido adquirido por R$ 30 ml e estava há três anos com o casal.     

Douglas participou das homenagens ao cavalo, morto pela policia militar, realizadas no domingo, dia 21 , em Caraguatatuba

O jovem, que é motoboy e trabalha para uma pizzaria, disse acreditar que a policial atirou em sua direção, mas que o cavalo, assustado com as duas viaturas e a pressão dos policiais, empinou e acabou levando o tiro, que resultou na sua morte. Segundo Douglas, ferido, Calibre disparou por um quarteirão, ainda com ele em cima, até que caiu na rua, agonizando.  

Douglas disse ainda que após a queda se levantou e tentou socorrer o animal, mas os policiais chegaram em seguida e não permitiram. Ele disse que pretendia tirar a cela e as rédeas para que o animal, ferido, pudesse respirar melhor, mas não lhe permitiram. “ Calibre, agonizou por alguns minutos e morreu ali, caído na rua. O tiro disparado pela policial teria atingido o coração do animal”, contou Douglas. 

“Calibre” morreu na rua após levar tiro de policial militar

O jovem contou ainda que foi levado até a delegacia de polícia onde prestou depoimento e foi liberado. Ele também, na mesma noite, depôs no 20º Batalhão da Polícia Militar, onde supostamente estaria ocorrendo uma sindicância para apurar a abordagem que resultou na morte do cavalo.

Douglas disse que ele e seus três amigos, negaram em seus depoimentos na delegacia e no batalhão da PM, que estivessem portando arma de fogo durante a cavalgada. Ele negou ainda que tivesse jogado o animal contra os policiais. Versão dada pelos policiais militares na delegacia de polícia e no batalhão da Polícia Militar na noite de domingo, dia 14. 

Segundo ele, os quatro amigos estavam cavalgando em direção a um restaurante na avenida Jundiaí, no bairro do Sumaré, para comer uma pizza, quando foram interceptados por duas viaturas da polícia militar. 

Durante a abordagem,  “Calibre” teria se inquietado com o barulho das viaturas e a movimentação dos policiais. Douglas soltou uma das mãos da rédeas para acalmar o animal, foi neste momento que, segundo ele, a policial atirou em sua direção, possivelmente, assustada ou temendo que ele, Douglas, fosse reagir a abordagem policial. 

“Acredito que houve despreparo da policial. Ninguém estava armado, ninguém tentou fugir da abordagem, estávamos apenas indo comer uma pizza, nada mais do que isso”, argumentou.  

O casal Tiago Oliveira e sua mulher Evelyn, dono do animal morto, ainda conversam com seus advogados para saber que medidas deverão tomar judicialmente contra o Estado devido a morte do animal. Evelyn entende que Calibre foi morto injustamente durante a abordagem feita pela polícia militar.  O casal estava há três anos com o cavalo que custou R$ 30 mil. 

SSP-SP

Encaminhamos pedido de novas informações sobre o caso à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo a partir de Douglas e seus amigos negarem a versão apresentada pelos policiais militares após a abordagem de domingo, dia 14, em Caraguatatuba.

As informações foram solicitadas na segunda-feira(22) e reencaminhadas na tarde desta terça-feira(23). A Assessoria de Imprensa da SSP-SP informou apenas que “o pedido foi recebido e está em apuração”.   

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