Homenagem aconteceu na manhã deste domingo(21) com cavalgada, carreata, missa campal e benção aos cavaleiros e seus animais na Igreja do Divino, no bairro do Indaiá
Dezenas de cavaleiros de Caraguatatuba participaram na manhã deste domingo(21) de uma cavalgada e missa em homenagem ao cavalo “Calibre” morto por uma policial militar durante uma abordagem na orla da cidade no domingo passado, dia 14.
Boa parte dos integrantes da associação trajava uma camiseta branca com frases homenageando o cavalo morto no domingo passado, entre eles, o casal Tiago Oliveira e Evelyn Soraya, dono do animal e seus filhos. Na frente, a camiseta tinha a frase “Cavaleiros homenageiam Calibre”; na parte de trás, a frase “Eterno em nossos corações”.
A cavalgada foi promovida pela Associação de Cavaleiros de Caraguatatuba. A concentração ocorreu na praça de eventos do centro e em seguida, seguiu pela avenida da praia até o Camaroeiro, retornando pela avenida da orla até a praça da Igreja do Divino, sede da Diocese de Caraguatatuba, no Indaiá. Lá, um padre rezou uma missa e abençou os cavaleiros e animais. Integraram a manifestação em homenagem ao “Calibre” , charretes, ciclistas, motociclistas e motoristas.
Na igreja do Divino Espírito Santo, Tiago Oliveira, dono de Calibre, em nome de sua família e de seus filhos, agradeceu a presença de todos os cavaleiros e o apoio da associação. “Sei que todos que estão aqui gostava do Calibre e de animais”, comentou. Em seguida, o padre Vladimir Ferreira Coelho abençou os cavaleiros, os animais e todos que participaram da homenagem.
A cavalgada solidária aconteceu uma semana após “Calibre”, um manga-larga marchador de cinco anos e três meses ser morto por uma policial militar durante uma abordagem na avenida da praia de Caraguatatuba. A PM averiguava denuncia de que um dos quatro cavaleiros que estavam na avenida estaria armado. Ainda, segundo os policiais ouvidos no boletim de ocorrência, o cavaleiro Douglas de 22 anos, que montava o animal, teria tentado fugir e jogado o cavalo contra a policial, que atirou. Douglas nega a versão dada pela PM.
Segundo Douglas, nenhum dos quatro cavaleiros portavam arma e que, em nenhum momento, ele teria tentado fugir da abordagem e que não jogou o animal em cima dos policiais. Os quatro estavam cavalgando em direção de um estabelecimento na avenida Jundiaí, onde iriam comer uma pizza. Ele explica que, durante a abordagem, o animal se assustou e ficou inquieto e que ele procurava acalmar o animal, quando a policial disparou. Segundo ele, se a polícia tiver acesso as câmeras de monitoramento da avenida Jundiaí, local onde ocorreu a abordagem, comprovará que o cavalo não partiu para cima dos policiais e que em nenhum momento ele tentou fugir. O caso está sendo investigado pela polícia civil.
“Calibre”
O cavalo pertencia ao casal Tiago Oliveira e Evelyn Soraya(Foto), moradores do Pontal Santamarina, região sul de Caraguatatuba. O animal havia sido comprado há três anos, por R$ 30 mil. O casal ainda conversa com seus advogado para saber que medidas devem adotar contra o Estado pela morte do animal. “Tiraram a vida de meu animal injustamente”, afirma Evelyn Soraya, dona do cavalo.
O casal, dono do animal, disse acreditar que teria faltado preparo a policial militar durante a abordagem que resultou na morte de “Calibre”. Eles acreditam que ela, a policial militar, teria se assustado quando cavalo, acuado pelos policiais e viatura, se inquietou e disparou, ocasião em que ela teria efetuado o tiro.
Tiago conta que Calibre participou de cavalgadas e romarias, sempre montado por Evelyn. No ano passado, fizeram duas romarias até Aparecida. Segundo ele, no domingo(14), dia em que o animal foi morto pela policial militar, a família fez pela manhã uma cavalgada com Calibre até o bairro do Pirassununga, zona rural de Caraguatatuba.
Segundo Tiago, no domingo à noite, Douglas pediu o animal para dar um passeio com outros três amigos. Os quatro amigos cavalgavam pela avenida da praia em direção até a avenida Jundiaí, no bairro do Sumaré, onde iriam comer uma pizza quando ocorreu o incidente por volta das 23 horas.
Evelyn disse que Calibre sempre foi um animal manso e que todos os seus filhos montavam nele. O casal tratava Calibre como um filho. O animal estava com eles há três anos, era muito em cuidado e era o xodó dos filhos Felipe, de 10 anos, Enzo, de 7, Eloise, de 3 e Eloá, de três meses. Calibre deixou um filho, Nino, de 9 meses, que está com a família.
Secretaria de Segurança Pública
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, emitiu uma nota oficial sobre o caso na noite da última terça-feira(16), mantendo as informações que constam no boletim de ocorrência feito na Delegacia de Polícia de Caraguatatuba.
Segundo a nota: um cavalo foi morto após seu dono avançar contra policiais militares na noite deste domingo (14), na Rua Santa Branca, no bairro Sumaré, em Caraguatatuba. A Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência onde quatro homens estavam trafegando na via, com os seus cavalos – um deles estava na posse de uma arma de fogo.
A nota da SSP-SP, informa que durante a abordagem, um dos homens, de 22 anos, tentou fugir e foi acompanhado pela viatura. Em determinado momento, ele direcionou o cavalo para cima dos policiais, que precisaram intervir. O animal foi baleado e não resistiu.
Ainda, segundo a nota da SSP-SP, foram requisitados exames periciais ao IC e ao IML. O caso foi registrado na Delegacia de Caraguatatuba e encaminhado ao Juizado Especial Criminal (JECRIM).
Douglas, de 22 anos, que montava Calibre na noite do incidente, negou a versão dada pela Polícia Militar. Segundo ele, nenhum deles portava arma de fogo, nenhum deles tentou fugir durante a abordagem e em nenhum momento teria “jogado” o animal sobre os policiais.
Boletim de Ocorrência
O delegado responsável pelo caso entendeu que a agente teria atirado no animal apenas com a finalidade de auto proteção e/ou proteger os demais integrantes de sua equipe, sem qualquer intenção de tirar a vida do animal, que, com base nos elementos informativos até o momento produzidos, ocorreu de forma acidental, o que afasta o crime de maus tratos a animais, ante a ausência de previsão do referido crime na modalidade culposa.
Ainda, segundo delegado, “ante aos elementos informativos produzidos, entendo que ficou constatado que a policial militar efetuou disparo de arma de fogo com a finalidade de repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, caracterizando a excludente de ilicitude da legítima defesa, prevista no art. 23, inciso II; e art. 25, ambos do Código Penal”. O delegado finalizou alegando que a policial teria agido em legítima defesa. O boletim de ocorrência foi elaborado no inicio da madrugada de segunda-feira, dia 15, pelo agente policial Rogério Angelo Belutti Neto da equipe chefiada pelo delegado Caio Fresatto Nunes de Miranda.