Moradores ou turistas, pessoas com deficiência, enfrentam muitas dificuldades de acessibilidade nas praias do litoral norte paulista. Os cadeirantes dependem da ajuda da família ou de amigos para poderem se deslocar na areia a beira mar. Inexistem passarelas para que eles possam se deslocar sozinho, sem a ajuda de terceiros.
Cadeirante é definido como um indivíduo que faz uso constante de uma cadeira de rodas para sua locomoção. O desenvolvimento das tecnologias trouxe melhorias na qualidade de vida desses indivíduos, mas nas praias nada mudou.
Em algumas cidades brasileiras foram implantadas passarelas especiais feitas de esteira de borracha, madeira ou até alumínio, para facilitar o acesso do cadeirante ao mar. No Balneário de Piçarras, em Santa Catarina, isso existe desde 2018.
Lá, a prefeitura implantou uma rampa de alumínio ligando a calçada à areia, para facilitar o acesso de pessoas com dificuldades de locomoção à praia. A estrutura tem 20 metros de comprimento e foi fabricada nos moldes de rampas semelhantes que já foram instaladas em outras praias inclusivas no país. Hoje, as passarelas são de borracha ou madeira.
No litoral norte, as prefeituras mantém o programa praia acessível, normalmente, em praias menos frequentadas, com equipamentos e até instrutores. Acontece que os cadeirantes, principalmente, os turistas, não querem ficar limitados a uma única praia. Esses programas, também, nem sempre existem nas praias mais visitadas e frequentadas da região.
Em Caraguatatuba, por exemplo, o praia acessível acontece de quinta-feira a domingo e feriados, das 8h30 às 16h30. na praia do centro e oferece 12 cadeiras anfíbias, além de praticar stand up paddle e caiaque adaptado, jogos de dama, baralho, xadrez, vôlei adaptado/sentado e passeio de handbike (bicicleta adaptada para PcD).
No fim de semana passado, a praia estava classificada como imprópria para uso pela Cetesb (Companhia Ambiental Paulista). Desde o início do ano, a praia do Centro, onde acontece o programa Praia Acessível, esteve seis vezes imprópria para uso.
O número de “turistas cadeirantes” cresce a cada ano nas praias do litoral norte paulista, mas apesar de oferecerem áreas de estacionamento na orla e até banheiros adaptados nos quiosques a beira mar, inexistem rampas para que o cadeirante possa se locomover sozinho entre o calçadão e o mar.
Na semana passada, o Notícias das Praias, acompanhou o drama da família do cadeirante Gustavo Souza, de 28 anos, morador da capital paulista, na praia da Cocanha, região norte de Caraguatatuba. Assista ao vídeo:
Gustavo é paraplégico há nove anos. Quando tinha 19 anos foi vítima de uma bala perdia que atingiu a sua coluna desde então depende de sua cadeira de rodas para se locomover. Ele adora uma praia, mas encontra muitas dificuldades de acessibilidade.
“Em todas as praias que frequentamos no litoral sul ou norte é sempre assim, temos que carregá-lo no colo e outra pessoa, levar a cadeira de rodas. Temos também que ficar em praias onde os quiosques ou restaurantes possuem banheiros adaptados para que ele em caso de necessidade possa utilizar. Inexistem rampas ou passarelas para que ele, o Gustavo, possa se locomover sozinho”, lamenta, o amigo Gustavo dos Santos, de 25 anos, que carrega o xará no colo na areia fofa da praia, debaixo do sol forte.
Dona Solange Souza, mãe de Gustavo, confirma que inexistem estruturas como passarelas inclusivas para cadeirantes se locomoverem sozinhos na areia das praias paulistas. “O fato de ter que carrega-los no colo, constrange todos eles. Os prefeitos deveriam se sensibilizar e implantar as passarelas para que eles possam se locomoverem sozinhos pela areia das praias”, cobra dona Solange.