Vereadores cobram prefeitura de Caraguatatuba por falta de medicamentos na rede pública

 

Apesar da distribuição de medicamentos na rede pública de Caraguatatuba estar bastante crítica há mais de um ano, bem como, a grande demora no agendamento dos exames e consultas, finalmente, os vereadores da cidade decidiram cobrar explicações por parte da prefeitura.

Isso ocorreu durante a audiência de prestação de contas do 1º quadrimestre da Secretaria Municipal de Saúde, realizada na manhã de ontem, quarta-feira(31), quando os vereadores de Caraguatatuba fizeram cobranças ao secretário municipal de Saúde, Gustavo Boher e aos técnicos que também participaram do encontro.

Boa parte dos vereadores questionaram a falta de medicamentos nas unidades de saúde do município. São inúmeras as reclamações dos moradores com relação a falta de vários tipos de medicamentos na rede púbica. Faltam, segundo reclamações feitas por moradores nas rádios, televisão e portais de notícias, remédios básicos para diabetes, pressão, colesterol, entre outros.

A prefeitura tem um orçamento de mais de R$ 1 bilhão, mas não tem conseguido garantir medicamentos básicos aos seus munícipes.  “Falta de tudo, a gente procura nas UBS e não consegue achar nada”, reclamou dona Salete, moradora do bairro do Indaiá. Márcio Antonio, morador do bairro do Massaguaçu, reclama que há um ano não consegue os remédios que precisa.

José Rodrigues Cidreira, do Sindicato dos Trabalhadores Aposentados e Idosos do Litoral Norte, disse que a situação está tão crítica que falta até agulhas para aplicação de insulina, além de medicamentos como Diamicron, para diabetes e  Selozok, para pressão alta.

Audiência

Doze vereadores marcaram presença e entre os principais questionamentos estão a falta de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde, falta de manutenção em equipamentos, como por exemplo, tomógrafo e a falta de manutenção dos prédios públicos de atendimento da Saúde.

“O vereador é o agente público mais próximo da população e todos os dias somos cobrados da falta de medicamentos nos postos e isso, secretário, não dá mais para aguentar”, frisou o vereador Baduca Filho.

Durante a audiência, o vereador Fernando Cuiu fez algumas pontuações: “É preciso que todo o dinheiro que a prefeitura repassa à organização social João Marchesi seja esclarecido nesta casa com o devido serviço à população. Nós, vereadores, temos a obrigação de realizar todas as cobranças que sejam necessárias”, destacou.

O presidente da Câmara, vereador Tato Aguilar, irmão do prefeito Aguilar Junior(PL) tentou amenizar as críticas feitas pelo seus colegas, aproveitando a ocasião para relembrar momentos marcantes para a cidade que contribuíram para a área da saúde, como as inaugurações das novas UBSs, a entrega das UPAs Sul e Norte e a ampliação dos leitos da Santa Casa.

Tato, no entanto, cobrou melhor planejamento na saúde. “Tenho um grande respeito e admiração por toda a equipe da saúde. De 2017 pra cá tivemos uma revolução muito grande nesta área. O planejamento é um fator fundamental em todas as esferas dos poderes públicos. Vamos contribuir com ele para que possamos atender toda a população da melhor forma possível”, comentou.

O secretário Boher, há cerca de um mês informou em entrevista concedida à TV Vanguarda que a prefeitura compra 205 tipos de medicamentos e que 52 deles estavam em falta. “Trata-se de um problema nacional, não apenas de Caraguatatuba. Houve um aumento do consumo e falta matéria prima. As empresas não estão conseguindo atender a demanda”, explicou Boher, adiantando na ocasião que a prefeitura iria agilizar a compra dos medicamentos.

O vereador Marcos Kinkas, que vem sendo cobrado pelos munícipes desde o início do ano,  fez um questionamento ao secretário acerca dos serviços de Mamografia e Banco de Leite, que não estão em funcionamento e pediu um posicionamento ao secretário.

Com relação a exame de mamografia, uma moradora do centro da cidade que solicitou exame em outubro do ano passado será atendida apenas neste mês de junho ou seja seis meses após a solicitação do exame.  A demora tem sido grande no agendamento de exames pela prefeitura.

De acordo com o secretário Gustavo: “Nós encontramos um problema na mamografia do Pró-Mulher e temos o AME que realiza este tipo de exame. Nós encontramos uma dificuldade em âmbito nacional para fazer reparos dos equipamentos, que são muito sofisticados e exigem manutenção, que é o que vem acontecendo hoje no Banco de Leite. Estamos entrando em contato com uma nova empresa para realizar este tipo de certificação e trabalhando para que isso seja sanado o mais rápido possível”, afirmou o secretário de saúde.

 

Números

 

Em relação ao número de atendimentos foi apresentado pela secretaria que nos meses de janeiro a abril deste ano, as três Unidades de Pronto Atendimento (UPA) realizaram 87.235 consultas médicas de adulto e 31.417 de pediatria. Mais de 129 mil acolhimentos com a enfermagem foram feitos e 1.936 consultas odontológicas. Permaneceram em observação de até 24h, 1.708 adultos e 298 crianças.

 

A Secretaria de Saúde agendou 14.621 consultas no Centro de Especialidades Médicas do Centro e no Porto Novo; 4.983 no Ambulatório Médico de Especialidades (AME); 6.742 na Casa de Saúde Stella Maris; 1.107 no Hospital Regional do Litoral Norte e 373 pacientes foram encaminhados para consultas em outras cidades.

 

Além disso, foram agendados 6.391 exames na rede municipal, como mamografia, raio-X, densitometria óssea, entre outros. Para o AME, foram feitos 3.320 agendamentos; 4.461 para Casa de Saúde Stella Maris; 2.667 no Hospital Regional do Litoral Norte e 118 para outras cidades.

 

A Casa de Saúde Stella Maris teve 2.723 internações, sendo 389 eletivas e 2.334 de urgência. Dessas, 871 foram cirúrgicas, 735 médicas, 53 psiquiátricas, 742 obstétricas e 322 pediátricas. A unidade ainda realizou 14.079 consultas médicas de urgência e emergência no período. Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foram 647 pacientes adultos internados e 672 neonatal.

 

Das 4.983 consultas agendadas no AME, 1.021 pacientes deixaram de comparecer, registrando uma taxa de 20,49% de absenteísmo (falta); já para os 3.320 exames agendados, 640 faltaram, uma taxa de 19,28% de faltosos.Na rede municipal houve uma taxa de ausência de 31,39% para consultas e 17,25% para exames. Os procedimentos na rede privada registraram absenteísmo de 18,12% nas consultas e 21,08% nos exames.

 

Quanto ao Hospital Regional do Litoral Norte, das 1.107 consultas marcadas, 174 pacientes faltaram, uma taxa de 15,71%, e dos 2.667 exames agendados, foram 418 faltosos, taxa de 15,67%.O Centro de Referência da Mulher (Pró-Mulher) realizou 2.981 consultas com ginecologista e 1.328 de pré-natal, 412 com a equipe de enfermagem, 85 com assistente social, 88 com nutricionista e 757 atendimentos psicológicos. Na Atenção Básica foram 50.063 consultas médicas e 28.326 de enfermagem.

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