Hall da Fama das Maratonas Aquáticas do Brasil homenageia Abílio Couto e Mário Bello

Criado em 2022, o Hall da Fama das Maratonas Aquáticas do Brasil homenageia dois nadadores que tiveram uma grande relação com o desenvolvimento da natação em águas abertas no Litoral Norte Paulista: Abílio Couto e Mario Bello, ambos já falecidos    

 

Inaugurado no ano de 2022 o Hall da Fama das Maratonas Aquáticas do Brasil, com sede na cidade de Santos, na Universidade Santa Cecília, recebeu novos homenageados no último dia 5 de maio, entre eles, o do professor e nadador Mario Jorge de Oliveira Bello, que quando vivia em Ilhabela, colaborou na realização da Travessia Ilhabela/Caraguatatuba e estimulou a natação em águas abertas no litoral paulista.  

 

A criação do Hall da Fama das Maratonas Aquáticas do Brasil foi uma iniciativa do ex-nadador Igor de Souza, um dos maiores nomes da natação em águas abertas no país e atual diretor do departamento de águas abertas da Federação Paulista de Natação e de Marcelo Teixeira, Pró-reitor da Unisanta. 

 

O museu homenageou em 2022, Igor de Souza (que realizou o percurso de ida e volta na Travessia do Canal de Mancha), Poliana Okimoto (medalhista olímpica dos Jogos do Rio-2016), Ana Marcela Cunha (campeã olímpica dos Jogos de Tóquio-2020) e Abílio Couto (falecido no ano de 1998 e que foi o primeiro brasileiro a realizar a Travessia do Canal da Mancha). 

 

No dia 5 de maio foram homenageados Marcelo Teixeira, Marcelo Pirilo Teixeira, Raul Hacker, Agnaldo Arsuffi, Ricardo Contienentino Ratto e Wladir de Souza (Reconhecimento como Dirigente e Técnicos); Enio Faria e Mario Bello(Destaque Brasil); e, Allan do Carmo, Samuel de Bona e Renata Agondi(Destaque Internacional).   

 

Prestigiaram o evento o Senador Marcos Pontes, o campeão olímpico de Judô e diretor geral do COB, Rogério Sampaio, o presidente da Federação Aquática Paulista (FAP), Marcelo Biazoli, além da presença de Poliana Okimoto. 

 

Abílio Couto

 

 

Dois nomes que integram o Hall da Fama das Maratonas Aquáticas tiveram uma grande relação com o desenvolvimento da natação em águas abertas no Litoral Norte: Abílio Couto e Mario Bello, ambos já falecidos.    

 

Abílio Álvaro da Costa Couto, o Abílio Couto, nascido em Ribeirão Preto (SP) em 1924 e falecido em 1998, aos 73 anos, foi um dos pioneiros na natação em águas abertas do Brasil.  

 

No final da década de 60, Couto “criou” a travessia a nado entre Ilhabela e Caraguatatuba, com 22 kms de extensão, até então a mais longa disputada no país, que viria a atrair os principais nadadores de longa distância de toda a América do Sul, que usavam a travessia como “teste” para enfrentar a travessia do Canal da Mancha, de 33km de Dover, na Inglaterra até Calais, na França.  

 

 

 Abílio Couto organizou a primeira edição da Travessia Caraguá-Ilhabela no dia 14 de junho de 1959, disputada por 11 nadadores, sendo que apenas seis delas conseguiram completar a travessia. A competição foi vencida por Salvador Felizzetti. Couto foi o segundo colocado.   

 

 

A largada acontecia na praia do Portinho, em Ilhabela e a chegada era na Prainha, em Caraguatatuba. A travessia era considerada uma das mais difíceis da América do Sul. Disputada no inverno- com baixa temperatura da água, presença de água vivas e forte correnteza no Canal de São Sebastião, era um verdadeiro desafio. Nem todos os competidores conseguiam completar a travessia entre Ilhabela e Caraguatatuba. 

  

Inicialmente a prova era disputada individualmente e revelou grandes nomes da natação em águas abertas sul-americana, como o chileno Armando Souto, o argentino Alberto Reta(recordista individual com 4h11, em 1961) o brasileiro Norio Ohata, Igor de Souza, Renata Agondi e Carla Nose(venceu a travessia com 15 anos de idade em 1983).  

 

A prova foi realizada ininterruptamente de 1959 até 1964. Por falta de apoio e patrocínio ficou 15 anos sem ser promovida, retornando em 1983, com 26 nadadores, sendo que 15 deles não conseguiram concluir a travessia. Vitória de Igor de Souza, do Pirelli, com seis horas e de Carla Nose, do Paineiras, com o tempo de 6h24m, novo recorde da travessia.  

Em 1984 a travessia teve largada em Caraguatatuba e chegada em Ilhabela. A prova foi vencida pelo paulista Rogério Brickman, do Pinheiros, que fez o percurso em 4h40m. No feminino, vitória de Fernanda Fernandes, do Paineiras, com o tempo de 5h30. Um total de 29 nadadores disputaram a prova, sendo dois deles argentinos e outros dois uruguaios. 

 

 

No ano seguinte, 84, vitória de Igor de Souza e de Renata Agondi, no feminino. Em 85 quem venceu foi Rogério Brickman(4h40, no masculino e de Fernanda Fernandes, no feminino(5h31).Waldir Arid, do Pinheiros, venceu a competição em 86 e 87, quebrando o recorde da prova com 3h15. Em 88, o nadador carioca Fabrizio Moreli foi o vencedor da última edição individua da travessia Ilhabela/Caraguatatuba. A prova foi interrompida em 89. 

 

Última prova individual realizada em 1988 foi vencida pelo nadador carioca Fabrizio Moreli

 

Segundo Igor de Souza, diretor do departamento de águas abertas da FPN,  a prova individual deixou de ser realizada por causa dos altos custos, da falta de patrocínios e de interesse das prefeituras de Ilhabela e Caraguatatuba.  A partir de 2013 a prova vem sendo realizada constantemente em revezamento e faz parte do calendário nacional da modalidade.  

 

Atualmente, a travessia é realizada com largada em Caraguatatuba e chegada em Ilhabela e, em revezamento, por equipes. Cada equipe tem quatro atletas com, no mínimo, uma do sexo feminino, de acordo com o regulamento. Cada um nada 30 minutos e a troca é feita na água, na batida de mão, monitorada por um juiz, há um em cada barco.  

 

Na última edição, em 2022, a Equipe Samir Barel Natação I venceu a Travessia Caraguatatuba-Ilhabela, que teve a participação de 26 equipes inscritas. A prova começou na Prainha em Caraguatatuba e teve sua chegada na praia do Perequê, em Ilhabela.  

 

A equipe campeã, formada por Marcos Fraccaro, Lucas Moreira, Marcos Campos e Ana Carolina Morelli sob o comando do ultramaratonista aquático e técnico Samir Barel, cumpriu os 22 kms da prova em 3h55min56. A segunda colocada foi a equipe “Conexão Rio-Brasília” ( 4h04minn47) e, em terceiro, a equipe Atlantis, com o tempo de 4h20min35. 

 

Em Maio de 2002 em Fort Lauderdale, Flórida, Estados Unidos, Abilio Couto teve seu nome inserido no International Marathon Swimming Hall of Fame , entidade filiada a FINA que imortaliza os nomes mais importantes na história do esporte ( Maratona Aquática).

Atualmente o Brasil possui os seguintes membros no International Swimming Hall of Fame: Maria Lenk ( 1988) e  Gustavo Borges (2012). No International Marathon Swimming Hall of Fame o Brasil possui os seguintes nomeados : Abilio Couto (2001), Igor de Souza (2004), Ricardo Ratto ( 2017), Poliana Okimoto (2018) e Ana Marcela Cunha ( 2019).

 

Mário Bello 

 

 

Quando Abílio Couto decidiu criar a travessia Ilhabela/Caraguatatuba em 1959, após concluir a travessia do Canal da Mancha, ele teve que fazer um teste nadando entre Ilhabela e Caraguatatuba para mostrar as prefeituras das duas cidades e a federação paulista que era possível transformar a travessia numa competição internacional, contando com o apoio de Mário Bello, de Ilhabela e do nadador chileno Armando Silva.  

 

Mário teve de fazer uma travessia ao lado de Abílio Couto e Armando Silva, com um barco de pesca acompanhando, para provar à Prefeitura de Caraguatatuba, aos órgãos responsáveis pela segurança do canal, que seria possível. No dia 7 de junho de 1959, ele foi lá e cruzou a distância, de 22km. Uma semana depois, no dia 14 de junho era realizada a primeira edição da travessia a nado Ilhabela/Caraguatatuba. 

 

Mario Bello era professor em Ilhabela e um aficionado da natação em águas abertas, ultramaratonista, que idealizou a 14 Bis, a prova mais tradicional da natação brasileira, com 24 km de Bertioga a Santos. Bello além de participar das provas foi um dos maiores incentivadores da travessia Ilhabela/Caraguatatuba. Foi também um dos criadores da Naman(Fundação de nadadores de maratonas).  

 

Mário Bello foi o introdutor no país da Talassoterapia, uma técnica que usava as propriedades do mar para tratar problemas físicos, psicológicos e emocionais das pessoas. Ele introduziu essa técnica em 1981 quando implantou em Ilhabela o programa Saúde na Praia.  

 

Em Ilhabela, a prefeitura lhe homenageou, ainda em vida, em 2012, concedendo seu nome a primeira piscina semiolímpica pública da ilha. Mário Bello esteve presente com sua família na ilha.  Na homenagem prestada pelo prefeito Toninho Colucci estiveram presentes grandes nomes da natação brasileira: o medalhista olímpico Fernando Scherer; a então campeã mundial de maratonas aquáticas, Ana Marcela; e, o nadador Igor de Souza.  

 

Mário Bello nasceu no Rio de Janeiro em 17 de julho de 1941, morou em Santos, em Ilhabela e em Peruíbe, cidade onde vivia desde 2003 e onde faleceu em 9 de outubro de 2017.  

 

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