Praia de São Francisco, em São Sebastião, foi a mais poluída do Litoral Norte em 2022

A praia de São Francisco, em São Sebastião (Foto acima), foi a praia mais poluída no Litoral Norte em 2022, segundo monitoramento realizado pela Cetesb(Companhia Ambiental de São Paulo) em 52 semanas do ano. A praia sebastianense esteve poluída em 36 das 52 semanas que foi monitorada.  Em 2021, a praia mais poluída do Litoral Norte foi a do Itaguá, em Ubatuba.

O Programa de Balneabilidade das Praias Paulistas monitora atualmente 158 praias em 175 pontos de amostragem. No litoral Norte são monitoradas 91 praias com 98 pontos de amostragem (incluindo 7 praias da Ilha Anchieta. As amostras de água do mar são coletadas nos finais de semana. As análises laboratoriais requerem um período de 24 horas de incubação para o crescimento da bactéria fecal (enterococos). Após esse período, com os resultados, as praias são classificadas e é emitido semanalmente o Boletim de Balneabilidade. Este é divulgado no site e no App para celulares da CETESB, na imprensa em geral, além das bandeiras Vermelha(Impróprias) e Verde(próprias) instaladas nas praias.

Confira o ranking das cinco praias mais poluídas do Litoral Norte em 2022:

1º lugar– São Francisco, na costa norte de São Sebastião, A praia esteve imprópria em 36 das 52 semanas de avaliação. Segundo consta, a poluição é provocada pelo esgoto lançado no rio São Francisco que desagua na praia. A São Francisco já foi considerada uma das praias mais charmosas de São Sebastião, principalmente, na década de 60 e 70. Reduto de pescadores artesanais, a praia tem ainda como atração o Convento de Nossa Senhora do Amparo, construído pelos franciscanos em 1668. A Praia de São Francisco fica a 6km do centro de São Sebastião, nas margens da Rodovia Rio-Santos. No ano passado, a praia ficou na terceira colocação entre as mais poluídas, esteve imprópria em 19 das 43 semanas de avaliação feitas pela Cetesb(o número de semanas avaliadas foi menor devido a pandemia do coronavirus).

2º lugar– Praia do Perequê-Mirim, em Ubatuba, que esteve classificada como imprópria para uso pela Cetesb em 31 das 52 semanas de 2022. Apesar das águas calmas,  a praia do Perequê-Mirim, que fica na costa sul de Ubatuba, próximo a praia da Enseada, passa a maior parte do ano inadequada para banho devido ao esgoto lançado por um córrego e, também,  algumas vezes, pela poluição provocadas pelas embarcações que utilizam as marinas instaladas na praia.

3º lugar– A terceira praia mais poluída de 2022 foi a do Itaguá, também, em Ubatuba, que segundo dados da Cetesb, esteve poluída em 30 das 52 semanas do ano. A praia tem dois pontos de monitoramento, na altura do nº 1724 da avenida Leovegildo e na altura do nº 240. A poluição é maior no primeiro ponto, mas no segundo ponto, também, a Cetesb registrou 21 semanas impróprias em 2022. A poluição é  provocada pelo esgoto que chega pelo rio Acaraú que nasce no Parque Estadual da Serra do Mar e corta os bairros da Sesmaria, Estufa II, Praia Grande, Itaguá, Acaraú e Tenório e deságua no canto direito da praia do Itaguá. No ano passado,  a praia do Itaguá foi a mais polupida da região, esteve imprópria para banho em 36 das 43 semanas de avaliação.

4º lugar– Armação, em Ilhabela. A praia esteve classificada como imprópria para banho durante 24 das 52 semanas de 2022, segundo a Cetesb. A praia tem 650 metros de extensão e é um dos melhores locais no lado norte da ilha para a prática de windsurfe e kitesurfe. Outra atração da praia é a Capela Imaculada Conceição -, onde são realizados casamentos pé na areia.

5º lugar– Itaquanduba, também, em Ilhabela. A praia esteve imprópria para banho durante 20 das 52 semanas em 2022. Segundo consta, a poluição é causada pelo esgoto que chega até a praia através do Canal de São Sebastião. No ano passado, a praia foi a segunda colocada entre as mais poluídas da região, quando ficou durante 27 semanas entre as 43 avaliadas pela Cetesb como imprópria para uso.

Confira as praias mais poluída em cada uma das cidades do Litoral Norte no ano de 2022:  

Ubatuba

Em Ubatuba, a Cetesb monitora anualmente 30% das 78 praias da cidade. As praias Perequê-Mirim( 31 semanas), Itaguá(30 semanas) e Lázaro( 16 semanas) foram as mais poluídas do município no ano de 2022. Praias conhecidas ficaram algumas semanas impróprias em 2022: Itamambuca, paraíso dos surfistas, ficou 10 semanas impróprias no ano passado; Lagoinha, oito semanas; Picinguaba, sete semanas; Domingas Dias, seis semanas; e, Maranduba, cinco semanas. As melhores praias de Ubatuba em 2022 foram: Praia Grande, Felix e Vermelha que estiveram em boas condições durante as 52 semanas do ano.

 

Praia Grande, em Ubatuba, esteve 100% própria para banho em 2022

 

Caraguatatuba

 

Em Caraguatatuba, a Cetesb monitora, semanalmente, 14 das 20 praias da cidade. A do Indaiá foi a mais poluída em 2022, esteve poluída durante 18 das 52 semanas do ano; a Prainha, esteve 17 semanas imprópria; a da Tabatinga(próximo ao riozinho), por 14 semanas; e, a do Centro, por 11 semanas. Praias badaladas também tiveram problemas com a poluição: Martim de Sá esteve 4 semanas imprópria; Cocanha, duas semanas; e Capricórnio, três semanas imprópria.  As melhores praias da cidade em 2022  foram a Mococa e a Massaguaçu que estiveram as 52 semanas do ano em boas condições para banho.

 

Prainha, em Caraguatatuba, esteve poluída em 17 das 52 semanas do ano

 

São Sebastião

 

Em São Sebastião, a Cetesb monitora semanalmente 30 das 42 praias da cidade, ou seja 64% das praias sebastianenses. As praias mais poluídas da cidade em 2022 foram: São Francisco, poluída por 36 semanas; Porto Grande, imprópria para banho durante 20 semanas; Pontal da Cruz, poluída em 17 semanas; e Barra do Una, imprópria em 13 semanas em 2022. Praias badaladas da costa sul também tiveram problemas com a poluição em 2022. Camburi e Sahy estiveram poluídas por cinco semanas em 2022; Juquehy e Toque Toque Grande por quatro semanas;  e, Boiçucanga, por duas semanas. Apresentaram boas condições para banho o ano inteiro as praias Maresias, Baleia, Camburizinho, Preta, Guaecá e Toque Toque Pequeno.

 

Maresias esteve em ótimas condições as 52 semanas do ano

 

Ilhabela

 

Em Ilhabela, a Cetesb monitora semanalmente 19 das 44 praias da ilha. As mais poluídas no ano passado foram as Armação, 24 semanas impróprias; Itaquanduba, 20 semanas poluídas; Sino, 15 semanas; Itaguaçu, 14 semanas; Pinto, 14 semanas; Viana, 13 semanas; Veloso, sete semanas;  Feiticeira, 6 semanas; Julião, cinco semanas; e, Siriúba, imprópria por quatro semanas em 2022.  A praia do Curral, uma das mais badaladas e frequentadas de Ilhabela esteve em boas condições nas 52 semanas de 2022.

 

Praia da Armação foi a mais poluída de Ilhabela em 2022

 

Poluição

A poluição é na maioria das vezes causada pela presença do esgoto na água do mar. Nas praias classificadas como impróprias pela Cetesb o banho de mar deve ser evitado devido aos riscos de doenças transmitidas pelo esgoto. Segundo a Cetesb, corpos d’água contaminados por esgoto doméstico ao atingirem as águas das praias podem expor os banhistas a bactérias, vírus e protozoários. Crianças e idosos, ou pessoas com baixa resistência, são as mais suscetíveis a desenvolver doenças ou infecções após terem nadado em águas contaminadas.

A doença mais comum associada à água poluída por esgoto é a gastroenterite. Ela ocorre numa grande variedade de formas e pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas: enjôo, vômitos, dores de estômago, diarréia, dor de cabeça e febre. Outras doenças menos graves incluem infecções de olhos, ouvidos, nariz e garganta. Em locais muito contaminados os banhistas podem estar expostos a doenças mais graves, como disenteria, hepatite A, cólera e febre tifóide

A região ainda não possui 100% de moradias com coleta e tratamento de esgoto o que reduziria e muito a poluição nas praias. Segundo dados da Sabesp,  Ubatuba tem apenas 45% de suas moradias atendidas por coleta e tratamento de esgoto; Ilhabela, 61% das moradias; São Sebastião, 68%; e,  Caraguatatuba tem 87% das moradias atendidas por coleta de esgoto. As prefeituras renovaram recentemente seus contratos com a Sabesp e pretendem que até 2026 a maioria dos bairros tenham rede de coleta e tratamento de esgoto. O Estado, também, através do programa Onda Limpa, pretende ampliar o saneamento básico na região.

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