Documentário sobre a história do surfe em Caraguatatuba estreia dia 7 de junho no cinema do Serramar Shopping

Um documentário produzido através da Lei Paulo Gustavo, por Luciano Sant’anna, surfista e professor de surf de Caraguatatuba, pretende resgatar e mostrar a importância do surfe em Caraguatatuba.

 

Por Salim Burihan

 

“Eu estava colocando as pranchas no carro, quando ouvi alguém, do outro lado da rua gritar, “vá trabalhar vagabundo”…Eu estava justamente indo trabalhar,  tenho uma escolinha de surfe na praia do Sapê”, conta Luciano Sant’anna, o produtor do documentário “Caraguá! Essa cidade também é surf”, que será lançado brevemente.

 

O comentário de Luciano serve para mostrar como o surfe e o surfista eram encarados nas décadas de  80  90. Hoje, o surfe brasileiro tem campeão olímpico, Ítalo Ferreira e campeões mundiais do Litoral Norte, o Gabriel Medina, de São Sebastião  e o Filipe Toledo, de Ubatuba  e outros atletas disputando a elite do surf, como os irmãos Miguel e Samuel Pupo(São Sebastião)  e competições internacionais como Suellen Naraísa, Wiggolly Dantas, e Wesley Dantas e Luana Soares(Ubatuba).  

 

O documentário produzido por Luciano Sant’anna, além de resgatar a memória do surfe em Caraguatatuba, quer também mostrar que o surfe que era um esporte considerado “marginal” nas décadas de 80 e 90, sempre gerou emprego, renda e transformou a vida de muitos jovens. O documentário está sendo aguardado com muita expectativa pelos antigos e atuais surfistas de Caraguatatuba. Para assistir a exibição prevista para o dia 7 de junho, quando a associação de surfe da cidade comemora 26 anos, será preciso fazer a doação de um quilo de alimento não perecível que será doado para o Fundo Social.

 

No próximo dia 30, às 18h30,  na Videoteca Lúcio Braun, em Caraguatatuba, será feita a pré-estreia do documentário “Caraguá! Essa cidade também é surf”. Será uma sessão exclusiva para a equipe de produção, autoridades e apoiadores. A estreia para o público deverá ocorrer no dia 7 de junho, numa das salas do Centerflex do Serramar Shopping. 

 

  O documentário, que ainda não foi totalmente  finalizado, deverá ter entre 1h15 a 1h30 de duração e tem como objetivo resgatar a memória do surfe local, mostrando a sua importância, não apenas como esporte, mas também, na expansão do comércio local, na produção de pranchas e na defesa do meio ambiente.

 

O documentário promete retratar a paixão pelo surf na cidade, com imagens de surfistas, praias, eventos e depoimentos de pioneiros do esporte. O lançamento está previsto para 7 de junho no Serramar Shopping. Em seguida, o documentário deverá ser apresentado nas escolas públicas e privadas e nas entidades de classe do município e região”, adianta o surfista, professor de escolinha de surfe e produtor do filme, Luciano Sant’anna.

 

O filme foi produzido em parceria com o Conselho Municipal de Cultura de Caraguatatuba, Fundação Cultural de Caraguatatuba, através da Lei de Incentivo Paulo Gustavo, do Governo Federal.  Luciano Sant’anna é o produtor executivo; os cinegrafistas são Rafael Roveran e Marcos Cardoso, que também atua como editor; e, o auxiliar de produção é Marçal  Leme.

 

Luciano agendou as entrevistas com os primeiros surfistas da cidade, entre eles, Manoel Ferreira, o “Caco”, Pedrão, Edson Bola, Serginho Burihan, Mauro Apingorá, Fabio Possa, Ruy Noronha, Alexandre Moliterno e Júlio Barata e imagens em foto e vídeo de surfistas pioneiros,   entre eles, Marcos Antônio Fonseca, o “Marcão”, considerado um dos melhores surfistas da cidade, falecido recentemente.  Entre as mulheres, a primeira surfista da cidade foi Sueli Salvatore, que na década de 70, surfava na Massaguaçu.

 

O documentário mostra imagens antigas de surfistas pegando onda em praias como Martim de Sá, Brava, Massaguaçu, Boqueirão e Praia das Palmeiras.  Boa parte dos surfistas entrevistados, lembra que a maioria desenvolveu seu surfe em praias de Ubatuba, como o Sapê,  Grande, Toninhas, Vermelha, Félix e Itamambuca, onde as ondas eram mais constantes e radicais.

 

A associação de Surfe de Caraguatatuba surgiu em 7 de junho de 1989 (Foto). A partir da criação da associação, o surfe de Caraguatatuba passou a ter competições locais e a defender a preservação do meio ambiente. A associação “lutou” na década de 90 pela despoluição do Rio Santo Antônio, cujas águas recebiam o esgoto domésticos lançado clandestinamente por moradias de vários bairros; e, pela preservação da Praia Brava, impedindo o acesso de motos e carros até o local, que se mantém até hoje, como uma das praias mais preservadas da cidade.

 

Atualmente, a associação mantém parceria com o projeto Guardiões da Costeira, que através do Gigliard Ferreira, faz um trabalho de limpeza de praias, mangues, rios, costeiras, trilhas e encostas de morros em pontos turísticos. O Guardiões da Costeira também atua em mutirões de limpeza com a participação de de alunos das escolas municipais, da escolinha de surfe e atletas da associação.

 

Comércio

 

Luciano conta que o crescimento da prática do surfe na cidade, estimulou a abertura de lojas especializadas em artigos de surfe,  como a Água do Mar Surf Shop, instalada desde 1989, no calçadão da Santa Cruz, do empresário e pioneiro do surf,  Ruy Noronha; a Company Surf e skate, do Gilmar Rio, na galeria Jangada; a Sport Life, do Moisés; e, as lojas Sthill, Sea North e a Billabong no Serrar shopping, que geram empregos e renda.

 

Alguns surfistas decidiram atuar na fabricação de pranchas e confecções artesanais. Segundo Luciano,  o primeiro fabricante de pranchas na cidade foi o Caco, hoje, proprietário de uma marina no Camaroeiro. Em seguida, o Derly, abriu a Litoral Norte Surfboards no bairro do Sumaré. Hoje, a cidade conta com quatro fábricas de pranchas na ativa: Gandola, do Shaper Ari Gandola, no Jardim Jaqueira;  a Breeder Surfboards, no Massaguaçu, do Renato Casemiro; a Tody Só Shaper, do Júlio César, o Todynho; a Stiga Surfboards, no bairro Canta Galo;e, a Litoral Norte, do Derly.

 

Atletas

 

Luciano destaca que o surf em Caraguatatuba tem grandes atletas, tantos competidores, que se destacam tanto em competições de nível regional, nacional e internacional, como  no free Surfer ,  surfistas que viajam para diversos lugares do mundo em busca de ondas.

 

“O primeiro a se destacar nas competições foi o Marco Antônio Fonseca, o saudoso Marcão(na foto ao lado, de camiseta vermelha), que nos deixou em 2024, ele era destaque nos campeonatos dos anos 70 e 80, em seguida, veio o Alex Romero, o Zé Penteado e o  Serginho Burihan. Na década de 90 e início dos anos 2000, o destaque foi Alexandre Moliterno, da família Moliterno do Canta Galo. Ele foi por cerca de 20 anos destaque nas competições, locais, regionais, nacionais e internacionais, sempre teve um surf de alto nível, desde quando iniciou nos circuitos Barra Boys de surf amador até chegar no profissional. Venceu diversos eventos de alto nível, atualmente, é fabricante de pranchas em Itamambuca, em Ubatuba. Com o surgimento da escolinha em 1992 começaram a revelar diversos talentos como, Renato Custodio, Eduardo Chaves, Cristiano Andrade, Pedro Henrique e Cristiane Policar”, contou Luciano.

 

Segundo Luciano, os destaques na atualidade são: no profissional, Luciano Brulher que disputava a elite nacional e o mundial WQS (divisão de acesso do mundial) regional da América do Sul e a elite nacional da CBSurf (Confederação Brasileira de Surf) até 2024, que deixou de disputar as competições para atuar como árbitro de surf da Federação de Surf do Estado de São Paulo,  a SPSurf e da WSL.

 

No surf amador, nas categorias de base, estão se destacando: Kaipo Tomazzi, de 12 anos e Daniel Fachini, de 13 anos. No feminino, o destaque vem sendo  Ketally Oliveira, de 15 anos, campeã brasileira de surf sub 18 feminino na categoria longboard. No surfe adaptado, Marçal Leme, campeão brasileiro de surf adaptado e medalha de bronze no mundial da ISA ( Internacional Surf Association),como o 3º melhor do mundo 2023.

 

Segundo Luciano, existem quatro escolinhas de Surf na cidade, sendo três delas particulares e uma projeto social SURFÉ, que atende crianças de famílias de baixa renda e dá oportunidade para a prática do surf.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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