A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo(SSP-SP) informou que o assassinato da jovem Laryssa Cristina Agostinho dos Santos, de 21 anos, ocorrida em dezembro do ano passado, em Caraguatatuba, continua sendo investigado pela Delegacia de Polícia da cidade.
A jovem desapareceu no dia 14 de dezembro quando retornava a pé do trabalho para casa. O corpo dela foi encontrado em um matagal no dia 16 de dezembro. Um suspeito chegou a ser preso, mas o crime até hoje não foi esclarecido pela polícia civil.
Segundo a SSP-SP, a autoridade policial aguarda a elaboração dos laudos para ser realizada a análise. A equipe da unidade prossegue com as diligências visando o esclarecimento dos fatos.
A SSP-SP informou ainda que demais detalhes sobre as investigações serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial. O caso está sendo investigado pelo delegado Rodolfo Augusto que recentemente assumiu como titular da Delegacia Central de Caraguatatuba.
Laboratório

O Notícias das Praias perguntou a SSP-SP se o Laboratório de Perfilamento Criminal do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) foi acionado para investigar o caso e identificar o criminoso. O laboratório tem ajudado a esclarecer, identificar e prender criminosos, principalmente, em casos de homicídios e crimes de cunho sexual investigados pelo DHPP. A SSP-SP não esclareceu se o laboratório está sendo usado para esclarecer o caso da jovem assassinada em Caraguatatuba.
Reportagem de Amanda Ramos, publicada na Agência SP, explica como funciona o Laboratório de Perfilamento Criminal do DHPP. O laboratório foi criado há um ano e é formado por profissionais capacitados, incluindo uma delegada, investigadores, psicólogos, estagiários, peritos, advogados criminalistas e criminólogos e fotógrafos especializados em cenas de crime. Eles já auxiliaram em 11 casos.
A morte de uma mulher, em julho do ano passado, no bairro São Lucas, na zona leste de São Paulo, deixou os moradores assustados. O corpo da vítima, de 35 anos, foi encontrado dentro de um carro. Àquela altura, ainda não havia suspeitos ou qualquer informação sobre o responsável pelo crime. O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) foi acionado para investigar o caso e identificar o criminoso.
A equipe do laboratório usou técnicas de observação e investigação comportamental para identificar o criminoso. Além disso, também traçou o perfil da vítima, ajudando a entender as motivações por trás do crime.
Os investigadores analisaram uma série de elementos: desde câmeras de segurança — onde foi possível observar as características do autor, a escolha do local do crime, os ferimentos na vítima e outros detalhes que ajudaram a construir o perfil do criminoso. Em poucas horas, os policiais conseguiram traçar o perfil do principal suspeito.
Com as informações obtidas pela equipe, os investigadores puderam descartar o envolvimento do primeiro suspeito, que não condizia com o perfil traçado pelos policiais do laboratório.
O assassino da mulher foi identificado e teve 100% de compatibilidade com o perfilamento descrito no relatório que a equipe do laboratório apresentou durante as investigações. O criminoso, que teve um envolvimento amoroso com a vítima, permanece preso por feminicídio.
Técnicas
As técnicas utilizadas pela equipe auxiliam em casos de homicídios e crimes de cunho sexual investigados pelo DHPP. O trabalho dos perfiladores não exclui a atuação do investigador, delegado ou perito. Ele complementa a investigação, oferecendo uma visão diferenciada que ajuda a entender as motivações que levam ao cometimento do crime.
O psicólogo e perito, coordenador do laboratório, Christian Costa, destacou que o trabalho de perfilamento exige uma análise muito detalhada da cena do crime. Somente aqueles com treinamento em perfilhamento criminal e análise comportamental conseguem chegar a conclusões com maior agilidade.
“Quando um cadáver é encontrado e não há suspeitos, há elementos que constam no campo comportamental e técnico na cena do crime. As decisões tomadas pelo autor, deixam ali um DNA comportamental “, explicou o coordenador. “Cada passo dado pelo criminoso na cena do crime reflete uma decisão. Cada atitude e comportamento dele estão claramente evidenciados na cena”, afirmou.
A criação do setor especializado surgiu da necessidade de analisar casos de maneira diferente. Segundo a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, a ferramenta complementa o trabalho investigativo.
“Precisávamos de uma equipe que, além do conhecimento policial, tivesse expertise no comportamento humano. Queríamos entender o que falhou na investigação ou até mesmo o que deixamos passar”, explicou a delegada. “Então, buscamos referência nessa técnica, amplamente utilizada nos Estados Unidos, e a adaptamos para a realidade brasileira”, acrescentou.
Embora a técnica seja inspirada em modelos internacionais, a equipe está desenvolvendo um protocolo próprio que se adeque aos tipos de crimes ocorridos no Brasil.
“As técnicas aplicadas aqui são frequentemente modeladas às decisões do criminoso. O laboratório tem a preocupação de ter o nosso entendimento a partir de cada caso para a gente responder efetivamente”, disse Christian Costa. “Nosso objetivo é buscar informações detalhadas, analisando os elementos com atenção às particularidades de cada caso.”
A perita criminal, Alessandra Moraes, explicou que o laboratório analisa, como parte do método, os vestígios encontrados na cena do crime e cruza com as informações colhidas nos depoimentos. “O que precisamos para levantar o perfil de um criminoso é enxergar a cena do crime como um resultado de um comportamento. Cada ação é consequência de uma série de decisões”, contou a perita. “Ao entender essas decisões, conseguimos traçar o perfil do criminoso.”.