Por Poio Estavski | Especial para Notícias das Praias.
Na última semana, o Instituto Conservação Costeira (ICC) foi eleito como delegado nato da sociedade civil do estado de São Paulo para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), que será realizada de 6 a 9 de maio de 2025, em Brasília. A escolha, feita pelo Comitê Organizador Estadual (COE-SP), reconhece a trajetória da organização no território e sua atuação na promoção de soluções socioambientais no Litoral Norte.
“Essa conquista é coletiva. Representar o estado de São Paulo na Conferência Nacional do Meio Ambiente é uma responsabilidade imensa e uma oportunidade de levarmos a voz do território, das populações vulneráveis e dos biomas ameaçados como a Mata Atlântica”, afirmou Fernanda Carbonelli, Diretora Executiva do Instituto.
Interrompida desde 2013, a CNMA retorna com o tema “Emergência Climática: os desafios da transformação ecológica”, e será organizada em cinco eixos: mitigação, adaptação e prevenção de desastres, justiça climática, transformação ecológica e governança ambiental. A CNMA é considerada o principal espaço participativo para a formulação de políticas públicas ambientais no país.
Educação climática como projeto de futuro
Entre as experiências que fundamentam a atuação do ICC, o programa Escolas Seguras destaca-se como uma referência em educação climática e prevenção de desastres. Desenvolvido em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o programa promove ações integradas de formação de estudantes e educadores, com foco na preparação para eventos extremos e no fortalecimento das comunidades escolares.
Em 2024, o programa atendeu 1.500 alunos em quatro escolas da rede pública. Em 2025, está sendo ampliado para oito escolas, com o objetivo de alcançar 3.000 estudantes. A nova fase conta com patrocínio da ONG Gerando Falcões e parceria da Prefeitura de São Sebastião.
Recuperação ambiental e resposta à crise climática
Um mês após a tragédia de 2023, quando chuvas extremas atingiram o Litoral Norte, resultando em deslizamentos e perdas humanas, o ICC criou o projeto Restaura Litoral. Apresentado ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) em tempo recorde, o projeto utiliza tecnologia de drones equipados com inteligência artificial para lançar sementes de árvores nativas em áreas degradadas, acelerando a regeneração da vegetação e prevenindo novos deslizamentos.
O Restaura Litoral é financiado pela iniciativa privada em parceria com o Governo do Estado de São Paulo. Conta com patrocínio da concessionária Tamoios e da ONG Gerando Falcões. A execução técnica é realizada pela Atlântica Consultoria Ambiental, em parceria com a Ambipar. O projeto também recebe apoio do Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal, além de colaboração com a Fundação Florestal, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, a Prefeitura de São Sebastião e representantes da sociedade civil organizada da Costa Sul do município.
Em 2024, o projeto foi premiado internacionalmente em Londres, no Global Good Awards, na categoria “Recuperação e Regeneração”, pelo impacto e inovação na resposta a desastres ambientais.
Proteção da Mata Atlântica e resiliência urbana
O ICC também atua na co-gestão da Área de Proteção Ambiental (APA) Baleia-Sahy, criada por demanda da sociedade civil, com mais de 3,9 milhões de metros quadrados protegidos entre as praias da Baleia e da Barra do Sahy. A unidade abriga espécies ameaçadas e exerce papel crucial na regulação hídrica e na prevenção de deslizamentos.
O Instituto integra ainda o programa São Sebastião Resiliente, desenvolvido em parceria com a prefeitura, que busca ampliar as áreas de conservação ambiental e criar barreiras naturais em regiões de risco, promovendo segurança climática e planejamento urbano sustentável.
Reconhecimento público e papel institucional
Em 2024, o Instituto Conservação Costeira foi reconhecido como a Melhor ONG do Brasil na categoria Meio Ambiente e Sustentabilidade, pelo Prêmio Melhores ONGs. A premiação destacou a capacidade técnica da organização, sua atuação transparente e seu impacto direto no território.
Além disso, o ICC ocupa uma cadeira titular no Conselho Estadual de Mudanças Climáticas (CEMC), contribuindo com a construção das políticas públicas ambientais no estado de São Paulo.
Com a participação na CNMA, o Instituto levará a Brasília experiências concretas de educação, prevenção, restauração ambiental e governança territorial. Sua presença reforça o protagonismo das organizações da sociedade civil na formulação de respostas consistentes à emergência climática — a partir do território, da ciência e da escuta.