Mar azulado em Itamambuca, no Litoral Norte Paulista; foto de Leonardo da Costa Dantas/Arquivo Pessoal
Imagine que você está fazendo um passeio pela orla da praia durante a noite e se depara com o mar todo iluminado. Esse fenômeno realmente existe e é chamado de bioluminescência. Essa curiosidade da fauna marinha ganhou destaque recentemente no litoral norte paulista.
Esse fenômeno, que foi registrado recentemente na praia de Itamambuca, em Ubatuba, pelo internauta Leonardo da Costa Dantas, também, ocorre em outras praias brasileiras como Arraial do Cabo(RJ) e Florianópolis(SC) e do mundo.
Afinal por que isso ocorre? O que é a bioluminescência? O engenheiro agrícola e ambiental e oceanógrafo, especialista em oceanografia física e biológica, Rafael Dias, explicou o que é a bioluminescência em um artigo publicado em abril de 2020 no “Olhar Oceanográfico”, um site de comunicação de um grupo de professores, pesquisadores e estudantes da Faculdade de Oceanografia da UERJ.
Segundo ele, a bioluminescência é uma reação química que ocorre em vários organismos do planeta, entretanto, a grande maioria dos seres vivos bioluminescentes é marinha. O plâncton, por exemplo, usa essa técnica para sua sobrevivência, atraindo presas ou afastando predadores. Ele “acende” quando ocorre alguma perturbação na água e quanto maior essa perturbação, mais forte é a energia do brilho.
Normalmente, a turbulência das ondas ou até mesmo o movimento de barcos em sua navegação ajudam a gerar os efeitos mais intensos. A ocorrência desse fenômeno está relacionada à quantidade de nutrientes nas águas: quanto maior a presença de matéria orgânica, maior a chance de acontecer uma bioluminescência.
De forma geral, a luz é gerada graças a uma enzima chamada de luciferase, por meio de uma reação exotérmica. Essa enzima é capaz de oxidar uma substância denominada luciferina que libera energia emitindo luz. É importante destacar que luciferina é o nome de qualquer substância capaz de dar origem à bioluminescência, sendo distinta nos diversos tipos de organismos capazes de emitir luz.
Atualmente o recurso da bioluminescência é utilizado na medicina com a chamada proteína fluorescente verde (GFP). A GFP é uma proteína retirada de águas-vivas bioluminescentes que emite fluorescência verde quando irradiada com uma luz azul. Ela é utilizada para marcar vírus e bactérias, por exemplo, e observá-los através da fluorescência emitida, rastreando assim as infecções.
A função biológica da bioluminescência é variável e ainda não é totalmente conhecida, contudo, estudos acerca desse fenômeno ainda estão sendo realizados. As origens, funções e até mesmo o processo evolutivo desse mecanismo vêm sendo observados de modo a se tornar uma fonte de energia útil ao homem.