Dionísio Reis, chegou no Litoral Norte Paulista, no início da década de 70. Veio trabalhar como policial civil, mas além de se destacar na sua atividade, conquistou os moradores como mestre de bateria das escolas de samba, entre elas, a Tubarão, em Caraguatatuba.
Por Salim Burihan
Dionísio dos Reis, o Mestre Dionísio, foi o primeiro mestre de bateria de uma escola de samba em Caraguatatuba. Dionísio nasceu na cidade de Mococa(SP), mas foi criado no bairro de Itaim Bibi, na capital paulista.
No início da década de70, quando trabalhava na polícia civil foi transferido da capital para Santos, depois para São Sebastião e em seguida, para Caraguatatuba. Começou a se envolver com o carnaval, em São Sebastião, que já tinha desfile de escolas de samba, por volta de 1971.
Em Caraguatatuba, junto com dona Leonor, ajudou a formar em 1974, a Escola de samba Tubarão, a tradicional “vermelho e branco”. A escola seria oficialmente criada em 1977 com o apoio da associação comercial local.
Dionísio sabia tudo de percussão. Aprendeu sozinho a comandar a bateria de uma escola de samba. Tinha ouvido apurado, da cuíca ao tamborim. Aprendeu no “campo” e sabia cobrar cada um dos integrantes da sua bateria.
Amava o carnaval. Passava o ano, aguardando os dias de desfile da escola. Os ensaios chegavam a durar três meses. A bateria estava sempre “afiadíssima” nas apresentações pelas ruas centrais da cidade.
Dionísio, sempre vestido de branco, impecável, seguia a frente , com seu apito, coordenando o entrosamento perfeito entre a cuíca, os surdos, os tamborins e as caixas. Era sempre um sucesso, levantando o púbico que se aglomerava nas ruas e avenidas da cidade nos desfiles da “vermelho e branco”.
Ele era muito envolvido com as escolas de samba que atuou. Percorria a cidade comum livro de ouro recolhendo recursos e doações pelos comerciantes para equipar as escolas. Investiu muito do próprio bolso, para que as escolas pudessem desfilar em condições nas avenidas.
“Essa semana, se estivesse vivo, só íamos encontrá-lo na quarta feira de cinza. Ele se dedicava tanto que quando chegava a semana do carnaval quase não aparecia em casa. Amava o carnaval e a noite”, lembra a filha Patrícia Reis.
“Era um apaixonado pelo carnaval, depois da Tubarão, foi para a escola acadêmicos de Caraguatatuba (Azul e Branco). Perdia noites de sono, corria a cidade com o livro de ouro, porque tinha muito carinho pelo projeto. Perdeu muitos bens para pagar dívidas das escolas”, recorda Patrícia.
Após deixar a Tubarão, por onde comandou a bateria por cerca de 15 anos, Dionísio foi para a escola Acadêmicos de Caraguatatuba, a “azul e branco”. Foi a sua última participação em uma escola de samba em Caraguatatuba.
Dionísio era torcedor do Corinthians. Adorava comer bem. A comida era um dos maiores prazeres da sua vida. Ele fazia um siri na cerveja, simplesmente delicioso. E, adorava ouvir e cantar Jamelão. Em casa era noveleiro. Amava sua família.
O mestre Dionísio morreu novo. Ele faleceu em agosto de 1992, aos 50 anos de idade. A causa da sua morte é interessante: segundo a sua filha Patrícia, ele havia feito um check-up no mês anterior e o médico havia falado que do coração ele não morreria. Um mês depois, ele sofreu um infarto agudo do miocárdio e morreu.
Devido a sua importância na história do carnaval de Caraguatatuba e São Sebastião e na sua atuação como policial, Dionísio foi homenageado nas duas cidades. Em São Sebastião, foi homenageado com nome de rua e uma sala de percussão, na fundação cultural, recebeu seu nome. Em Caraguatatuba, o segundo distrito policial do Porto Novo recebeu o seu nome.
Dionísio deixou a esposa, Laurita da Conceição dos Reis, a dona Laura e seis filhos: Patrícia, Soraia, Rodrigo (Negrety), Fernanda, Vanessa e Valessa. Na ocasião da sua morte, ainda não tinha netos. Hoje, são sete netos: Sthela, Natália, Eduardo, Ana Laura, Vallentina, João Pedro , Noah e quatro bisnetos: Lara, Nicolas. Helena e Arthur. Dionísio tinha uma frase inesquecível quando encontrava os amigos: “vem titio, vem!”.