Areia considerada medicinal é utilizada no tratamento de artrites (inflamações nas articulações) e dores reumáticas
Por Salim Burihan
A praia da Mococa, uma das visitadas em Caraguatatuba, no Litoral Norte Paulista, fica na região norte do município, a 15 quilômetros do centro da cidade. A praia é ainda selvagem e ideal para o banho de mar de idosos e crianças. Bem em frente, fica a Ilha do Tamanduá. Uma das principais atrações da praia ainda é desconhecida da maioria das pessoas que frequenta o local: o poder medicinal de sua areia monazítica.
A areia de cor escura é utilizada no tratamento de artrites (inflamações nas articulações). A areia monazítica contém os minerais tório e urânio, responsáveis por sua radioatividade. A areia espalhada sobre as inflamações produz uma radiação que estimula os tecidos, favorecendo o fluxo sanguíneo na região afetada.
Os médicos afirmam que não há qualquer problema quanto ao tempo que as pessoas devem ficar em contato com a areia, pois o nível de radiação dela é muito baixo. A areia monazítica também é procurada por quem tem dores reumáticas. A areia monazítica da praia da Mococa é pouco explorada turisticamente. São poucas as pessoas que frequentam a praia que sabem da existência no local da “areia que cura”.
A secretaria de Turismo raramente explora a presença de areia monazítica na praia da Mococa. Os moradores mais antigos fazem questão de informar os visitantes sobre a importância da areia monazítica, aquela areia escura que pode ser encontrada nas proximidades do riozinho que separa a praia das encostas do Condomínio Gaivotas. A areia que cura.
Seleção
Na década de 60, a areia medicinal da praia da Mococa, em Caraguatatuba, ajudou um craque da seleção brasileira a recuperar uma torção séria no joelho. Jogador de renome internacional, Dino Sani, apareceu em Caraguatatuba, em 1962, orientado por um médico para tratar seu joelho nas areias monazíticas da Praia da Mococa. Dino já havia atuado pela seleção brasileira- tinha sido campeão do mundo em 1958 e com passagens pelo São Paulo e Palmeira. Na época, era jogador do Milan da Itália, clube onde conquistou os campeonatos italianos de 1961 e 1962 e da Taça Campeões Europeus (atual Liga do Campeões da UEFA) nos anos de 1962 e 1963.
Dino Sani enfrentava um problema muito sério em seu joelho. Chegou à cidade, acompanhado de sua esposa dona Elza. Logo fez muitas amizades com o pessoal da cidade, entre elas, o Durval Marques de Jesus, na época goleiro do XV de Novembro; o comerciante Jorge Burihan; Zé Pinto, zagueiro do XV; com o João Baiano, domo do bar mas famoso da cidade na época; com o Iaiá, famoso pelos seus quitutes, entre eles, o frango a passarinho e o churrasquinho.
O jogador queria usar a areia medicinal para tratar seu joelho, que lhe impedia de retornar aos gramados e praticar um futebol de alto rendimento. Ele ia diariamente até a Mococa, sentava-se na areia escura da praia e aplicava grossas camadas de areia sobre o joelho lesionado. Dino Sani foi muito paciente e dedicado. Passava horas e horas sentado na areia da praia, com aquela areia escura sobre o joelho lesionado.
O jogador passou um bom tempo em Caraguatatuba, período em que acabou recebendo recebeu várias homenagens por parte dos políticos locais, entre eles, Altamir Tibiriçá Pimenta, Matheus, Boneca, Neno Fida, José de Almeida Barbosa, Durval Marques de Jesus. As homenagens aconteceram na sede do clube XV de Novembro e na atual sede da Secretaria de Turismo( que no passado já foi Câmara Municipal e clube social). Dino e dona Elza (Foto) também foram recepcionados com jantares e almoços pela tradicionais famílias da cidade.
O tratamento alternativo deu certo. O jogador recuperou-se da lesão e retornou ao futebol italiano. Logo depois, deixou a Itália, retornou ao Brasil para defender o Corinthians. Nesta época, voltou algumas vezes para passear em Caraguatatuba. Vinha acompanhado de dona Elza e do seu filho Júnior. Dino se aposentou do futebol e hoje, aos 92 anos, vive em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.