A Prefeitura de Ubatuba, no Litoral Norte Paulista, teria contado com o apoio da Polícia Militar de Ubatuba e da Guarda Civil Municipal do município, para retirar os moradores em situação de rua que ocupam a Praça 13 de maio, uma das principais na região central da cidade. Segundo consta, a prefeitura atendeu pedidos de comerciantes e moradores incomodados com a presença dos moradores em situação de rua no local e uma suposta suspeita de que usuários de drogas estariam convivendo no meio deles.
Na última quarta-feira, dia 11, Comissão Diocesana de Justiça e Paz em parceria com moradores da cidade promoveram um almoço de Natal para os moradores em situação de rua que vivem na praça. Quando chegaram lá, tiveram uma surpresa, nenhum deles estava no local.
“Fizemos pernil com arroz maravilha, hoje, para o povo em condição de rua. Mas quando chegamos na praça, cadê o povo? A maior parte foi expulsa da praça pela Polícia Militar e pela Polícia Municipal. Disseram que o local tinha virado ponto de drogas. Até uma árvore foi cortada, porque alegavam não ter visibilidade da praça”, conta João Paulo Naves, membro da Comissão Diocesana de Justiça e Paz.
“Ainda não sabemos para onde eles foram. É assim que se resolve o problema de drogas na cidade? A praça abrigava um grupo numeroso, com uns 15 integrantes. Haviam drogas? Certamente. Mas a expulsão pura e simples não resolve o problema. Os poucos que encontramos ficaram com muito medo de dizer o que tinha acontecido”, relata ele.
O almoço de Natal preparado com muito carinho pelos moradores acabou sendo cancelado e transferido para a quinta-feira, dia 12, quando os cerca de 15 moradores em situação de rua que viviam na praça foram encontrados desta vez ocupando a praia Iperoig.
Ubatuba, já denunciada anos atrás por despejar mendigos na periferia de Taubaté, também faz uso da chamada “arquitetura hostil”. Exemplo disto é a rodoviária da cidade, cujos bancos externos são cercados por grades para que o povo de rua não se abrigue ali. Nos primeiros horários da manhã, os viajantes que esperam pelos ônibus são obrigados a aguardarem de pé ou sentarem no chão.