Programa que está sendo desenvolvido em 16 territórios indígenas do estado de São Paulo, com apoio da Fundação Florestal e Secretaria da Justiça e Cidadania, será apresentado na Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP-16), que acontece em Cali, na Colômbia. Fotos: Arquivo Cristiano Kiririndju/Aldeia Renascer
O programa Guardiões das Florestas, será um dos destaques da 16ª edição da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP-16) que começou ontem, segunda-feira, dia 21, em Cali, na Colômbia. O encontro ocorre até o dia 1ª de novembro e traz como tema Paz com a Natureza. Sandra Leite, da Fundação Florestal, fará a apresentação do projeto Guardiões das Florestas, a nível internacional na COP 16.
O projeto será apresentado no segmento “Diplomacia Científica para a integração da natureza e cultura: políticas e práticas”, no dia 31, das 13:30h às 15:00h, abordando políticas e práticas de reconhecimento e inclusão de povos originários, comunidades tradicionais e locais e financiamento da biodiversidade.
Sandra Leite responde pela Coordenação Técnica e Operacional dos programas “Guardiões das Florestas” e o “Mar Sem Lixo” (de pescadores artesanais), que foram inscritos pelo secretário Rodrigo Levkovicz, da Fundação Florestal e foram selecionados pela organização da COP 16, como referências de políticas e práticas de inclusão, desde o processo de concepção, decisão e implementação.
“Todos temos um papel a desempenhar. Os povos indígenas, as empresas, as instituições financeiras, as autoridades locais e regionais, a sociedade civil, as mulheres, os jovens e o meio acadêmico devem trabalhar em conjunto para valorizar, proteger e restaurar a biodiversidade de uma forma que beneficie a todos”, declarou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, em mensagem pelo Dia Internacional da Diversidade Biológica, comemorado nesta terça-feira, dia 22.
Será a primeira COP da Biodiversidade após a estruturação do Marco Global de Kunming-Montreal (GBF – Global Biodiversity Framework, em inglês), assinado por 196 países em dezembro de 2022, durante o último encontro liderado pelos chineses e ocorrido no Canadá. O documento reúne 23 metas globais a serem alcançadas até 2030 em busca da regeneração de todo o conjunto de vida na Terra.
Segundo cacique Cristiano Kiririndju, coordenador das Políticas para os Povos Indígenas no Estado de São Paulo, o programa, Guardiões das Florestas”, foi iniciado como projeto piloto na aldeia Renascer, em Ubatuba, promovido pela Fundação Florestal do Estado de São Paulo. Em seguida, foi expandindo para seis territórios indígenas. Atualmente, são 16 territórios atendidos pelo programa.
“É essencial para a preservação ambiental, mas o mais importante é que os próprios indígenas conduzem essa capacitação. Essa abordagem valoriza o conhecimento ancestral das comunidades, criando uma verdadeira troca de saberes entre os povos indígenas e as políticas de proteção ambiental”, destacou o cacique Cristiano, coordenador Políticas para os Povos Indígenas no Estado de São Paulo.
Capacitação
No último fim de semana, representantes das comunidades indígenas da aldeia do Rio Silveira, na costa sul de São Sebastião, liderada pelo cacique Adolfo Timóteo e da aldeia Renascer, de Ubatuba, que teve a frente o cacique Cristiano Kiririndju, estiveram reunidos em Ubatuba. Os indígenas participaram de um intercâmbio para troca de conhecimentos, o fortalecimento dos saberes tradicionais indígenas e uma capacitação para implantação do programa Guardiões das Florestas na aldeia de São Sebastião.
A aldeia do Rio Silveira, onde vivem cerca de 500 indígenas, está localizada na divisa de Bertioga com São Sebastião. A aldeia Renascer Ywyty Guaçu, em Ubatuba, abriga cerca de 120 indígenas, que são membros de 23 famílias indígenas da etnia Tupi-Guarani e Guarani Mbya. A aldeia Rio Silveira fica cerca de 150 quilômetros distante da aldeia Renascer.
Os guaranis do Rio Silveira foram recepcionados pelo cacique Cristiano Kiririndju Kiriri, atual coordenador de Políticas para os Povos Indígenas (CPPI) no Estado de São Paulo. “A interação e o intercâmbio de experiências contribuíram para reforçar a conexão com as práticas ancestrais e promover a preservação da cultura. Conversamos sobre proteção territorial com a comunidade da Terra Indígena Rio Silveira, que abrange as cidades de São Sebastião e Bertioga e uma capacitação do programa Guardiões das Florestas”, postou Cristiano, em suas redes sociais.
Cristiano aproveitou para agradecer especialmente à Fundação Florestal, que disponibilizou o transporte e tornou possível a visita dos guaranis do Rio Silveira a aldeia Renascer, em Ubatuba. Segundo Cristiano, a colaboração de todos foi essencial para o sucesso dessa iniciativa.
Guaranis trocam experiências para ampliar proteção das florestas
Guardiões das Florestas
O Programa de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) Guardiões das Florestas, criado no final de 2021, pela Fundação Florestal, tem dentro do seu Comitê Gestor um nome atuante na Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado.
O coordenador de Políticas para os Povos Indígenas (CPPI), Cristiano Kiririndju, garante a participação dos povos originários na preservação ambiental, onde remunera povos originários que contribuem com as Unidades de Conservação, sobrepostas no todo ou em parte por terras/ocupações indígenas para realização de ações como monitoramento territorial, ambiental e da biodiversidade e turismo socioambiental.
O programa é dividido em eixos de atuação, como Monitoramento Territorial e Ambiental, Monitoramento da Biodiversidade, Restauração Florestal, Qualificação Intercultural e Turismo de Base Comunitária.
As aldeias ou TIs beneficiadas são: Ywyty Guaçu, na zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) Núcleo Picinguaba; Djalkoaty, na APA Serra do Mar e zona de amortecimento do PESM Núcleo Itariru; Tenondé Porã, Rio Branco Itanhaém e Guarani do Aguapeú, no PESM Núcleos Curucutu e Itutinga-Pilões e zona de amortecimento; Paranapuã, no Parque Estadual Xixová Japuí; Peguaoty, nos parques estaduais Carlos Botelho e Intervales; e Jaraguá, na zona de amortecimento do Parque Estadual do Jaraguá.
Ao valorizar as atividades, a cultura e os valores dos povos indígenas, o PSA Guardiões das Florestas reafirma a importância desses guardiões da natureza para a preservação do patrimônio ambiental e cultural do estado de São Paulo e do Brasil. Ajude as florestas e os povos originários pelo endereço psaguardioesdasflorestas@fflorestal.sp.gov.br
Atualmente, 16 aldeias, entre elas, as cinco existentes no litoral norte paulista, estão cadastradas no Programa Guardiões das Florestas que é uma iniciativa da Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do estado de São Paulo. O programa tem como objetivo:
- Manter, recuperar ou melhorar os serviços ecossistêmicos
- Promover o desenvolvimento social, ambiental, econômico e cultural
- Fortalecer a cultura dos povos indígenas
O programa é dividido em eixos de atuação, como: Monitoramento territorial e ambiental, Monitoramento da biodiversidade, Restauração florestal, Qualificação intercultural, Turismo de base comunitária.
As famílias de povos originários recebem um valor mensal entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil para desenvolver projetos. As atividades incluem:
- Monitoramento territorial para flagrar aparições de fauna
- Plantio
- Detecção de atividades irregulares, como desmate, queimada, caça ou descarte irregular de material
- Turismo comunitário
- Atividades de educação ambiental com estudantes de escolas públicas e Visitas guiadas
*Com informações da Agência Brasil