Projeto “Vamos Desenredar” recolhe redes e apetrechos de pesca para salvar animais marinhos

Material de pesca é uma das maiores ameaças aos animais marinhos — Foto Capa: Divulgação/Instituto Gremar

 

Um projeto interessante desenvolvido nas praias e cidades do litoral paulista, tem colaborado na preservação da vida marinha. Trata-se do projeto “Vamos Desenredar”, uma iniciativa do Instituto Gremar, de Praia Grande.

 

O projeto foi iniciado no ano passado, trazendo uma nova utilidade para uma das maiores ameaças à vida marinha: os apetrechos e redes de pesca descartados incorretamente por pescadores nas praias paulistas. Por iniciativa do Instituto Gremar esse material tem sido recolhido e transformado em utensílios de cozinha, como espátulas, pegadores e colheres.

 

Ao longo dos últimos anos dezenas de animais marinhos, entre eles, tartarugas, golfinhos e até baleias, foram encontradas feridos ou mortos nas praias da região após ficarem enroladas em redes ou apetrechos de pesca.

 

Baleia enrocada em rede no canal de São Sebastião

 

Baleias, golfinhos, tubarões, arraias, tartarugas e aves ficam enredadas e morrem lentamente por asfixia, infecção ou por ferimentos resultantes de membros arrancados do corpo. Estima-se que cerca de 700 toneladas de apetrechos de pesca são abandonados anualmente no litoral brasileiro.

 

Baleia presa em rede no canal de São Sebastião

 

A bióloga Carolina Ortega, que atua no Gremar, explica que em 2023 um a cada dez animais marinhos deram entrada mortos ou feridos no instituto devido a algum tipo de interação com materiais de pesca, principalmente aqueles que são perdidos ou descartados no mar.

 

A ação ‘Vamos Desenredar?’ iniciada pelo Gremar recolhe os materiais com os pescadores e os encaminham à uma empresa especializada, onde as redes são limpas, e, sob altas temperaturas, são moldadas e transformadas em utensílios de cozinha.

 

A bióloga detalhou que a iniciativa também tem como objetivo sensibilizar os pescadores sobre os prejuízos que o descarte incorreto pode causar no meio ambiente, colaborando na diminuição da taxa de animais marinhos.

 

“A gente consegue gerar novos produtos a partir de um antigo. A rede não precisa ser queimada [ou jogada no mar] para sumir. Ela pode ser transformada em outras coisas”, afirmou Carolina.

 

Segundo o Gremar, em 2023, foram recolhidos 560 kg de redes de pescas e cordas, além de 160 unidades de boias de isopor. O instituto promove caravanas ao decorrer do ano. Os pescadores que tiverem interesse em descartar os apetrechos de pesca corretamente devem procurar os coletores instalados nas praias da Baixada Santista ou entrar em contato com o Instituto Gremar por meio do telefone: (13) 3395-7000.

Saiba mais

As redes de pesca podem ser perigosas para os animais marinhos de várias formas, como: 

  • Redes fantasmas

    Quando os pescadores abandonam as redes no mar para fugir da fiscalização, elas podem ficar presas em animais marinhos, causando ferimentos, enforcamentos, afogamentos e mutilações. As redes fantasmas são responsáveis por até 30% do declínio de espécies marinhas, como golfinhos, tubarões e tartarugas. 

  • Redes de arrasto

    A pesca de arrasto de fundo pode danificar ecossistemas sensíveis, como recifes de corais e pradarias de algas marinhas. As redes de arrasto rasgam o fundo do oceano, destruindo as estruturas que abrigam muitas espécies marinhas. 

  • Degradação plástica

    As redes de pesca são feitas de plástico, que se degrada no oceano ao longo do tempo, formando microplástico. 

A atividade pesqueira também pode afetar a desova dos peixes, reduzindo as taxas de reprodução e maturação. Como consequência, há desequilíbrio ecossistêmico e prejuízos sociais e econômicos.

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