Golfinhos ferem banhistas no litoral do Japão; em 1994, animal causou a morte de um turista em praia de Caraguatatuba(SP)

 

Supostos ataques de golfinho em praias de Caraguatatuba em 1994 ganharam atenção das autoridades e grande destaque na mídia nacional e internacional. Nas praias do Japão, supostos ataques tiveram início em 2022. Foto Capa: Reprodução de um vídeo divulgado na sexta-feira(23), sobre suposto ataque em uma criança em praia de Fukui

 

Por Salim Burihan

 

Supostos ataques de golfinhos a banhistas vem ocorrendo nas praias de algumas cidades do Japão, impedindo que os turistas se banhem no mar. Segundo as autoridades japonesas, a maioria dos banhistas tem sofrido mordidas nas mãos ou fraturas nos ossos. Em 1994, um suposto ataque de um golfinho causou a morte de um banhista em Caraguatatuba, no Litoral Norte Paulista.

 

Segundo especialistas, os supostos ataques estariam sendo praticados por golfinhos que estão ‘sexualmente frustrados’. Segundo o The New York Times, os ataques feriram 47 pessoas na baía de Wakasa, a 300km de Tóquio, desde 2022; na cidade de Echizen, 21 pessoas sofreram ataques; na cidade de Mihama, no ano passado, 10 pessoas foram feridas por golfinhos; e, em 2024, desde 21 de julho, 16 pessoas ficaram feridas nas cidades de Mihama e Tsuruga.

 

As autoridades do país não sabem se as agressões foram causadas por um ou mais espécimes de golfinhos. Para prevenir novos ataques, equipes das prefeituras instalaram dezenas de equipamentos subaquáticos que emitem sons de alta frequência e afastam os animais, além de colocar cartazes e folhetos sobre a agressividade dos golfinhos. Recomendam que os banhistas evitem se aproximar dos golfinhos.

 

Litoral Norte Paulista

 

Jornal Folha de São Paulo destacou na época os supostos ataques de golfinhos em praias de Caraguatatuba

 

Em 1994, cerca de 30 anos atrás, um golfinho, conhecido como nariz de girafa, da espécie Tursiops truncatus, medindo 2,60 metros de comprimento, pesando 200 quilos, macho e de cor cinza, apelidado de “Tião”, ganhou destaque nas praias do Litoral Norte Paulista, por supostos ataques a banhistas, que, inclusive, teria resultado na morte de um deles.

 

O golfinho apareceu inicialmente nas proximidades do terminal da balsa em São Sebastião e, posteriormente, passou a ser visto nas praias Martim de Sá, Prainha e Camareiro, em Caraguatatuba, onde teriam ocorrido os supostos ataques.

 

Muitos moradores da cidade estiveram com o golfinho sem sofrerem nenhum tipo de agressão ou ataque. Foi o caso da arquiteta Anda Dias, que vive atualmente na Suíça. Ana Dias nadou ao lado do golfinho “Tião” sem ser incomodada. O animal, segundo ela, era muito dócil. O dentista Lucas Avelar, na época, com cinco anos, nadou com o golfinho na praia do Camaroeiro, onde o animal ficava no período da tarde. O golfinho, segundo ele, em nenhum momento demonstrava ser violento ou irritado.

Ana Dias nadando com “Tião” em 1994

 

O golfinho teria supostamente “atacado” cerca de 20 banhistas, mas especialistas alegavam, na ocasião, que o animal na verdade não atacava, mas apenas se defendia de supostos maus tratos praticados por parte dos banhistas ao se aproximarem dele.

 

No dia 25 de outubro de 1994, o golfinho passou a chamar a atenção das autoridades locais e a ganhar destaque na mídia, após atacar dois banhistas na Praia Martin de Sá, a mais badalada de Caraguatatuba. Uma das vítimas foi um fazendeiro de Paraibuna, Walter Pereira da Silva, que sofreu fratura em uma das costelas. Segundo relato do bombeiros, na época, o ataque ocorreu porque um grupo de banhistas tentava cercar o golfinho. O animal se irritou e atacou os dois banhistas.

 

Em poucos dias, o golfinho Tião, acabaria sendo responsabilizado por 20 ataques a banhistas. A prefeitura chegou a fazer campanhas orientando os banhistas para que evitasse se aproximar do animal, mas alguns deles continuaram incomodando “Tião”, atirando latinhas de cerveja em direção ao golfinho, outros tentavam segurar o animal e até montar nele. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) chegou a demarcar as praias com boias para isolar o animal dos banhistas.

 

Pesquisadores do Ibama e do Cebimar(Centro de Biologia Marinha) de São Sebastião, alertavam que o golfinho era dócil e só agredia quando provocado ou atacado. Acontece que os banhistas, na maioria das vezes, alcoolizados, queriam montar nele ou colocar até mesmo garrafa de cerveja em sua boca. “Tião” utilizava sua cauda para se defender das agressões.

 

No dia 8 de dezembro, o golfinho faria uma vítima fatal: o banhista João Paulo Moreira, de 30 anos, natural de Espírito Santo do Pinhal, cidade do Vale do Paraíba. Consta que, após ser perseguido na água pelo banhista, o animal revidou, acertando com sua cauda a cabeça e o tórax dele. João Paulo foi socorrido, encaminhado para a Santa Casa da cidade, mas sofreu hemorragia interna e acabou morrendo.

 

Outro banhista, Wilson Regis Pedroso, 41, teve uma das costelas quebradas pela cauda do golfinho. Pedroso ficou internado na Santa Casa de Caraguatatuba, foi medicado e liberado. O diretor do Ibama, em Caraguatatuba, José Luiz Roma, na época, garantia que o golfinho atacou para se defender. Ele decidiu colocar em vigor a lei federal 7.643. A lei determinava que o simples molestamento ao animal poderia dar de 2 a 5 anos de cadeia aos banhistas.

 

Os supostos ataques praticados pelo golfinho “Tião” passou a preocupar a prefeitura e o comércio. A presença do golfinho estaria afastando os turistas da cidade, argumentavam os comerciantes. A prefeitura iniciou estudos para “remover” o golfinho das praias da cidade. Alguns dias depois, o golfinho “Tião” simplesmente desapareceu das praias de Caraguatatuba e nunca mais foi visto.

 

Surgiram muitos boatos sobre o sumiço de “Tião”. Comentou-se que o golfinho teria sido morto acidentalmente após tocar a hélice de uma embarcação e, até mesmo, que a prefeitura e comerciantes da cidade teriam contratados especialistas para darem “um fim no animal”.

 

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