Vídeo: Cineasta Zoran Djordjevic, radicado em São Sebastião, lidera protestos na Sérvia contra instalação de mineradoras de lítio

Cineasta deve lançar em novembro filme sobre caiçara que preserva ilha, berçário de pássaros Trinta-Réis

 

Por Salim Burihan

O cineasta Zoran Djordjevic , radicado em São Sebastião, no Litoral Norte Paulista, está na Sérvia, onde lidera em sua cidade natal, Valjevo, um movimento popular contra a instalação de uma mineradora de lítio. Ele concedeu entrevista ao NP na sexta-feira, dia 26, para falar sobre os protestos que coordena e lidera em sua cidade.

 

Zoran deu um tempo na produção de seus documentários para viajar até sua cidade natal Valjevo, na Sérvia, para liderar e participar os protestos. Ele informou que retorna ao Brasil em outubro e deve finalizar e lançar em novembro  deste ano o seu novo documentário: “Itaçucê, meu escritório”. Ele deverá finalizar também o documentário “Close-up Saravá”,  um filme sobre racismo.

 

Segundo Zoran, mais de 15 mil pessoas participaram de um protesto esta semana em Valjevo contra a criação de uma mineração de lítio no oeste do país. A justificativa dos manifestantes é a de que a instalação da mineradora causaria impactos ao meio ambiente, poluindo rios e prejudicando a saúde dos moradores de várias cidades . A população de várias cidades participa dos protestos nas ruas, informa  Zoran.

 

 

Vídeo com Zoran liderando protestos em Valjevo

 

“São cerca de 32 quilômetros quadrados de área de mineração. Vários rios estão ameaçados, entre eles, Jadar, Kolubara e Drina. Além de Valjevo,. Moradores das cidades vizinhas Loznica, Šabac, Krupanj,  Koceljeva, entre outras, decidiram aderir e participar dos protestos”, contou Zoran.

 

Cineasta Zoran durante protesto em sua cidade natal

 

Segundo Zoran, duas mineradoras estão tentando implantar áreas de mineração na Sérvia: a britânica Rio Tinto, segunda maior empresa de mineração e metais do mundo e a  canadense Euro Lithium.  A companhia Rio Tinto anunciou recentemente que a mina de lítio em território sérvio pretende ser uma das maiores do continente europeu.

 

De acordo com a Rio Tinto, a jazida geraria receitas de exportação significativas e empregos no país da Península dos Bálcãs, especialmente se os sérvios abraçarem a proposta de refinar o lítio localmente e desenvolverem fábricas de bateria à base do material.

 

Segundo sites da Sérvia, o momento é considerado oportuno pelos investidores, considerando que a demanda por carros elétricos movidos a bateria de lítio está crescendo nos EUA, Europa e na China. O uso da bateria de lítio buscam reduzir as emissões de carbono.

 

Documentários

 

Ilhote Itaçucê é berçário de pássaros trinta-réis

 

Zoran finalizava dois documentários quando decidiu viajar até sua cidade natal Valjevo, na Sérvia, para participar dos protestos. Um dos documentários: “Itaçucê, meu escritório”, retratará a história de um caiçara que se tornou guardião de um ilhote numa praia de São Sebastião que é berçário dos pássaros trintareis.

 

A Praia de Barequeçaba está distante 6,5 km do centro de São Sebastião, em direção a   costa sul. É considerada uma das praias mais frequentadas da região central de São Sebastião. Popularmente conhecido como Ilha de Barequeçaba, o Ilhote Itaçucê fica bem próximo da costa e tem fácil acesso. Fica a cerca de 700 metros do continente mar adentro. O acesso pode ser feito de barco.

 

O Ilhote Itaçucê pode ser avistado com perfeição do Mirante Barequeçaba. O ilhote não possui praia, mas é um ótimo local para mergulho de observação, devido as sus águas cristalinas. O local é ponto de nidificação (construção de ninhos) de aves marinhas da espécie trinta-réis. Esses pássaros tinham sumido do local devido ao grande movimento de pessoas e embarcações. Retornaram, e o caiçara Gil Moura se tornou o guardião do ilhote para preservar os trinta-réis.  O ilhote é um berçário dos pássaros Trinta-Réis.

 

O trinta-réis é a maior espécie de trinta-réis do Brasil, tendo cerca de 49 cm de comprimento e peso de 350 a 450 g. Apresenta plumagem cinza-claro no dorso e nas asas, branca no ventre e preta na nuca. Durante o período reprodutivo, o topo da cabeça fica preto; caso contrário, fica branco. Além disso, o bico é laranja e as pernas e pés são pretos. Alimenta-se principalmente de peixes, lulas, camarões e caranguejos

 

 

O filme

 

 

“Nosso filme é com vários pontos de exclamação. E última hora de mudar nossos hábitos. Planeta Terra vai sempre existir, mas para salvar humanidade, próprio humano precisa mudar maneiras. O documentário, com tema ecológico, conta com a participação de um caiçara, de praia Barequeçaba, o Gil Moura, que é voluntário e toma conta do ilhote Itaçucê. O nome do filme é “Itaçucê, meu escritório”. Explica Zoran.

 

 

O filme, um documentário, com tema ecológico, com participação de um caiçara, de praia Barequeçaba, o Gil Moura, que é voluntário e toma conta do ilhote Itaçucê, que é berçário dos pássaros Trinta-Réis, está sendo produzido através de recursos provenientes do Fundo Municipal. A previsão é que o documentário seja finalizado e sua estreia ocorre em novembro.

 

 

João Rural   

 

 

 

Recentemente, Zoran lançou em Paraibuna, no Vale do Paraíba, o documentário sobre João Rural, que retrata a história do pesquisador, historiador, escritor e jornalista João Evangelista de Fria, mais conhecido como João Rural, um dos maiores pesquisadores sobre as muitas raízes do Vale do Paraíba e da cidade de Paraibuna.  João morreu em 2015, aos 64 anos, após um infarto. Ele foi um defensor incansável da cultura e da gastronomia caipira.

 

 

“Retratos, João Rural”, foi produzido pelo Rio Acima Produções, o documentário tem roteiro e produção de Diogo de Nina; roteiro de Diogo Gomes dos Santos; direção de fotografia de Clóvis de Oliveira; direção de projeto de Jacqueline França; com trilha sonora de Eduardo Rennó; e, produção executiva de José Vicente Faria. O lançamento do documentário aconteceu dia 18 de julho, no Teatro Oficina Ana Zito, em Paraibuna.

 

Ele também finaliza o documentário “Close-up Saravá”. Trata-se de um projeto de documentário sobre racismo. É financiado através de Lei Paulo Gustavo, pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo de São José dos Campos. Participam do filme mais de 50 testemunhas de diversas áreas, desde diretores do teatro, escritores, professores, até artistas da região.

 

“Será um filme cheio de emoções, mas também de beleza, ritmo e movimento que carrega as cores do sofrimento racial. Estreia do filme já definida para Outubro de 2024”, conta Zoran.

 

Zoran

 

 

Zoran Djordjevic nasceu na antiga Iugoslávia, hoje Sérvia. Estudou faculdade de Cinema & Tv na FAMU em Praga, na República Tcheca. Pós-graduado no tema de filme documentário. Autor de vários documentários, vídeos institucionais e curtas. Trabalha como diretor de cinema, TV & teatro, roteirista, fotógrafo, diretor de fotografia (opera com todos formatos das câmeras de cinema & tv), editor de imagem & som, escritor e professor de fotografia, cinema & TV. Zoran reside no Brasil há mais de 25 anos.

 

 

Zoran Djordjevic fugiu da guerra na antiga Iugoslávia, hoje Sérvia, em 1999, primeiro morando em  Caraguatatuba e depois, se fixando em definitivo em  São Sebastião, como cineasta tem acumulado prêmios nacionais e internacionais com seus documentários, entre eles, “Marcos, Força de Vontade”, premiado no início desta semana em Cannes, na França 

 

O cineasta foi premiado no Festival Internacional de du Film Entre Deux Cannes 2024, em Cannes, na França, com o documentário “Marcos, Força de Vontade”, que retrata a vida do artista plástico José Marcos dos Santos, de 52 anos, que nasceu com paralisia cerebral e produz suas obras de arte usando apenas o pé esquerdo.

 

O documentário foi premiado na categoria “Êtres Singuliers, Humanité Plurielle”(Seres Singulares, Humanidade Plural), com o prêmio The Public Prize (prêmio do público)“ George Lautner by Entre Deux…Cannes. O prêmio homenageia Georges Lautner que foi um cineasta e roteirista francês, falecido aos 87 anos em 2013, conhecido principalmente por suas comédias criadas em colaboração com o roteirista Michel Audiard.

 

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