Projeto Cavalos Marinhos pretende expandir suas pesquisas em praias e ilhas do Litoral Norte Paulista

Foto Capa/Projeto Cavalos Marinhos: Pesquisadores monitorando cavalos-marinhos em Ilha Grande, litoral de Angra dos Reis. 

Por Salim Burihan

O Projeto Cavalos-Marinhos que há 21 anos pesquisas esses peixes em praias, baias e ilhas do Rio de Janeiro avalia a possibilidade de estender seus estudos sobre esses animais em praias e ilhas do Litoral Norte Paulista. Atualmente, o projeto monitora e pesquisa cavalos- marinhos em Ilha Grande, em Angra dos Reis, na Baía de Sepetiba, na Baía de Guanabara, na Laguna de Araruama, em Arraial do Cabo e em Búzios.

 

O projeto nasceu, nas dependências da Universidade Santa Úrsula, ainda em 2002, por iniciativa da então aluna de Ciências Biológicas, Natalie Freret-Meurer, que hoje preside e coordena o projeto que tem parcerias com a Petrobras, CMA CGM, Mercosul Line, Iate Clube do Rio de Janeiro e Dive Point.

 

Segundo Natalie Freret-Meurer não existem ainda pesquisas sobre cavalos-marinhos no Litoral Norte Paulista, principalmente, em praias de Ilhabela e Ubatuba. “Atualmente, não existem, contudo há um planejamento de expansão do nosso projeto para atuar no litoral norte de SP em breve”, informou Natalie.

 

O projeto Cavalos-Marinhos iniciou nesta semana suas pesquisas mensais na Ilha Grande, em Angra dos Reis, no Litoral Sul-Fluminense. A equipe de monitoramento conta com quatro pesquisadores e dois estagiários. As pesquisas estão sendo feitas na praia de Araçatiba, na Lagoa Verde, na Lagoa Azul e no Abraãozinho.

Pesquisadores registraram na Ilha Grande espécie de cavalo-marinho-de-focinho-longo. Foto: Reprodução RJTV/Imagens cedidas pela Petrobrás

 

“O monitoramento é feito mensalmente na praia de Araçatiba, Lagoa Verde, Lagoa Azul e Abraãozinho. Em todos os locais há um estabilização da população, ou seja, temos populações pequenas, ainda ameaçadas de extinção, porém estáveis”, explicou Natalie.

 

No monitoramento, os pesquisadores e estagiários analisam a quantidade; a proporção de machos para fêmeas, e de adultos para jovens; o estágio reprodutivo e o tipo de comportamento que eles apresentam. Esse conjunto de fatores mostra como está a saúde dessa população. Também é feita uma marcação visual de cada um, por meio de fotografias do topo da cabeça dos animais, onde fica uma estrutura óssea chamada de coroa. Elas são como a nossa impressão digital, ou seja, são únicas.

 

Bióloga Natalie Freret-Meurer coordenadora geral do Projeto Cavalos Marinhos. Foto: Reprodução RJTV

Segundo Natalie, na Ilha Grande, pode se avistar cavalos-marinhos o ano todo, sem uma sazonalidade ainda muito clara. No Brasil, existem grandes adensamento nos manguezais nordestinos, na Baía de Sepetiba e na Laguna de Araruama.

 

Existem no mundo 48 espécies de cavalos marinhos, mas apenas três espécies são encontradas no Brasil:  o Hippocampus reidi, o cavalo marinho do focinho longo; Hippocampus erectus, o cavalo marinho raiado; e Hippocampus patagonicus, o cavalo marinho de focinho curto.

 

O Projeto Cavalos-Marinhos promove ações ambientais para educar a população para que ela não capture os peixes para criá-los em cativeiro. A espécie vive ameaçada de extinção.

 

“É importante que as pessoas não toquem nos animais, façam os avisamentos, porém mantendo distância mínima de 50 cm, não comprem cavalos-marinhos para colocar em aquário (o comércio no Brasil é ilegal e proibido), não comprem produtos feitos com esqueleto de cavalos-marinhos, pois o zooartesanato é uma das principais causas da redução populacional”, recomenda a bióloga.

 

Até 2014, os cavalos marinhos não eram protegidos nas praias brasileiras, segundo Natalie, nesse período, a poluição atrelada ao aquarismo quase coloca os coloridos e delicados peixinhos em risco de extinção.

 

Em 2014, por meio da Portaria 445 do Ibama foi proibida a captura, transporte, armazenamento, guarda e manejo desses animais. Segundo Natalie, a medida resultou no aumento da população de cavalos-marinhos.

 

Cavalo Marinho 

Os cavalos-marinhos são peixes pertencentes à família Syngnathidae, conhecida por suas características distintivas, como a cabeça em forma de cavalo e a capacidade única dos machos de dar à luz. A origem do nome vem do grego antigo, hippos (cavalo) e kampos (monstro marinho).

 

O cavalo-marinho mede até 22 centímetros, nada na horizontal e, no período de reprodução, o macho gera até 300 filhotes. Pequeno, o cavalo-marinho se protege dos predadores entre os galhos e luta contra a captura ilegal. Todas as espécies do mundo correm risco de extinção.

 

Existem no mundo 48 espécies, no Brasil vivem apenas três: o Hippocampus reidi, o cavalo marinho do focinho longo; Hippocampus erectus, o cavalo marinho raiado; e Hippocampus patagonicus, o cavalo marinho de focinho curto. A origem do nome vem do grego antigo, hippos (cavalo) e kampos (monstro marinho).

 

Curiosidades

 

Em setembro do ano passado, a presidente do Projeto Cavalos-Marinhos, Natalie em entrevista ao jornalista Paulo Alonso, reitor da Universidade Santa Úrsula, deu informações interessantes sobre os cavalos-marinhos.

 

Natalie explicou, por exemplo, que o ritual de acasalamento dos cavalos-marinhos pode durar até dias, com direito a mudança de cor e nado em sincronia. “O namoro deles é uma coisa linda. Mudam de cor, machos e fêmeas ficam brancos na lateral para demonstrar o interesse mútuo. E dançam juntos, em sincronia de movimentos e ritmo.”

 

Natalie detalhou na entrevista como é o processo de fecundação e gestação dos futuros cavalinhos. “Apesar da sedução intensa, ela é breve e dá lugar a um grande senso de praticidade por parte da fêmea, que introduz seus óvulos na bolsa de gestação – uma espécie de útero – do macho. Depois disso, cada um vai para um lado”, explicou.

 

Segundo ela, no mundo dos cavalos-marinhos, o macho fica grávido e passa 15 dias nesta condição. Encerrado esse tempo, ele entra em trabalho de parto, dando à luz a aproximadamente 600 e 700 filhotes, que nascem com alguns poucos milímetros.

 

Em um dos laboratórios da Universidade Santa Úrsula(RJ), onde os pesquisadores do projeto estudam o comportamento e formas de evitar a extinção dos cavalos-marinhos, um macho já pôs no mundo mais de 1.800 filhotes.

  • Com informações do jornalista Paulo Alonso, reitor da Universidade Santa Úrsula

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