Maison Joly, em Ilhabela, que hospedou reis, artistas famosos, músicos internacionais e empresários renomados adere ao sistema Airbnb

O Hotel Maison Joly, em Ilhabela, que foi considerado o “Copacabana Palace” do Litoral Norte Paulista, que ao longo de 30 anos, hospedou reis, músicos internacionais, artistas, modelos e empresários renomados, decidiu desativar seu serviço de hotelaria e passar a atuar através do site de acomodações Airbnb.

 

Por Salim Burihan

 

O Hotel Maison Joly, em Ilhabela, um dos mais badalados estabelecimentos de hospedagem do litoral paulista, após 30 anos, decidiu encerrar seu serviço de hotelaria tradicional. O café da manhã também foi desativado. O restaurante do hotel tinha sido fechado em 2013. O hotel hospedou durante anos reis,  músicos internacionais, artista e empresários renomados, chegando a ser considerado o “Copacabana Palace do Litoral Norte Paulista”.

O proprietário Junior Joly, explicou que a partir de agora seus apartamentos serão locados através da Airbnb. O Airbnb é um dos serviços de hospedagem e aluguel de apartamento e quartos mais populares do mundo. É um aplicativo de aluguel de acomodações, no qual os usuários criam uma conta gratuita para anunciarem seus espaços.

“Estou desativando o restaurante, o café da manhã e o restaurante do hotel e estou imigrando também para o sistema airbnb. Não consegui resistir a hotelaria, percebi que está havendo uma mudança comportamental nos clientes, que estão buscando um novo modelo de hospedagem, que é através dos aplicativos de hospedagem”, explicou Joly.

Esta semana, Joly anunciou nas redes sociais o leilão de 154 itens, entre eles, moveis, objetos de decoração e todos os equipamentos que utilizava no café da manhã e no restaurante. A lista pode ser acessada através do link:

https://docs.google.com/document/d/1l9vbSxKBSjW5B8OYSsD6MWzwSajtBaBp/edit?usp=sharing&ouid=114422377064536309377&rtpof=true&sd=true

 

3O anos

Joly, Regina Duarte e Rainha Silvia, da Suécia

 

A decisão de mudar ocorre justamente no ano em que o hotel completava 30 anos.  O estabelecimento possui uma arquitetura simples, mas sempre cativou pela sua maravilhosa vista que proporcionava e encantava seus hóspedes e pela sua proximidade com o centro histórico, onde estão as principais lojas, bares e restaurantes da ilha.

O hotel oferecia um atendimento diferenciado, personalizado e contava com apenas nove suítes, todas voltadas para o mar, cada uma oferecendo algum detalhe diferente.  A sala principal com piano bar era decorada com muitas obras de arte, inclusive quadros de pintores consagrados, esculturas e tapetes orientais.

O Maison Joly exibia com orgulho, uma placa que marca a visita do Rei Carlos e da Rainha Silvia, da Suécia, em março de 1998. Muitas celebridades estiveram hospedadas ou frequentaram o diversificado restaurante do hotel, que deixou de atender seus clientes em 2013.

O empresário Junior Joly, aos 73 anos, 30 deles vividos em Ilhabela, conta história interessantes sobre o Maison Joly.  Ele viveu em várias cidades e países, antes de “atracar” na ilha mais famosa do litoral paulista. Viveu na Itália, entre Roma, Napoli e Capri, graças a sua qualidade como músico. Joly é um excelente pianista e violonista. Após seis anos na Europa, decidiu investir em Ilhabela.

“Eu, decidi investir em Ilhabela, na época, em 1993, oferecendo uma hotelaria e gastronomia mais sofisticada. Uso de talheres de prata, copos de cristais, toalha de linho, para atender uma clientela mais requintada. Tinha vivido por seis anos na Itália e trouxe de lá esse requinte. Cuidava e me preocupava com tudo no hotel” conta.

No restaurante do hotel, que ele manteve até 2013, Joly era quem cuidava de tudo, da compra e escolha do peixe, do camarão, do polvo, do armazenamento e checagem do que era preparado para os hóspedes ou frequentadores.

O hotel tornou-se uma referência em Ilhabela e o seu restaurante, um dos mais procurados e frequentados do Litoral Norte.  A fama do hotel e do restaurante fez Joly ganhar espaços na mídia. Esteve no Fantástico, entrevistado por Helena de Grammont; na Band, entrevistado por Otávio Mesquita; na Rede TV; e, em revistas nacionais como Isto É  e Gula, especializada em gastronomia e em vários jornais de circulação nacional, entre eles, a Folha. Isso tudo, acabou tornando o hotel uma atração na ilha.

A lista de frequentadores renomados é enorme e incluí, além dos reis Carlos e Sílvia, da Suécia, Bob Keys e Ron Wood, do Rolling Stones, modelos famosas como Beth Prado, as atrizes Regina Duarte e Luiza Tomé, os músicos Fafá de Belém e Toquinho,  o piloto Felipe Massa, as apresentadoras Luciana Gimenez, Ana Paula Padrão, Fernanda Lima e Adriane Galisteu, os esportistas Ana Paula do voley e  o ex-jogador Roger, comentarista do Sport TV, políticos renomados e empresários os mais influentes como José Luiz Gandini, Presidente da Kia do Brasil e Olacyr de Moraes, o “Rei da Soja”, entre outros.

É evidente que Junior Joly, responsável pela implantação do hotel, sempre foi a peça mais importante no sucesso do Maison Joly. Ele mantinha um relacionamento incrível com as pessoas que se alojaram no hotel ou que frequentaram o restaurante, fossem eles, famosos ou não. Sempre foi assim, desde o dia em que após retornar da Itália, decidiu deixar a cidade de Franca, no interior paulista, para construir o Maison Joly na Ilha, no alto do morro do Cantagalo, a 80 metros acima do nível do mar e próximo a linda Igreja Matriz e o centro histórico da Vila.

 

Hotel

Os “stones” Bob Keys, no saxofone e Ron Wood, na guitarra, deram um show a parte no Maison Joly

Cada apartamento do hotel tinha sua história. O roqueiro Ron Wood, dos Stones, ficou alojado no apartamento 15. Ele esteve no Maison Joly em fevereiro de 1996 junto com a sua mulher Josephine, acompanhado de Bob Keys e sua mulher, a brasileira, Mirian Steimberg. Os dois casais fizera passeio de barco até a praia do Curral, curtiram exibição da escola de samba Padre Anchieta no hotel, quando Ron Wood e Bob Keys tocaram surdo e tamborim e ensaiaram passos de samba e e durante a madrugada, circularam pelos bares do centro histórico. O apartamento 15, posteriormente, alojou a atriz Cláudia Liz e a modelo Beth Prado.

Uma das suítes mais procuradas do Maison Joly com vista para o canal de São Sebastião

A suíte 19 , entre outros famosos, alojou Adriane Galisteu; a 18, a jornalista Cristianne Pelajo; a 17, Regina Duarte, a 16, o iatista supercampeão Torben Grael; a 14, a jornalista Ana Paula Padrão, Luana Piovani e Toquinho; a 12, o  chef Emmanuel Bassoleil e o então ” Rei da Soja”, Olacyr de Moraes; o cantor e pianista norte-americano Steven Ross, ocupou a suíte 13; na suíte 11, ficou Fernanda Lima, o maquiador Lili Ferraz e o médico cardiologista, nutrólogo e escritor Lair Ribeiro; e, na 20, Michel Freidenson, um dos maiores pianistas do Brasil e Adolfo Lindemberg, CEO da Construtora Lindemberg, uma das maiores do país.

Histórias

O Maison Joly deixa muitas histórias interessantes ocorridas em Ilhabela. Na foto,  a apresentadora Luciana Gimenez deixando o Maison Joly para a cerimônia de casamento na Fazenda Ponta das Canas. Arquivo: Maison Joly

A apresentadora Luciana Gimenez passou a noite de núpcias na suíte do Maison Joly quando se casou como empresário e apresentador da Rede TV, Marcelo de Carvalho. Os dois se casaram em 2006 em uma celebração badalada na Fazenda Ponta das Canas, em Ilhabela, para cerca de 200 convidados. Após a festança o casal seguiu para o Maison Joly onde ocupou a suíte 19. Os dois se separaram em março de 2018.

Segundo Joly, em 2005, Gisele Bündchen(Foto), modelo brasileira internacional, teria demostrado interesse em comprar o Maison Joly

Segundo Joly, Gisele Bündchen, a modelo mais bem sucedida do Brasil e que está entre as mulheres mais ricas do mundo, em 2005, quando namorava o ator Leonardo DiCaprio, mostrou interesse em comprar o Maison Joly. Segundo ele, Gisele teria sido informada por um amigo sobre o hotel diferenciado em Ilhabela e recebeu um álbum com fotos detalhadas do estabelecimento. Joly contou que Gisele fez questão de mostrar que tinha recebido o álbum com as fotografias do hotel e lhe enviou uma foto com o álbum nas mãos. O negócio não avançou.

 

Restaurante

 

O restaurante do hotel, foi considerado um dos mais renomados de Ilhabela até 2013 quando encerrou suas atividades. “Nesta época, mudou muito o perfil do turista que frequentava a ilha. Ilhabela ficou mais popular com os turistas optando por uma culinária mais simples, mais rápida e mais barata”, conta Joly.  Hoje, o hotel serve apenas o café da manhã.

A gastronomia oferecida pela Maison Joly era realmente diferenciada. Em entrevista concedida a um jornalista para sua coluna “O que você comeu e não esquece?”, a rainha Silvia, da Suécia, declarou a um jornalista que jamais se esqueceu do prato servido por Joly durante um jantar no hotel:  salada de folhas verdes com molho de morango e vinho do Porto e spaghetti de frutos do mar e como sobremesa Torta de Chocolate. Luciano Luck, quando jornalista do Jornal da Tarde, rasgou elogios ao hotel que mantinha poucos apartamento e um serviço bastante diferenciado em Ilhabela.

A atriz Regina Duarte frequentadora do hotel e do restaurante, que se tornou amiga de Joly,  ganhou um prato com seu nome: “Vieiras à Regina Duarte”, a vieira é uma espécie de mexilhão e era servida grelhada com cubos de melancia para tornar o prato mais refrescante.

Para Ron Wood e Bob Keys, músicos dos Stones, Joly serviu vários pratos, a maioria a base de frutos do mar, entre eles, Spaghetti com o Melhor do Mar(camarão, lula e povo); Peixe espada com ovas de Capelin( ovas de um pequeno peixe do Atlântico e do Pacífico, semelhante ao caviar); Coquilhe Saint Joly com camarões e vieiras; Ice Salad com ou sem camarões(folhas verdes ao molho de morangos e vinho do Porto, servida numa travessa de gelo); e, entre as sobremesas, Souflee de nozes e avelãs gelado e Torta tricolor de chocolates. Acompanhando tudo isso, muitas caipirinhas de cachaça, vodka e rum.

Apesar do frutos do mar ter sido o carro chefe do restaurante do Maison Joly, as massas e as carnes também faziam muito sucesso. A consulesa da Tailândia em São Paulo, Thassanee Wanick, reconhecida internacionalmente como defensora da causa da sustentabilidade, esteve várias vezes no restaurante do Maison Joly, em todas elas pedia o mesmo prato: Penne au citron e petit filé mignon (molho da massa a base de limão, do filé a base de estragão, alho e vinho branco).

Joly tinha cuidados impressionantes com a qualidade dos frutos do mar usados na cozinha do Maison Joly. No verão, procurava sempre usar peixes de oceano, pescados  no “Mar Azul”, uma corrente oceânica que nesta época se aproxima mais do continente, possibilitando  a captura de peixes considerados nobres como o Dourado e o Atum, que podem ser servidos cozidos, assados ou até mesmo cru, sem perder a qualidade.

“Os peixes capturados nessa corrente marítima, a Mar Azul, são excelentes e os restaurantes da região precisam explorar mais esses peixes. O Dourado, por exemplo, após ser capturado e levado para dentro do barco muda de cor, devido ao stress, ficando azul ou verde. Após uma hora, retorna a sua cor dourada”, conta Joly. Na época, ele adquiria esses peixes dos participantes de torneios de pesca de oceano em Ilhabela. Joly foi o pioneiro no Festival do Camarão da ilha, até hoje, uma das maiores atrações gastronômica de Ilhabela.

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