Líderes guaranis da aldeia Renascer, de Ubatuba, participam de simpósio em Universidade da Nova Zelândia

Simpósio que envolve tribos de vários países acontece de amanhã(5) até sexta(7) na Universidade de Waikato, em Hamilton, Nova Zelândia

 

Dois líderes da aldeia  Renascer Ywyty Guaçu, de Ubatuba, no Litoral Norte Paulista,  Thiago Tupã e Marcelo Kwaray, estão na Nova Zelândia. Eles participam amanhã de um simpósio na Universidade Waikato, uma das melhores instituições da Nova Zelândia que está entre as 300 melhores universidades do mundo,  segundo o ranking da World University .

A Nova Zelândia é um país arquipélago localizado no continente Oceania, a sudeste da Austrália. Chamada de Aotearoa na língua maori, é formada por centenas de ilhas banhadas pelo oceano Pacífico. O país conta com mais de 4,8 milhões de habitantes, os quais vivem em grandes centros urbanos, como Auckland, e na capital, Wellington.

Os dois guaranis, Thiago e Marcelo, embarcaram no dia 1º de junho e devem permanecer por mais alguns dias na Nova Zelândia. Os dois participam ainda de um intercâmbio cultural com indígenas Maori, daquele país, retribuindo visita que os maoris fizeram à Ubatuba em fevereiro deste ano. Eles estão em Mokau, uma pequena cidade na costa oeste da Ilha Norte da Nova Zelândia, localizada na foz do rio Mōkau, na baía de North Taranak.

“Estamos representando a aldeia Renascer no simpósio que reunirá as múltiplas conexões e linhas de trabalho r4alizadas pelos programas de excelência dos centros Ásia-Pacífico Te Hononga-a-Kiwa (Maori e Negócios Indígenas) e Te Rangitãmiro(Competência Global Indígena)”m contou Thiago ao Notícias das Praias, nesta terça-feira, dia 4.

O simpósio acontece de amanhã , dia 5 até o dia 7, no The Pã, Whare Wãnanga o Waikato, na Universidade de Waikato, em Hamilton, na Nova Zelândia.  No simpósio na universidade, os dois vão mostrar o trabalho que desenvolvem na aldeia de Ubatuba e conhecerem trabalho desenvolvido pelas aldeias de outros países.

Thiago contou que está alojado na Tribo Maniapoto, que os dois foram bem recebidos e que estão aproveitando para conhecer as práticas culturais do povo local. Eles devem ficar dois dias no local. Ele disse que a recepção tem sido das s melhores e que “sente a energia boa dos nossos ancestrais” .

Thiago, Marcelo e Hayden Sheedy e Muffy Sheedy em visita ao Kingi Tãwhiao/ Fotos: Thiago Tupã

“Estamos felizes pelo convite e pela oportunidade de mostrar nossa cultura e conviver e apreender a deles. Nosso povo sendo reconhecido pelos povos da Nova Zelândia para mostrar  nosso trabalho na defesa da nossa cultura e do meio ambiente. As práticas por aqui são as mesma . Vamos retornar fortalecido para continuar nosso trabalho pois estamos no caminho certo. Agradecemos nosso Deus “Nhanderu”, sem ele, não teríamos esse momento”, afirmou Thiago.

O  cacique Cristiano Kiririndju, coordenador de Políticas para os Povos Indígenas de São Paulo, quando da viagem dos dois líderes da aldeia Renascer para a Nova Zelândia,  comentou em suas redes sociais que ” é com grande orgulho que vemos nossos representantes levarem um pouco da nossa rica cultura para os indígenas daquele país em um intercâmbio cultural que promete ser transformador. Que essa jornada seja repleta de aprendizados, trocas significativas  e experiências enriquecedoras”.

Intercâmbio

Em fevereiro deste ano, representantes do povo indígena Māori, da Nova Zelândia, estiveram visitando a aldeia guarani Renascer Ywyty Guaçu, em Ubatuba, no Litoral Norte Paulista.

A visita ocorreu num fim de semana. Segundo Cristiano, foi um encontro enriquecedor, marcado pela troca profunda de saberes culturais entre essas duas comunidades distintas.

Durante esse intercâmbio, os Māori (Foto) compartilharam suas tradições ancestrais, ressaltando a importância da preservação da língua, danças rituais e a conexão intrínseca com a natureza.

Por sua vez, a comunidade da aldeia Renascer Ywyty Guaçu apresentou suas práticas culturais, destacando a relação harmoniosa com a terra, suas cerimônias sagradas e a preservação das tradições transmitidas de geração em geração.

“Essa troca não apenas fortaleceu os laços entre esses povos, mas também promoveu uma compreensão mais profunda e respeitosa das diversas culturas que coexistem em nosso mundo”, comentou, na ocasião,  Cristiano Kiririndju, atual coordenador de Políticas para os Povos Indígenas.

 

Maoris

 

Os Maoris são o povo indígena da Nova Zelândia, eles são Polinésios e compreendem cerca de 14 por cento da população do País. Maoritanga é o idioma nativo, que está relacionado ao Taitiano e o Havaiano.

 

Acredita-se que o Maori da Nova Zelândia migrou da Polinésia em canoas por volta do século 9 ao século 13 DC. Atualmente o povo maori totaliza 15% dos habitantes da Nova Zelândia, mas continua exercendo um fascínio incomum sobre os turistas que percorrem as ilhas do Pacífico.

 

A maior parte deles reside na Ilha Norte e apenas um quarto domina o idioma original. Em apenas alguns recantos maoris sua cultura é resguardada. A maioria deles pratica o ecoturismo, guiando turistas pelas florestas deste país.

 

Renascer

 

Encravada no litoral norte de São Paulo, dentro do Núcleo Picinguaba, em Ubatuba (um dos dez mais importantes do Parque Estadual da Serra do Mar), a Aldeia Renascer, tupi-guarani, concentra 20 famílias num total de 96 indígenas.

 

A aldeia é símbolo da luta dos povos indígenas por seus direitos e autonomia, e berço do Cacique Cristiano. A Renascer é uma das comunidades indígenas mais organizadas de São Paulo, entre as dezenas de etnias presentes no estado, coabitado por Tupis-Guaranis, Guaranis, Terena, Kaingang e Krenak, dentre outras.

 

 

A Aldeia possui uma escola indígena multilíngue, uma casa de reza e várias residências tradicionais para as famílias. Por iniciativa do CEPISP, a Fundação Florestal de São Paulo autorizou o credenciamento dos membros da aldeia para atuarem como “guardiões da Mata Atlântica”, com treinamento e apoio de drones e câmeras modernas.

 

A Aldeia Renascer conseguiu recursos, por meio de emenda parlamentar, para a construção de um Centro Cultural e de Convenções Indígenas em seu território, com direito a alojamento especial para turistas e estudantes.

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