Apesar da cidade ser uma das mais preferidas dos paulistanos, turistas criticam o excesso de ambulantes e comércios nas praias e a situação da “rodoviária municipal”, onde chegam de ônibus milhares de turistas nacionais e internacionais
Ubatuba é o destino preferido dos paulistanos quando o assunto é praia. A cidade foi considerada a melhor da região Sudeste pelo Instituto Datafolha, em pesquisa realizada para a 5ª edição do especial Viaja São Paulo, publicada nesta quarta-feira (29).
A “Capital do Surfe” ainda está entre os destinos com o melhor litoral do Brasil, dividindo a preferência de praias no país com o Nordeste.
Anualmente, o Instituto Datafolha realiza a pesquisa sobre os melhores destinos e serviços na percepção dos paulistanos de classes A e B que viajaram nos últimos 12 meses. Este ano, foram entrevistadas 1.008 pessoas com 16 anos ou mais para eleger os melhores serviços da capital em 40 categorias.
Neste ano, três cidades praianas ficaram tecnicamente empatadas, dentro na margem de erro da pesquisa: Ubatuba (6%), Fernando de Noronha (5%) e Maragogi (5%).
Além de suas belezas naturais e riqueza em biodiversidade, Ubatuba oferece diversas opções de entretenimento, que vão desde o ecoturismo a experiências gastronômicas e culturais. A cidade possuí mais de 100 praias e é uma das mais visitadas por turistas nacionais e internacionais no litoral norte paulista.
“Nosso objetivo é mostrar que Ubatuba é muito mais que sol e praia. Nosso turismo de Base Comunitária, somados a cenários incríveis para diversas práticas esportivas, opções de gastronomia e eventos que valorizam a cultura são um prato cheio para a vivência de experiências significativas, que atraem, envolvem e fidelizam o cliente”, afirmou o secretário de Turismo, Bruno Oliveira.
Críticas
Nem tudo é perfeito no turismo local. São inúmeras as reclamações de turistas nacionais e internacionais que chegam à cidade através de ônibus interestadual. Os ônibus usam a rodoviária da cidade, que é mal cuidada, escura e normalmente, apresenta banheiros sujos, para embarque ou desembarque dos passageiros.
Outras empresas, como a Útil, usa até postos de gasolina, também escuros e com banheiros inadequados e sujos. A prefeitura precisa melhorar a rodoviária e as empresas, evitar pararem em postos de gasolina a margem da Rio-Santos .
Na última sexta-feira, por exemplo, um grupo de turistas suecos, que viajava do Rio até Ubatuba, não se conformou com o desembarque na ” rodoviária” da cidade, durante o madrugada. O local estava escuro, com poucas opções para alimentação e descanso dos turistas.
Outro grupo de passageiros que seguia viagem em direção até Caraguatatuba e São Sebastião não se conformou com a parada programada que ocorreu em um posto de gasolina a beira da estrada para que pudessem “tomar um café”. O único banheiro do posto estava escuro e sujo. “Ubatuba recebe tantos turistas, merecia uma rodoviária mais adequada”, comentou uma das passageiras do ônibus.
Recentemente, o Ministério Público Federal, cobrou da prefeitura a redução no número de ambulantes e de comércios instalados nas praias da cidade. Em recomendação enviada à Prefeitura e à Câmara de Vereadores do município, o MPF pede que as regras sejam revistas de acordo com estudos que assegurem a preservação ambiental e a circulação do público nas faixas de areia.
Atualmente, a Prefeitura mantém 1,7 mil licenças em vigor para o comércio nas praias de Ubatuba. O número se refere a ambulantes e unidades do chamado comércio expansionista, constituído por carrinhos de empresas que vendem sorvetes, açaí, espetinhos e doces. O excesso de autorizações tem levado a situações críticas em alguns locais. A Praia Grande, por exemplo, tem 1,8 quilômetro de extensão e concentra 295 licenças, o que significa, em média, um vendedor a cada seis metros.
O resultado tem sido o acúmulo de lixo ao longo da orla e dificuldades para que a população possa desfrutar das praias livremente, conforme prevê a legislação. A poluição coloca em risco não só a faixa de areia, mas todo o meio ambiente do entorno. Ubatuba tem 53 quilômetros de praias inseridos na Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte. A região abrange áreas de Mata Atlântica e Zona Costeira, dois ecossistemas considerados patrimônio nacional pela Constituição Federal.
“O número total de autorizações concedidas para as atividades comerciais exercidas nas praias do município mostra-se exorbitante, irrazoável e abusivo, isso sem levar em conta os vendedores clandestinos. Tais licenças foram previstas sem nenhuma análise que levasse em conta o impacto cumulativo das atividades econômicas e a capacidade de suporte do ecossistema, o que demonstra a emergência de o poder público criar instrumentos de gestão e fiscalização efetivos”, ressaltou a procuradora da República Walquiria Imamura Picoli, autora da recomendação do MPF.