Navio da USP, que seria afundado na costa de Ilhabela, está sendo restaurado em Santos

Navio pertenceu a prefeitura de Ilhabela que pretendia afundá-lo no mar entre as ilhas de Búzios e Vitória para incrementar o turismo de mergulho; Instituto do Mar decidiu ficar com a embarcação e preservar a sua história, após restauração navio será aberto à visitação pública em Santos

 

O navio Professor Wladimir Besnard que foi utilizado durante 40 anos em pesquisas oceanográficas no Brasil e exterior não será mais desmontado e afundado na costa de Ilhabela. A embarcação está sendo restaurada e após sua reforma  ficará aberta à visitação pública no porto de Santos, segundo o instituto do Mar, atual proprietário do navio.

O navio que pertencia a Universidade de São Paulo(USP) foi “aposentado” em 2008 e doado para a Prefeitura de Ilhabela que pretendia afundá-lo em suas águas para transformá-lo em recife artificial e atrativo de turístico (mergulho de observação).

Em 2019, a prefeitura de Ilhabela decidiu doar o navio para o Instituto do Mar que pretendia transformar a embarcação em um museu flutuante ou num navio-escola. O tombamento do navio estava em análise pelo Condephaat.

Em julho do ano passado, a justiça havia determinado que Ilhabela desmontasse o navio por oferecer risco ambiental e não ter condições de navegabilidade, mas em novembro, o Ministério Público suspendeu as obrigações imposta à prefeitura de Ilhabela já que a administração tinha doado a embarcação para o Instituto do Mar.

 

Na ocasião, o prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci(PL), argumentava que o ideal seria o afundamento do navio. Segundo ele, a prefeitura teria encontrado muitas dificuldades para obter as licenças para realizar o afundamento antes de doar o navio para o Instituto do Mar.

 

Colucci entendia que o afundamento do navio que dependia de aprovação, seria entre as ilhas de Búzios e Vitória, em Ilhabela. Segundo ele, o afundamento criaria um local de interesse turístico (mergulho de observação) e seria importante para a vida marinha.

O custo estimado pelo município para afundar o navio seria de cerca de 2 milhões de reais, enquanto os custos para a total recuperação da embarcação poderiam atingir até 50 milhões de reais. Em 2020, a prefeitura de Ilhabela foi condenada a retirar a embarcação do local em condições ambientais adequadas.

O início do processo de análise do tombamento do navio Professor Wladimir Besnard junto ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico – CONDEPHAAT suspendeu o cumprimento da ordem judicial e, também, a possibilidade de desmantelamento da embarcação ou o seu afundamento em águas do litoral paulista.

O navio, atualmente, está sendo restaurado pelo Instituto do Mar. O trabalho foi dividido em três fases. Na primeira, foi feita a limpeza da embarcação,, mantendo-se a pintura original. Na segunda fase, o navio recebe uma nova pintura e, na terceira etapa, marcenaria e elétrica. O Instituto do Mar busca apoio de empresas para custear a restauração da embarcação. As empresas interessadas devem entrar em contato pelo e-mail imar@imar.org.br

Histórico

O navio Prof W. Besnard, que pertencia ao Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, foi comprado do estaleiro norueguês A/S Mjellen&Kerisen. Onavio foi lançado ao mar em 18 de agosto de 1966.

O navio, hoje, desativado, homenageia Wladimir Besnard, nascido em em São Petesburgo, na Rússia  em 1890, falecido em São Paulo, em 1960, que é considerado um dos cientistas mais importantes para a pesquisa oceanográfica brasileira.

 

Besnard era licenciado em Ciências Naturais, tendo especialização em Anatomia Comparada e Biologia Geral pelo Instituto de Anatomia Comparada de Moscou. Estudou nos Centros Universitários de Kiev e de Moscou.

 

Por ocasião da 1ª guerra mundial ele foi impedido de assumir suas funções como professor assistente na Estação Biológica de Villefranche Sur Mer,  na França e foi em 1923 que ele se consolidou como mestre e professor, sendo diretor do Departamento de Biologia Colégio Universitário Americano, em Constantinopla, onde permaneceu até 1927. Na França começou a se dedicar às pesquisas oceanográficas.

Em 1946, os professores Paulo Duarte, Paul Rivet e Louis Fage, apontaram seu nome para organizar e coordenar o Instituto Paulista de Oceanografia, hoje o Instituto Ocenaográfico da USP. Ele foi o responsável pela instalação da base oceanográfica em Cananéia, dirigiu uma expedição à Ilha de Trindade, além de ter divulgado e expandido o conhecimento oceanográfico e hidrológico pelo país e por instituições internacionais.

Besnard foi o primeiro diretor do Instituto Oceanográfico e as instalações precárias iniciais não impediram numerosas pesquisas lideradas por ele, tanto na área costeira quando em mar aberto.

 

Informações técnicas do navio

 

Navio – Prof. W. Besnard
Construção – 1967 (Vaagen)
Imo – 6715607
Call Sign –
Bandeira – Brasil
Registro – Santos
Gross – 548
Dwt –
Comprimento – 49,28

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