Cineasta de São Sebastião tem documentário premiado em festival de Cannes

Zoran Djordjevic fugiu da guerra na antiga Iugoslávia, hoje Sérvia, em 1999, primeiro morando em Caraguatatuba e depois, se fixando em definitivo em São Sebastião, como cineasta tem acumulado prêmios nacionais e internacionais com seus documentários, entre eles, “Marcos, Força de Vontade”, premiado no início desta semana em Cannes, na França

 

Por Salim Burihan

O cineasta sérvio Zoran Djordjevic, radicado em São Sebastião, no Litoral Norte Paulista, foi premiado no Festival Internacional de du Film Entre Deux Cannes 2024, em Cannes, na França, com o documentário “Marcos, Força de Vontade”, que retrata a vida do artista plástico José Marcos dos Santos, de 52 anos, que nasceu com paralisia cerebral e produz suas obras de arte usando apenas o pé esquerdo. 

O documentário foi premiado na categoria “Êtres Singuliers, Humanité Plurielle”(Seres Singulares, Humanidade Plural), com o prêmio The Public Prize (prêmio do público)“ George Lautner by Entre Deux…Cannes. O prêmio homenageia Georges Lautner que foi um cineasta e roteirista francês, falecido aos 87 anos em 2013, conhecido principalmente por suas comédias criadas em colaboração com o roteirista Michel Audiard.  

O filme de Zoran Djordjevic, de 93 minutos de duração, “MARCOS, Força de Vontade”, recebeu o prêmio do PÚBLICO “Georges Lautner”. Trata-se de um documentário time-lapse, aonde a câmera de Zoran acompanha Marcos Santos desde 1996, artista plástico que nasceu com paralisia cerebral. O filme registra a perseverança, o talento e a força de vontade infinita deste artista extraordinário, que faz tudo com o pé esquerdo. 

“Estamos muito agradecidos com a estreia do nosso filme no Festival Internacional du film ENTRE DEUX MARCHES, Cannes 2024. O documentário é um retrato de José Marcos dos Santos, rapaz negro de 52 anos, nascido em São José dos Campos. Ele é portador de paralisia infantil, que o deixou com deficiência física permanente. Marcos é impossibilitado de usar as mãos e têm outras limitações nas articulações, por isso pinta suas telas utilizando o pé esquerdo. Ele possui um grande talento para pintura, amor pela arte, inteligência e grandeza espiritual que superam todas as dificuldades, pois para ele, elas existem para serem superadas. Suas limitações físicas são vencidas por meio da arte”  destaca Zoran..

O filme tem direção, roteiro, edição de Zoran Djordjevic; produção da ZZ filmes, coprodução da  Dona Nina filmes e apoio da Fundação Cultural Cassiano Ricardo de São José dos campos e conta com a participação de Marcos Santos, artista plástico; de Marisa Rodrigues, sua esposa; e, dos filhos de Marcos, Ian Rodrigues dos Santos e Cauane Monique Rodrigues dos Santos.

“Em Cannes fizemos o lançamento mundial do filme. Na verdade, o filme já foi pré-lançado em São José dos Campos, com apoio financeiro do  Fundo Municipal de Cultura / Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Em São José foram feitas até agora 8 sessões. Agora estamos organizando o lançamento nacional, que vai começar em São José dos Campos e em São Paulo e a, participação em festivais nacionais e internacionais”, explica Zoran.

Zoran Djordjevic nasceu na antiga Iugoslávia, hoje Sérvia. Estudou faculdade de Cinema & Tv na FAMU em Praga, na República Tcheca. Pós-graduado no tema de filme documentário. Autor de vários documentários, vídeos institucionais e curtas. Trabalha como diretor de cinema, TV & teatro, roteirista, fotógrafo, diretor de fotografia (opera com todos formatos das câmeras de cinema & tv), editor de imagem & som, escritor e professor de fotografia, cinema & TV. Zoran reside no Brasil há mais de 25 anos e vive na cidade de São Sebastião, no litoral norte paulista. 

 

Projetos

“Close-up Saravá” é um documentário sobre racismo.


Atualmente, Zoran está trabalhando na pós-produção de três novos documentários. Todos produzidos na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Em São Sebastião, pelo Fundo Municipal, estou terminando um documentário, com tema ecológico, com participação de um caiçara, de praia Barequeçaba, o Gil Moura, que é voluntário e toma conta do ilhote Itassuçe, que é berçário dos pássaros Trinta-Réis. 

“Nosso filme é com vários pontos de exclamação.  É a última hora de mudar nossos hábitos. O planeta terra vai sempre existir, mas para salvar a humanidade, o próprio ser humano precisa mudar maneiras. O nome do filme é “Itassuçe, meu escritório”. Estreia do filme deve ocorrer em julho”, conta Zoran.

ilhote Itassuçe é berçário dos pássaros Trinta-Réis. 


Em Paraibuna, com a galera de lá, via edital da Lei Paulo Gustavo, está fazendo um documentário sobre João Rural. O nome do filme é “Retratos, João Rural”. “João era um jornalista e uma grande figura…. não sei como especificar profissão dele… era escritor, jornalista, repórter, grande fotógrafo, cinegrafista, cozinheiro, ambientalista… mas antes de tudo era um grande Caipira. Ele sabia tudo sobre o grande valor da terra caipira brasileira.  Estou tentando fazer um belo documentário sobre João, mas também, sobre Paraibuna, espírito Caipira, com cheiro de terra vermelha, fogão de lenha, música popular feita com grandes músicos da nossa Paraibuna, Eduardo Renno, Ronaldo Gonçalves, Dimas Soares”, detalha Zoran. A estreia do filme deve acontecer em junho, em Paraibuna.

“Close-up Saravá” é um projeto de um documentário sobre racismo. É financiado através da Lei Paulo Gustavo, pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo de São José dos Campos. Participam do filme mais de 50 testemunhas de diversas áreas, desde diretores do teatro, escritores, professores, até artistas da região, jongueiros, capoeiristas….” Será um filme cheio de emoções, mas também de beleza, ritmo e movimento que carrega as cores do sofrimento racial. Pretendo estrear em Outubro de 2024”, adianta Zoran.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *