Paraty inicia oficinas de artesanato e biojoias com resíduos de pesca

Uso de resíduos de pesca em artesanato e biojoias cresce em todo o país contribuindo para a geração de renda nas comunidades pesqueiras

 

A Prefeitura de Paraty, por meio da Secretaria Municipal de Pesca em parceria com a UERJ e a UNIMAR realizarão oficinas de artesanato e biojoias que acontecerão a partir de amanhã, dia 17, até o dia 19 de maio de 2024 na secretaria Municipal de Pesca, na base da UNIMAR, localizada na rua da Floresta, N° 46, Chácara da Saudade (Antigo Jair da Silva).

 

Será ofertada uma capacitação de 3 (três) dias, ensinando a arte da confecção de bijuterias com o aproveitamento de resíduos da pesca para produção de artesanatos e biojoias, fomentando a economia local de forma sustentável. Inscrições foram feitas na secretaria de Pesca das 9h às 12h e, também, por e-mail unimarparaty@gmail.com ou por formulário online.

 

A iniciativa está sendo promovida pela prefeitura em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro e a Unimar. O objetivo é ensinar a arte de bijuterias e artesanatos com os resíduos da pesca, ajudar na economia local e promover ações sustentáveis.

 

Aproveitamento de resíduos de pesca

 

Uma das opções é o uso de escamas de peixe. Segundo um artigo de autoria de Juliana Maria Aderaldo Vidal-Campello, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, as políticas públicas pesqueiras no Brasil caminham lentamente na direção ao desenvolvimento. Cada período por que passou trouxe a sua própria solução, que diversas vezes se mostraram equivocada e excluinte do ponto de vista dos principais envolvidos – os pescadores.

 

Juliana explicou que especificamente quanto ao projeto de uso de escamas de peixe em artesanato e biojoias,  escamas foram colhidas na comunidade com o objetivo de realizar oficinas de capacitação em produção de peças artesanais( Em alguns estados, as escamas são beneficiadas e transformadas em colares, brincos e flores artificiais). Depois de ter sido lavado em água corrente, o material passou por filtração e secagem para fazer flores denominadas peças-base. Uma técnica de beneficiamento de resíduos pesqueiros surge como alternativa para reduzir o impacto negativo causado pelo depósito desse tipo de lixo em lixões, aterros sanitários, margens de açúcar e ambientes impróprios. As escamas, avaliadas como produto de alta qualidade e durabilidade, contribuindo para a geração de renda e equidade das comunidades envolvidas, fortalecem a pesca artesanal.

Escama de peixe

Cristina Maria Ribeiro Lauteman transforma escamas de peixe e conchas em flores

No Espírito Santo, cerca de 12 mil artesãos fazem parte do cadastramento único dos artesãos do Brasil, ou seja, estão devidamente registrados no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB). No entanto, segundo a vice-presidente da Federação das Associações dos Artesãos do Espírito Santo (Feartes) e presidente da Confederação Brasileira dos Artesãos, (Conart), Maria das Graças Reis Costa, aproximadamente 40 mil pessoas trabalham com artesanato no Estado sem registro. O trabalho realizado movimenta cerca de R$ 2 bilhões, por ano, na economia do Espírito Santo.

 

Uma das artesãs devidamente registradas e que contribui com a economia do Estado é Cristina Maria Ribeiro Lauteman. O trabalho da artesã, de 67 anos, moradora do município de Anchieta, no litoral sul do Espírito Santo, é transformar escamas de peixe e conchas em flores. O produto, que provavelmente seria descartado por não ter serventia para muitas pessoas, virou fonte de renda para ela, que manda seu trabalho para todo o Brasil e até o para o mercado externo.



Só para ter uma ideia, em oito meses de trabalho, Cristina Lauteman produziu cerca de 5.200 dúzias de flores de escama de peixe para uma grande loja. Isso representa 62.400 flores, que utilizaram 62.400 hastes e 62.400 miolos da flor, além de 561.600 pétalas cortadas uma a uma — todo o processo produtivo é realizado artesanalmente.


Segundo a artesã, o trabalho dela começou a ficar conhecido nas feiras de comercialização apoiadas pelo Governo do Espírito Santo, por meio da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo do estado (Aderes). “As feiras de comercialização são eventos realizados para apoiar os pequenos empreendedores e, nesse espaço, a gente leva os nossos produtos. E isso é fundamental para nossa divulgação e vendas. Além disso, a gente também participa de feiras em outros estados e isso nos proporciona mais visibilidade ainda”, afirmou Cristina Lauteman.

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