Praia de Tarituba, sedia a primeira etapa do circuito de canoa caiçara de Paraty(RJ)

 A corrida de canoa caiçara é tradicional no município

Acontece neste sábado, dia 4, a abertura do III Circuito de Canoa Caiçara de Paraty, na costa sul fluminense. O circuito terá três etapas, a primeira delas, hoje, na praia de Tarituba; a segunda, dia 29 de junho na Ilha do Araujo; e, a terceira, dia 22 de setembro, no Corumbê.

 

Segundo a prefeitura, as inscrições podem ser feitas no local. As categorias serão solo e dupla masculino e feminino. Esse evento é uma realização da Prefeitura de Paraty, por meio da Secretaria Municipal de Esportes, em parceria com as comunidades de Tarituba, Ilha do Araújo e Corumbê.  

 

Canoa caiçara 

 

O uso da canoa como meio de transporte é algo que faz parte da rotina dos moradores da cidade de Paraty e seus arredores. “A canoa para os caiçaras é como o metrô para os trabalhadores dos grandes centros”, comparou Almir Tã, pescador e artista plástico, que destacou que a canoa caiçara é um bem cultural imaterial brasileiro em entrevista ao Mapa da Cultura da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro.    

 

O termo caiçara, de origem tupi-guarani, era usado para denominar as estacas feitas de galhos de árvores que os índios fincavam na água para cercar os peixes. Com o tempo, a palavra passou a designar as comunidades do litoral dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Apesar de sua grande extensão, há elementos culturais e sociais comuns em todo o território caiçara. A canoa, esculpida em troncos de madeira nativa, é um dos elementos fundamentais da identidade e do modo de vida caiçara. 

  

“Além de ser essencial para o transporte, sobretudo para quem mora em uma ilha, ela é o elemento de conexão mais perfeito entre o pescador e a pesca”, diz o pescador e artista plástico Almir Tã. Mestre Vitor, da praia de Trindade, um dos que preservam esses saberes e fazeres em Trindade explica: “Tenho muito carinho pelas canoas. Os amigos brincam comigo dizendo que qualquer dia desses eu vou levar a canoa para dormir na cama e a mulher para dormir na praia”, ri o pescador, que diz que aprendeu a fazer canoa sozinho. 

 

“A canoa é muito importante para os caiçaras por conta de uma questão de identidade mesmo, de ser caiçara. A canoa tem tudo a ver. Está fortemente relacionado. Não tem como você definir o caiçara sem a canoa, sem remar”, conforme depoimento dado por Carolina Barbosa, caiçara da praia do Ubatumirim, Ubatuba, no artigo O mar e o caiçara: a corrida de canoas como jogo tradicional e fortalecimento identitário.

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