São Sebastião discute embarque de cargas vivas pelo porto da cidade; pesquisa aponta que 84% dos brasileiros se posiciona contra exportação de animais vivos

Pesquisa aponta que 84% dos brasileiros não concorda com a exportação de animais vivos para abate;  59% dos entrevistados não tinham conhecimento de que os animais explorados no Brasil para consumo eram exportados vivos para abate em outros países.

 

A Câmara Municipal de São Sebastião promove, nesta sexta-feira (12/04), uma Audiência Pública para debater o embarque de animais vivos pelo Porto de São Sebastião e o bem-estar animal. O evento vai acontecer, a partir de 18hs, no Plenário do Legislativo.

Foram convidados diversas autoridades e ambientalistas que irão discorrer os motivos pelos quais são a favor e contra essa operação portuária na cidade. No dia 6 de maio, um projeto de lei de autoria do presidente da Câmara Municipal, Marcos Fuly (DEM), proibindo a exportação de cargas vivas pelo porto sebastianense será colocado em discussão.

No ano passado foram exportados por São Sebastião mais de 200 mil animais vivos. O porto sebastianense é um dos poucos no país a realizar a exportação de animais vivos para o exterior, além de São Sebastião, as exportações são feitas pelos portos de Rio Grande (RS), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA).

Os animais embarcados no porto sebastianense tem como destino à Turquia, que posteriormente, distribui os animais para outros países como Egito, Iraque, Palestina, Argélia, Emirados Árabes, Jordânia, Líbano, Irã e Marrocos. As entidades ambientalistas contrárias ao embarque de cargas vivas consideram a atividade cruel e estressante para os animais, além de prejudicar a atividade turística no município.

O embarque de animais vivos pelo Porto de São Sebastião vem sendo questionado  já há alguns anos e foi intensificado em 2023, após o acidente envolvendo uma carreta de gado que tombou, na madrugada de 5 de agosto de 2023, na Rodovia Manoel Hyppolito do Rego (SP-55), no trecho da ‘Serrinha da Enseada’, na Costa Norte de São Sebastião.

Na oportunidade, o trânsito no local ficou prejudicado por mais de 14 horas. A carreta estava com 96 bois, sete animais morreram, um precisou ser sacrificado e outros três escaparam, sendo recapturados em seguida. A partir daí,  cresceu o movimento contrário a exportação de animais vivos por São Sebastião. Comerciantes, moradores e turistas também reclamam do forte mau cheiro exalado por causa das fezes dos bois que escorrem das carretas para as ruas.

O ambientalista João Carlos Pereira Júnior, argumenta que além da crueldade, a cidade de São Sebastião não é beneficiada pela exportação de animais vivos.   Segundo ele, a cidade não lucra um centavo com a atividade, mas as empresas faturam 7 mil euros por cada animal exportado pelo porto, conforme informações de representantes da empresa Minerva, uma das maiores exportadoras de carga viva do país.

 

Em São Sebastião, existe um abaixo assinado com cerca de 5 mil assinaturas contra a exportação de cargas vivas pelo porto local. Uma pesquisa da Ipsos encomendada pela Mercy For Animals, contatou que 59% das pessoas entrevistadas afirmaram que, antes da pesquisa, não tinham conhecimento de que os animais explorados no Brasil para consumo eram exportados vivos para abate em outros países.

Além disso, 84% afirmou concordar, totalmente ou em parte, que a exportação de animais vivos para abate deve ser proibida. Segundo a Mercy For Animals, esses dados reforçam duas questões importantes: a conscientização é fundamental para conquistar mudanças significativas pelos animais e, que existe um forte apoio do público para que essa atividade seja proibida no país. 

Informações da  Mercy For Animals, retratam uma triste realidade brasileira: o país é o maior exportador de bois vivos da América Latina; o país é o segundo maior exportador de bois vivos por via marítima do mundo; o país é o segundo maior fornecedor de bois vivos do Oriente Médio; e, o país é o maior fornecedor de animais vivos do Norte da África.

 

Audiência Pública

 

O evento terá transmissão também pela internet, nas plataformas da Câmara Municipal no Facebook e Youtube. São os seguintes os palestrantes convidados da Audiência Pública: Pelas ONGs – Organizações Não Governamentais: George Sturaro – Gerente de Investigações da Mercy for Animals no Brasil;  Vânia Nunes – médica veterinária, pós-graduada em bem-estar animal e saúde pública; e,  Letícia Filpi – advogada, atua na área de Direito dos Animais

Pelas autoridades e empresários do setor foram convidados: Alexandre Ernesto Corrêa Sampaio – presidente da Companhia Docas de São Sebastião; Ricardo Barbosa – presidente da ABREAV – Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos; e,  Celso Maurício Padredi Martani – graduado em Medicina Veterinária pela UNIP – Universidade Paulista.

 

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