Prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci(PL), pagou R$ 4,5 milhões pelas três embarcações em 2015, mas aquabus permaneceram sem uso por 9 anos; agora, com embarcações recuperadas e licitação concluída, aquabus devem iniciar operação na ilha
Adquiridas em 2015 pelo prefeito Toninho Colucci, por R$ 4,5 milhões, as três embarcações conhecidas como aquabus, devem finalmente entrar em operação no transporte aquaviário em Ilhabela, no Litoral Norte Paulista. Duas embarcações, recuperadas, retornaram à água na última sexta-feira, dia 5, após ficarem mais de seis anos paradas em uma garagem náutica de Caraguatatuba.
Colucci esteve na sexta-feira, dia 5, na Marina Juqueriquerê, em Caraguatatuba, onde as embarcações se encontram há pelo menos seis anos para conferir a liberação de duas delas após a manutenção realizada na marina. A prefeitura não informou quanto gastou para recuperar as três embarcações. A terceira embarcação deverá ser colocada na água dentro de dez dias, segundo informou o prefeito, através das redes sociais.
Colucci chegou a divulgar no final do ano a possibilidade das embarcações entrarem em operação ainda durante a temporada de verão 2023/24, mas isso não ocorreu. Segundo anunciou Colucci, na ocasião, inicialmente, dois Aquabus iriam fazer o trajeto entre os píeres da Barra Velha, Perequê, Engenho D’Água e ponto final na Vila – Centro Histórico da cidade. Segundo consta, o projeto foi adiado devido a necessidade de recuperar as embarcações, que estavam deterioradas e a reforma e construção de piers para atracação dos aquabus.
O prefeito Colucci explicou que assinou duas ordens de serviço. Uma para a reforma das embarcações e outra, para que a mesma empresa opere o sistema na ilha. A empresa vencedora teria sido a Vilhena Navegação, de Belém, do Pará, que tem experiência em serviços de manutenção e opera travessia de balsas.
Em janeiro deste ano, procuramos a Vilhena, para saber o valor do contrato assinado com a prefeitura para recuperar as três embarcações e também para operar o sistema. A empresa informou apenas que todas as informações solicitadas deveriam ser obtidas com a prefeitura de Ilhabela.
Em 10 de janeiro deste ano, a prefeitura informou que o processo de certificação das embarcações ainda estava em andamento. Estas certificações são entregues pela Marinha do Brasil, logo após passar por uma sequência de vistorias específicas. Ainda não havia uma data exata para o início do funcionamento das embarcações, pois as embarcações ainda estavam em reforma na Marina Juqueriquerê, em Caraguatatuba.
Na última sexta-feira, dia 5, duas das embarcações, recuperadas e reformadas pela Vilhena Navegação, deixaram a marina. As embarcações foram colocadas no rio Juqueriquerê de deveria seguir em direção até Ilhabela. A terceira embarcação ainda deve demorar dez dias para ficar pronta e seguir até Ilhabela.
As embarcações têm capacidade para aproximadamente 60 passageiros, dispondo de sistema de ar-condicionado e TVs de tela plana. Para a navegação, os Aquabus contam com motores modernos e sistema de GPS. O valor inicial da passagem está previsto para ser igual ao do transporte urbano. A Prefeitura pretende oferecer um serviço integrado aos ônibus da cidade por meio do Bilhete Único.
Colucci chegou a conceder os nomes de caiçaras que trabalharam na travessia de balsa entre São Sebastião e Ilhabela às embarcações que serão utilizadas no transporte aquaviário: as duas primeiras embarcações a entrar em operação são denominadas “Elpídio Sampaio” e “Edgar Lúcio”; a terceira, recebeu o nome “Zé de Alicio”.
Projeto aquaviário
A história dos aquabus da ilha é antiga e gerou muita polêmica. Colucci comprou as três embarcações em 2015 com a ideia de iniciar um transporte aquaviário municipal na ilha. Colucci chegou a divulgar o projeto, mas os barcos permaneceram atracados sem entrar em operação. Na época, o TC( Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) questionou as licitações para compra de flutuantes e o Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo apontou falta de acessibilidade nas embarcações e nos atracadouros que a prefeitura pretendia construir.
Em 2018, o ex-prefeito Márcio Tenório contratou uma marina em Caraguatatuba para deixar as embarcações. A administração pagava R$ 30 mil mensais para deixar os três barcos atracados na Marina Juqueriquerê, em Caraguatatuba. Fora da prefeitura, Colucci alegava, na época, que os aquabus não eram utilizados por se tratar de um projeto de iniciativa sua, ou seja, politicagem. A administração justificava que sem acessibilidade e piers não havia como iniciar o transporte aquaviário na ilha.
Com o tempo, as embarcações, sem uso, acabaram se deteriorando. Ao reassumir a prefeitura, em 2021, Colucci, deu início a retomada do projeto. Através de um acordo judicial, conseguiu reduzir em 50% a dívida com a marina de Caraguatatuba e com a opção de usar a marina para recuperar as embarcações.
No final do ano passado, o prefeito Colucci informou que tinha assinado duas ordens de serviço. Uma para a reforma das embarcações e outra, para que a mesma empresa possa operar o sistema aquaviário na ilha. Extraoficialmente, uma fonte na Câmara Municipal informou que a prefeitura iria investir R$ 22 milhões na reforma e na operação das três embarcações.
Pedimos informações à Prefeitura, mas não recebemos retorno sobre as licitações feitas para a reforma das embarcações e para operar o sistema aquaviário na ilha. A prefeitura tem informado sobre a construção e recuperação dos píers que serão utilizados no transporte marítimo municipal.
No sul, os píeres do Cabaraú e da Praia Grande foram entregues em 2023 totalmente revitalizados. Também seguem recebendo melhorias os píeres do Portinho, no Sul; do Engenho D’Água, no Centro; e da Ponta Azeda e da Armação, ao norte. Até o fim deste ano, as praias do Curral e do Veloso, no sul da ilha, também devem receber novas instalações.