Vídeo: tubarões-martelo são novamente flagrados em Alcatrazes na costa sul de São Sebastião

Moradores de Ilhabela avistam mais de 40 tubarões durante mergulho no Arquipélago de Alcatrazes no domingo passado, dia 17.  As imagens são de Octávio Campos Salles.

 

O ICMBio Alcatrazes divulgou nesta quarta-feira (20) as imagens de mais de 40 tubarões-martelo avistados por um grupo de moradores de Ilhabela enquanto praticavam mergulho livre no Arquipélago de Alcatrazes, um santuário ecológico que fica na costa sul de São Sebastião.

 

O registro aconteceu no último domingo (17) pelos visitantes que foram ao local através de uma operadora de passeio e estavam acompanhados por dois monitores do ICMBio – Instituto Chico Mendes da Biodiversidade, responsável pela gestão da Estação Ecológica Tupinambás e Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes.

Confira:

 

Florence Suzuki, designer de 37 anos, estava entre o grupo de 15 amigos, formado por velejadores, surfistas e mergulhadores de Ilhabela. “O nosso objetivo era um mergulho livre, mas ao cairmos na água ficamos surpresos com a quantidade de vida marinha. O que tornou mais incrível o passei foi o avistamento do cardume de tubarões-martelo”, contou.

 

 

Para a Chefe do ICMBio Alcatrazes, Thais Rodrigues, o aparecimento de cardumes de espécies de tubarões é um importante indicativo de eficiência na proteção dos ambientes marinhos de Alcatrazes, uma vez que estes animais ocupam a posição de topo da cadeia alimentar.

 

“Para que estas espécies ocorram em determinados locais, todo o ambiente precisa estar em equilíbrio e abundância de outros peixes, que os servem de alimentos. Esse aumento expressivo destas espécies no arquipélago se deve ao fortalecimento das estratégias de fiscalização do ICMBio Alcatrazes no local, com consequente redução da pesca. Isso nos mostra que estas estratégias vêm sendo efetivas para a conservação e proteção da biodiversidade marinha das unidades presentes no Arquipélago de Alcatrazes”, explicou.

 

Tubarões

 

Sete espécies de tubarão já foram registradas no arquipélago de Alcatrazes, desde o fim do ano passado. Os tubarões são espécies topo de cadeia e não haviam sido registrados em Alcatrazes pela ciência até o ano passado, segundo um  levantamento foi feito pelos integrantes do projeto Mar de Alcatrazes que conta com apoio da Petrobrás. O projeto “Efeitos iniciais da expansão e aplicação de uma reserva marinha subtropical sobre espécies ameaçadas de tubarões” é desenvolvido pelos pesquisadores Fábio Motta, Fernanda Rolim, Ana Clara Athayde, Maisha Gragnolati RafaelMunhoz, Luiza Chelotti, Nauther Andres, Guilherme Pereira e Otto Gadig.

 

 

 

Os pesquisadores constataram que ecossistemas equilibrados beneficiam predadores meso e de topo, que ajudam a manter a qualidade do habitat. Assim, a presença de tubarões pode ser considerada um indicador de saúde ambiental. Os pesquisadores usaram vídeos estéreo subaquáticos remotos com isca (BRUVs) foram para avaliar a abundância relativa de tubarões no Arquipélago de Alcatrazes, após uma importante expansão da zona de proibição de captura de 12 para 675 km2 com a criação do Refúgio de Vida Selvagem e reforço da fiscalização.

 

Segundo os pesquisadores, foram registradas no arquipélago de Alcatrazes sete espécies de tubarões: Squalus cf. albi-caudus(tubarão galhudo-malhado), Carcharias taurus(tubarão-mangona ou tubarão-touro), Carcharhinus plumbeus (Tubarão Galhudo ou Tubarão-cinzento ), Carcharhinus falciformis(tubarão-seda’,), Rhizoprionodon porosus( cação-frango), Sphyrna lewini( tubarão-martelo) e Sphyrna zygaena(tubarão-martelo-liso).

 

 

 

Os pesquisadores argumentam que o aumento de avistamentos de tubarões, sugerem um efeito positivo recente da zona de proibição de captura para estes predadores e um ecossistema mais saudável. Os resultados também mostram que a monitorização a longo prazo e a aplicação eficaz do Refúgio de Vida Selvagem de Alcatrazes são cruciais para manter e potenciar os efeitos positivos na área. Dada a importância ecológica dos tubarões na estruturação das comunidades marinhas e na garantia da saúde dos oceanos, eles estão entre os grupos de vertebrados mais ameaçados de extinção no planeta.

 

Segundo a ICMBio Alcatrazes a presença deles indica que a área está sendo usada para alimentação e crescimento de sete espécies, sendo seis delas ameaçadas de extinção, cumprindo um dos principais objetivos do Refúgio de Alcatrazes, que é servir de refúgio para espécies ameaçadas, local fundamental para que essas tenham condições de reprodução contribuindo para o equilíbrio desses ambientes, tão fundamental para manutenção da vida nessas águas.

 

No final do ano passado,  por exemplo, uma equipe do ICMBio Alcatrazes filmou a presença de vários tubarões-martelo, que podem medir entre 1 até 6 metros de comprimento e pesar de 3 a 500 kg. Sua principal característica consiste na cabeça em forma de T, semelhante à um martelo, na qual seus olhos encontram-se espaçados em cada uma das extremidades.

 

O ICMBio Alcatrazes fez um agradecimento à sociedade que lutou pela criação do Refúgio de Alcatrazes, às equipes e parceiros que trabalham incansavelmente para a proteção do arquipélago e aos pesquisadores que por meio da ciência geram conhecimento para subsidiar a conservação.

 

Refúgio de Alcatrazes

 

O Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes (Refúgio de Alcatrazes), criado em 2016, é uma unidade de conservação (UC) federal administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

 

O Refúgio de Alcatrazes fica no litoral norte do estado de São Paulo, no município de São Sebastião, e abriga mais de 1300 espécies, 100 delas sofrem ameaça de serem extintas. Possui também o maior ninhal de Fragatas (Fregata magnificens) do Atlântico Sul e é área de alimentação, reprodução e descanso para mais de 10 mil aves marinhas.

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