Milene Domingues, embaixadora do Corinthians: “futebol feminino vive grande momento no Brasil”

Futebol feminino mostra evolução técnica, bate recorde de público, ocupa cada vez mais espaço na tv e nas redes sociais e tem salários e premiações crescendo a cada ano.  Foto capa: Milene Domingues, embaixadora do Corinthians Paulista e Cris Gambaré, diretora de futebol com as medalhas e a taça da supercopa 2024

 

Milene Domingues, ex-mulher de Ronaldo Fenômeno, comentarista esportiva, ex-jogadora profissional de futebol feminino e embaixadora do atual time feminino do Corinthians Paulista, que no domingo passado, dia 18, conquistou a Supercopa Feminina 2024, faz um balanço do atual momento do futebol feminino no brasileiro.

Milene jogou profissionalmente até 2009; hoje, é embaixadora do futebol feminino do Corinthians Paulista

Milene parou de jogar profissionalmente em 2009. Ele jogou no Corinthians Paulista de 1995 até 1998 e defendeu a Seleção Brasileira em 2003. Teve uma brilhante carreira no exterior jogando pelo A.S.D. Fiamma Monza (Itália), Rayo Vallecano, A.D. Torrejón e C.F. Pozuelo Féminas (Espanha). Atualmente, ainda joga futebol defendendo o Clube Hebraica, da capital paulista. 

Curtindo férias na praia do Guaecá, na costa sul de São Sebastião, junto com o namorado André Luiz, que atuou na lateral esquerda do São Paulo, do Corinthians, Santos e PSG (Paris Santi-Germain) e da seleção brasileira, Milene tem comparecido ao Mangue, espaço esportivo na praia central de Caraguatatuba, para aulas de futevôlei com o professor Marinho Ferreira. Na sexta-feira(23), após o treino, ela conversou com o NP

Milene treinando no Mangue em Caraguatatuba, futevôlei é um hobby.

Qual é a diferença entre o futebol feminino de hoje e quando você começou? 

Houve um salto gigantesco de evolução, não só no sentido de jogo, de entendimento de jogo, de técnica, de tática…Hoje, as atletas treinam todos os dias, a profissão delas é o futebol e podem viver da atividade…São jogadoras melhores preparadas desde cedo e isso proporciona um nível de jogo muito melhor. Hoje, existe mais reconhecimento, as as atletas são mais respeitadas…ainda falta bastante, não é a realidade de todos os times, mas já melhorou bastante…

Em termos salariais, por exemplo, houve grandes mudanças?

Muita mudança…No período em que joguei a gente tinha apenas ajuda de custo…Treinava-mos apenas três vezes por semana…Tinha-mos todas uma segunda profissão…a academia não era bem vista, hoje, é excencial para todos os atletas…Evoluiu em todos os níveis…Entre eles, os salários. O futebol feminino, atualmente, gera mais dinheiro. A profissão das atletas hoje é jogar futebol.  Hoje, os salários ultrapassam R$ 70 mil incluindo patrocínios…Tem jogadoras brasileiras ganhando em euro e dólar… 

Jogar no exterior é importante?

Na minha época não mudava nada em termos salariais, mas era muito importante culturalmente. A Liga Americana oferecia melhores salários, mas nos demais clubes da Europa nem sempre era assim…Hoje em dia, os salários são muito mais vantajosos e tem também a questão física, as jogadoras americanas e europeias são muito fortes fisicamente, é um jogo muito mais físico…É importante ter essa experiência e, principalmente, pela questão cultural. Hoje em dia muitas delas estão retornando para jogar o campeonato paulista e o brasileiro, que estão ficando cada vez mais competitivos…

Como os clubes, por exemplo, como o Corinthians, estão tratando o futebol feminino?

Estão dando mais condições, melhores centros de treinamento, de fisiologia, de fisioterapia, nutricional, academia…No Corinthians, por exemplo, o time feminino treina no mesmo espaço do time da base, Isso tem refletido dentro de campo… 

É o melhor time do Brasil, o Corinthians…

Atualmente, é o time a ser batido, mas que pode assistir a final da Supercopa contra o Cruzeiro pode assistir um nível de futebol espetacular, aberto para as duas equipes…O Cruzeiro teve boas chances…O Corinthians colhe os frutos do trabalho bem feito profissionalmente, incluindo a gestão, a direção, o técnico e as jogadoras…  

Estádios sempre cheios, partidas ao vivo na TV…

Trata-se de uma mudança cultural…A mulher nunca foi vista muito bem no esporte em geral, hoje, estamos mudando isso…Hoje, uma menina jogar futebol é visto com naturalidade, antigamente, não era assim…  

Seleção?

Acho que ainda estamos em construção de uma seleção ideal e vencedora…No passado tínhamos ótimas atletas, Marta, Formiga, Sissi, Cristiane, Tânia Maranhão, mas faltou apoio e infraestrutura…     

A Fifa inicia visitas a estádios da Copa de 2026, inclusive, no Brasil. Temos condições de sediar o mundial feminino?

Nós temos condições e capacidade para sediar uma copa. Se isso ocorrer, o futebol feminino poderá crescer ainda mais em todos os sentidos…Teremos mais investimentos, mais visibilidade, mais incentivos…

Futevôlei é um hobby?

É um hobby, minha grande paixão sempre foi o futebol…Aos 45 anos, jogar futebol é um grande risco, pois enfrento jogadoras bem mais jovens o risco de lesão ocorre…Tenho quatro cirurgias no joelho…O futevôlei acaba sendo uma válvula de escape…Tô me movimentando, tocando na bola, na praia, vitamina D, um bronzeado…(dá risada…), mas nada profissional, apenas esporte e diversão… 

Milene, no Mangue, em Caraguatatuba, treinando futevôlei com o professor Marinho Ferreira

 

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