Caravelas-portuguesas começam a aparecer no litoral paulista; conheça as espécies e veja como se proteger

 

As caravelas portuguesas já estariam sendo vistas no mar do litoral paulista. Na última quinta-feira, dia 18, Esta semana, centenas delas foram avistadas no mar a cerca de 3 quilômetros de uma praia de Bertioga, no litoral paulista. O fotógrafo Rafael Ferreira fez imagens mostrando centenas de caravelas.   

 

Ele flagrou a presença das caravelas durante um passeio de jet ski entre as praias de Guaratuba e Itaguaré, em Bertioga. Segundo ele, eram muitas caravelas(Foto). Ferreira contou que alertou a prefeitura da cidade sobre a presença das águas vivas.

 

Segundo o GBMar(Grupamento de Bombeiros Marítimos), especializado em atividades aquáticas, que desenvolve trabalhos visando a prevenção dos banhistas, bem como realizar buscas, salvamento, e resgate em toda orla marítima do litoral paulista, não existe ainda nenhum registro de banhista ferido por caravela portuguesas nas praias do estado de São Paulo.

 

As caravelas-portuguesas pertencem ao mesmo grupo das águas-vivas. Elas têm esse nome “caravela-portuguesa” porque são impulsionadas pelos ventos. Vivem em alto mar e nesta época do ano, durante o verão, procuram as águas mais quentes para se reproduzirem. 

 

Tradicionalmente confundidas com águas-vivas, este tipo de caravela oferece grande risco, seja na areia ou na água do mar. O contato com a caravela libera uma toxina que, além de queimaduras, pode causar arritmia cardíaca.

 

Deve-se evitar qualquer contato com esses animais na areia ou na água, mesmo que estejam mortos. A caravela difere da água-viva, que é transparente, apresenta um tom azulado e róseo e tentáculos.

Banhista deve evitar contato inclusive quando animal estiver na areia da praia

 

No verão passado, exemplares de caravela portuguesa (Physalia physalis), uma espécie de água viva, começaram a aparecer em praias do litoral paulista, justamente a partir do dia 18 de janeiro quando foram avistadas nas praias do Julião, em Ilhabela e na praia Ocian, em Praia Grande.  

 

 

Segundo orientações do GBMar(Grupamento de Bombeiros Marítimos) do Litoral Paulista, ” ao deparar com uma caravela portuguesa, o banhista não tocar nela, deve se afastar e, caso seja atingido por ela, deve jogar água do mar ou vinagre no local atingido, nunca jogar água doce”. 

 

Guia

 

Após realizar um estudo sobre as ocorrências envolvendo esses animais no litoral gaúcho entre 2017 e 2019, ocorreram mais de 250 mil acidentes envolvendo esses animais, de acordo com dados fornecidos  pelo Corpo de Bombeiros, pesquisadores do Instituto de Oceanografia (IO) da FURG (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), em conjunto com professores da Unesp-Botucatu e Centro de Biologia Marinha, da USP(Universidade de São Paulo, em São Sebastião, criaram e 2022 um guia “Guia Sobre Mães-d’água e Caravelas”.

 

O guia, se mantém atual, com uma linguagem acessível, busca traduzir questões científicas envolvendo a biologia desses animais ao público leigo. O material de divulgação é direcionado a toda a população que usa as praias, bem como aos salva-vidas que são diretamente afetados quando esses animais geram surtos de acidentes em banhistas. Segundo o professor Renato Nagata, a caravela-portuguesa não é um animal agressivo, essas incidências, segundo ele, são resultado da presença do animal nessa época do ano, que acabam tendo muito contato com os banhistas.

 

Ainda, segundo o professor, o possível aumento de incidentes pode ser atribuído a fatores de degradação dos oceanos, como o aumento da poluição, da pesca predatória e expansão das áreas com baixa concentração de oxigênio, que matam os predadores naturais das águas-vivas, como tartarugas e peixes. Além disso, o aumento da temperatura nos oceanos, em decorrência das mudanças climáticas, tende a favorecer a reprodução desses organismos. * Com informações de Fernando Halal, publicadas no site da FURG, em janeiro de 2022. 

 

Conheça o guia sobre caravelas:

Conheça as espécies, saiba o que FAZER e o que NÃO FAZER se houver acidentes

O que são as mães-d’água?

Águas-vivas ou mães-d’água são cnidários e têm formato de guarda chuva ou prato. Seu corpo é transparente e parece gelatina, pois 95% é formado por água. São conhecidas mais de 2000 espécies, mas a maioria é pequena e inofensiva. Porém, cerca de 70 são maiores e peçonhentas, causando as popularmente chamadas “queimaduras” na pele.

CAUSAM QUEIMADURAS?

Não existem queimaduras (os bichos são frios!). O que arde é a ação de venenos. Quando tocamos estes animais, eles
disparam numerosas microcápsulas chamadas “nematocistos” que possuem arpões venenosos, que estão especialmente nos tentáculos. Esses arpões penetram nossa pele e injetam as toxinas, o que causa a imediata sensação de dor, além de marcas na pele.

 

Olindias sambaquiensis

 

Tamanho máx.: 10cm;
Toxicidade: Intoxicações moderadas;
Abundância: frequente no verão
A principal causadora causadora de acidentes acidentes no Estado, Estado, que deixam dolorosas marcas vermelhas. Complicações como alergias são raras. Possui inúmeros inúmeros tentáculos tentáculos finos alaranjados  ou lilases lilases saindo de sua borda. Suas gônadas gônadas alaranjadas alaranjadas formam um “X” no centro
do animal.

Physalia physalis (caravela portuguesa)

Tamanho máx.: 20cm (flutuador) 30m (tentáculos);
Toxicidade: Intoxicações podem ser graves;
Abundância: rara porém encalhes massivos podem ocorrer

Não é uma água-viva, mas também é um cnidário. Possui um flutuador roxo-azulado com formato de bexiga e tentáculos
muito longos. É mais comum no nordeste e sudeste do Brasil, porém há grandes encalhes no verão, em praias do Rio Grande do Sul. Suas lesões causam linhas vermelhas bem características.

Tamoya haplonema

Tamanho máx.: 20 cm;
Toxicidade: Intoxicações podem ser graves;
Abundância: rara
Seu corpo tem o formato formato de um copo alongado. alongado. A espécie espécie é facilmente facilmente  reconhecida por esse formato formato e também por ter apenas 4 tentáculos tentáculos grossos grossos que saem da sua borda. É mais comum em regiões regiões do nordeste nordeste e sudeste sudeste do Brasil, Brasil, onde pode causar
envenenamentos com consequências mais sérias.

Chrysaora lactea

Tamanho máx.: 20 cm;
Toxicidade: Intoxicações leves a moderadas;
Abundância: comum no início do verão

É mais comum em Santa Catarina e no Uruguai, mas ocorre eventualmente no litoral gaúcho. Pode ter coloração diversa, rosada, roxa, leitosa ou com polígonos vermelhos. Possui longos e finos tentáculos saindo de sua borda e extensões foliáceas saindo do centro do seu corpo.

Ainda segundo o guia, nem todas as mães-d’água são perigosas.  A maior parte delas que apareceram encalhadas no Rio Grande do Sul eram inofensivas. Entre elas, a Lychnorhiza lucerna, que  pode aparecer em enormes encalhes e possui bordas com pontas triangulares que podem ser roxas-azuladas. A ausência de tentáculos na borda do animal a diferencia das espécies que são realmente tóxicas. E, a Rhacostoma atlanticum, que vive mais em alto mar.

 

Veja como proceder em caso de acidente com água-viva: 

-SAIA imediatamente do mar;

-LAVE o local com água do mar para remover ao máximo os tentáculos aderidos. PREVINA NOVAS INOCULAÇÕES – Não esfregue o local com toalhas ou areia. Procure desativar os nematocistos banhando a região com vinagre por alguns minutos

-PREVINA A DOR – use água do mar gelada ou gelo artificial envoltas por panos, mas nunca use gelo diretamente, urina ou água doce.

-DIFERENCIE UM CASO DE ALERGIA – Se a pessoa apresentar espirros, roncos, chiado no pulmão e dificuldade para respirar pode estar tendo uma reação alérgica. Esta pode ser muito grave e até causar a morte em casos de choque anafilático ou quando as vias aéreas são obstruídas no edema de glote. Fique atento a outros sintomas como lesões na pele longe do local atingido, desorientação e inconsciência. Nesses casos, ligue imediatamente para 192/193.

Produção do guia: 
Texto: Renato M. Nagata, Vidal Haddad Junior
Fotos: Alvaro E. Migotto, Guilherme M. Montfort, Vidal Haddad Junior,
Renato M. Nagata, Jefferson Ecco, Maria Cristina Oddone, Thiago P. C.
Ribeiro, Talles L. Vitória, André C. Morandini, Bruno Bastos e André Colling.
Diagramação: Marcelo A. Rodrigues
Ilustração: Douglas Rodrigues

Acesse:

Um_guia_sobre_mes-dgua_e_caravelas_do_litoral_gacho

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