Segundo ICMBio Alcatrazes, espécies de tubarões não eram avistadas no arquipélago até o ano passado. Tubarões procuram arquipélago para alimentação e reprodução
Sete espécies de tubarão já foram registradas no arquipélago de Alcatrazes, um refúgio ecológico situado na costa sul de São Sebastião, no litoral norte paulista. Alcatrazes fica a 35 quilômetros do centro de São Sebastião e a 15 quilômetros de Barra do Una. Os tubarões são espécies topo de cadeia e não haviam sido registrados em Alcatrazes pela ciência até o ano passado.
O levantamento foi feito pelos integrantes do projeto Mar de Alcatrazes que conta com apoio da Petrobrás. O projeto “Efeitos iniciais da expansão e aplicação de uma reserva marinha subtropical sobre espécies ameaçadas de tubarões” é desenvolvido pelos pesquisadores Fábio Motta, Fernanda Rolim, Ana Clara Athayde, Maisha Gragnolati RafaelMunhoz, Luiza Chelotti, Nauther Andres, Guilherme Pereira e Otto Gadig.
Os pesquisadores constataram que ecossistemas equilibrados beneficiam predadores meso e de topo, que ajudam a manter a qualidade do habitat. Assim, a presença de tubarões pode ser considerada um indicador de saúde ambiental. Os pesquisadores usaram vídeos estéreo subaquáticos remotos com isca (BRUVs) foram para avaliar a abundância relativa de tubarões no Arquipélago de Alcatrazes, após uma importante expansão da zona de proibição de captura de 12 para 675 km2 com a criação do Refúgio de Vida Selvagem e reforço da fiscalização.
Segundo os pesquisadores, foram registradas no arquipélago de Alcatrazes sete espécies de tubarões: Squalus cf. albi-caudus(tubarão galhudo-malhado), Carcharias taurus(tubarão-mangona ou tubarão-touro), Carcharhinus plumbeus (Tubarão Galhudo ou Tubarão-cinzento ), Carcharhinus falciformis(tubarão-seda’,), Rhizoprionodon porosus( cação-frango), Sphyrna lewini( tubarão-martelo) e Sphyrna zygaena(tubarão-martelo-liso).
Os pesquisadores argumentam que o aumento de avistamentos de tubarões, sugerem um efeito positivo recente da zona de proibição de captura para estes predadores e um ecossistema mais saudável. Os resultados também mostram que a monitorização a longo prazo e a aplicação eficaz do Refúgio de Vida Selvagem de Alcatrazes são cruciais para manter e potenciar os efeitos positivos na área. Dada a importância ecológica dos tubarões na estruturação das comunidades marinhas e na garantia da saúde dos oceanos, eles estão entre os grupos de vertebrados mais ameaçados de extinção no planeta.
Segundo a ICMBio Alcatrazes a presença deles indica que a área está sendo usada para alimentação e crescimento de sete espécies, sendo seis delas ameaçadas de extinção, cumprindo um dos principais objetivos do Refúgio de Alcatrazes, que é servir de refúgio para espécies ameaçadas, local fundamental para que essas tenham condições de reprodução contribuindo para o equilíbrio desses ambientes, tão fundamental para manutenção da vida nessas águas.
No final de dezembro, por exemplo, uma equipe do ICMBio Alcatrazes filmou a presença de vários tubarões-martelo, que podem medir entre 1 até 6 metros de comprimento e pesar de 3 a 500 kg. Sua principal característica consiste na cabeça em forma de T, semelhante à um martelo, na qual seus olhos encontram-se espaçados em cada uma das extremidades.
O ICMBio Alcatrazes fez um agradecimento à sociedade que lutou pela criação do Refúgio de Alcatrazes, às equipes e parceiros que trabalham incansavelmente para a proteção do arquipélago e aos pesquisadores que por meio da ciência geram conhecimento para subsidiar a conservação.
Refúgio de Alcatrazes
O Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes (Refúgio de Alcatrazes), criado em 2016, é uma unidade de conservação (UC) federal administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O Refúgio de Alcatrazes fica no litoral norte do estado de São Paulo, no município de São Sebastião, e abriga mais de 1300 espécies, 100 delas sofrem ameaça de serem extintas. Possui também o maior ninhal de Fragatas (Fregata magnificens) do Atlântico Sul e é área de alimentação, reprodução e descanso para mais de 10 mil aves marinhas.
Nas águas de Alcatrazes está a maior quantidade de peixes do Sudeste do Brasil, das mais variadas formas e cores, que lá encontram o ambiente ideal para reprodução e crescimento.
A visitação pública ao Refúgio de Alcatrazes pode ser realizada somente com empresas e condutores autorizados pelo ICMBio.
Coral sol
Nos dias 10 e 11 de janeiro, o Projeto Mar de Alcatrazes monitorou fatores abióticos no Refúgio de Alcatrazes e na Estação Ecológica Tupinambás, com a coordenação de Áurea Ciotti, chefe do Monitoramento de Abióticos do Laboratório Aquarela do CEBIMar-USP.
Em campo, a equipe realizou atividades como lançamento com o CTD para medições de temperatura e salinidade, uso do Disco de Secchi para estimar a transparência da água e radiometria para analisar a qualidade espectral das águas no arquipélago. As ações foram conduzidas pela equipe de campo Camila Lira, Aline Barbosa e Ana Laura Tribst.
Além disso, a equipe do ICMBio Alcatrazes realizou o manejo de coral sol, retirando 346 kg de coral com o apoio de voluntários, e atividades de fiscalização com o suporte de um representante da Polícia Federal.
A equipe ICMBio Alcatrazes expressou sua gratidão ao apoio e espaço cedido pela equipe do Monitoramento de Fatores Abióticos e à embarcação Mola Mola.