Sete espécies de tubarões são avistadas em Alcatrazes; arquipélago não registrava presença de tubarões até o ano passado

Segundo ICMBio Alcatrazes, espécies de tubarões não eram avistadas no arquipélago até o ano passado. Tubarões  procuram arquipélago para alimentação e reprodução 

 

Tubarão-martelo registrado em dezembro em Alcatrazes

 

Sete espécies de tubarão já foram registradas no arquipélago de Alcatrazes, um refúgio ecológico situado na costa sul de São Sebastião, no litoral norte paulista. Alcatrazes fica a 35 quilômetros do centro de São Sebastião e a 15 quilômetros de Barra do Una. Os tubarões são espécies topo de cadeia e não haviam sido registrados em Alcatrazes pela ciência até o ano passado.

 

O levantamento foi feito pelos integrantes do projeto Mar de Alcatrazes que conta com apoio da Petrobrás. O projeto “Efeitos iniciais da expansão e aplicação de uma reserva marinha subtropical sobre espécies ameaçadas de tubarões” é desenvolvido pelos pesquisadores Fábio Motta, Fernanda Rolim, Ana Clara Athayde, Maisha Gragnolati RafaelMunhoz, Luiza Chelotti, Nauther Andres, Guilherme Pereira e Otto Gadig.

 

Os pesquisadores constataram que ecossistemas equilibrados beneficiam predadores meso e de topo, que ajudam a manter a qualidade do habitat. Assim, a presença de tubarões pode ser considerada um indicador de saúde ambiental. Os pesquisadores usaram vídeos estéreo subaquáticos remotos com isca (BRUVs) foram para avaliar a abundância relativa de tubarões no Arquipélago de Alcatrazes, após uma importante expansão da zona de proibição de captura de 12 para 675 km2 com a criação do Refúgio de Vida Selvagem e reforço da fiscalização.

 

Segundo os pesquisadores, foram registradas no arquipélago de Alcatrazes sete espécies de tubarões: Squalus cf. albi-caudus(tubarão galhudo-malhado), Carcharias taurus(tubarão-mangona ou tubarão-touro), Carcharhinus plumbeus (Tubarão Galhudo ou Tubarão-cinzento ), Carcharhinus falciformis(tubarão-seda’,), Rhizoprionodon porosus( cação-frango), Sphyrna lewini( tubarão-martelo) e Sphyrna zygaena(tubarão-martelo-liso).

 

Os pesquisadores argumentam que o aumento de avistamentos de tubarões, sugerem um efeito positivo recente da zona de proibição de captura para estes predadores e um ecossistema mais saudável. Os resultados também mostram que a monitorização a longo prazo e a aplicação eficaz do Refúgio de Vida Selvagem de Alcatrazes são cruciais para manter e potenciar os efeitos positivos na área. Dada a importância ecológica dos tubarões na estruturação das comunidades marinhas e na garantia da saúde dos oceanos, eles estão entre os grupos de vertebrados mais ameaçados de extinção no planeta.

 

Segundo a ICMBio Alcatrazes a presença deles indica que a área está sendo usada para alimentação e crescimento de sete espécies, sendo seis delas ameaçadas de extinção, cumprindo um dos principais objetivos do Refúgio de Alcatrazes, que é servir de refúgio para espécies ameaçadas, local fundamental para que essas tenham condições de reprodução contribuindo para o equilíbrio desses ambientes, tão fundamental para manutenção da vida nessas águas.

 

No final de dezembro, por exemplo, uma equipe do ICMBio Alcatrazes filmou a presença de vários tubarões-martelo, que podem medir entre 1 até 6 metros de comprimento e pesar de 3 a 500 kg. Sua principal característica consiste na cabeça em forma de T, semelhante à um martelo, na qual seus olhos encontram-se espaçados em cada uma das extremidades. 

 

 

O ICMBio Alcatrazes fez um agradecimento à sociedade que lutou pela criação do Refúgio de Alcatrazes, às equipes e parceiros que trabalham incansavelmente para a proteção do arquipélago e aos pesquisadores que por meio da ciência geram conhecimento para subsidiar a conservação.

 

Refúgio de Alcatrazes

 

O Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes (Refúgio de Alcatrazes), criado em 2016, é uma unidade de conservação (UC) federal administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 

 

O Refúgio de Alcatrazes fica no litoral norte do estado de São Paulo, no município de São Sebastião, e abriga mais de 1300 espécies, 100 delas sofrem ameaça de serem extintas. Possui também o maior ninhal de Fragatas (Fregata magnificens) do Atlântico Sul e é área de alimentação, reprodução e descanso para mais de 10 mil aves marinhas.

 

Nas águas de Alcatrazes está a maior quantidade de peixes do Sudeste do Brasil, das mais variadas formas e cores, que lá encontram o ambiente ideal para reprodução e crescimento.

 

A visitação pública ao Refúgio de Alcatrazes pode ser realizada somente com empresas e condutores autorizados pelo ICMBio. 

Coral sol

 

Equipe e a retirada do coral sol. Foto: ICMBio Alcatrazes

 

Nos dias 10 e 11 de janeiro, o Projeto Mar de Alcatrazes monitorou fatores abióticos no Refúgio de Alcatrazes e na Estação Ecológica Tupinambás, com a coordenação de Áurea Ciotti, chefe do Monitoramento de Abióticos do Laboratório Aquarela do CEBIMar-USP.

Em campo, a equipe realizou atividades como lançamento com o CTD para medições de temperatura e salinidade, uso do Disco de Secchi para estimar a transparência da água e radiometria para analisar a qualidade espectral das águas no arquipélago. As ações foram conduzidas pela equipe de campo Camila Lira, Aline Barbosa e Ana Laura Tribst.

Além disso, a equipe do ICMBio Alcatrazes realizou o manejo de coral sol, retirando 346 kg de coral com o apoio de voluntários, e atividades de fiscalização com o suporte de um representante da Polícia Federal.

A equipe ICMBio Alcatrazes expressou sua gratidão ao apoio e espaço cedido pela equipe do Monitoramento de Fatores Abióticos e à embarcação Mola Mola.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *